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Zeca Pagodinho e a transformação pela música
Publicado em 21/08/2018

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Fomos conhecer o instituto que o cantor mantém em Xerém, na Baixada Fluminense, onde ele dá formação musical (e em várias outras áreas) a crianças da região

Por Roberto de Oliveira, de Duque de Caxias (RJ)

Cercado de árvores, rios e sons de pássaros, Xerém, distrito do município de Duque de Caxias (RJ), é, segundo seu habitante mais ilustre, um pedaço do paraíso. Esse morador é Zeca Pagodinho, dono de um mítico sítio por lá e, também, do Instituto Zeca Pagodinho, que ele fundou há quase 20 anos para dar aulas gratuitas de música a crianças e adolescentes da região.

A ideia surgiu porque Zeca se sensibilizou com uma situação corriqueira no meio musical: quando viu alguns colegas perderem oportunidades por não saberem ler partituras. As aulas começaram em 1999, e, hoje, 120 crianças e adolescentes frequentam a instituição três vezes por semana e recebem aulas de canto coral, teatro, iniciação artística, musicalização infantil, prática de conjunto, de orquestra e instrumentos específicos.

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Thiago Gomes, de 13 anos, toca marimba, violão e instrumentos de percussão e, também, lê partitura. Tudo isso aprendeu nos três anos em que frequenta o instituto. “Tem criança com menos de 1 ano em uma das turmas. E não há limite de idade. Geralmente, os alunos só saem daqui para prestar o vestibular”, conta Louiz Carlos da Silva, filho de Zeca Pagodinho e um dos coordenadores da instituição.

Uma aluna tem aula de violoncelo no Instituto Zeca Pagodinho. Foto: Elisa Eisenlohr

Para administrar o IZP, Louiz conta com a parceria da empresária Leninha Brandão. Parte da verba que mantém as contas em dia vem dos contratos e shows que Zeca Pagodinho fecha, mas o coordenador diz que já se estão pensando formas de tornar o lugar mais sustentável e independente. Uma das frentes de ação são, por exemplo, campanhas para arrecadar doações de instrumentos musicais, alimentos e quantias em dinheiro. A busca por editais de financiamento e ações como a de Apadrinhamento Cultural também está entre as estratégias do centro.

Pai de Zeca foi o primeiro coordenador

Louiz é um dos quatro filhos de Zeca. Tem 29 anos e passou a infância e o início da adolescência em Xerém. Foi lá que ele recebeu as primeiras aulas de música, com uma professora particular de piano. Com o tempo, Zeca incorporou os amigos da rua à brincadeira, e todo mundo passou a ter aulas de música. Ali começava a se materializar o sonho do cantor, pois até a professora de piano se envolveu e ajudou a estruturar as primeiras aulas.

Alguns dos muitos instrumentos usados nos cursos. Foto: Elisa Eisenlohr

O sítio com campo de futebol, salas de música, laboratório de informática e um consultório dentário para atender aos alunos e, quando há vagas, a parentes deles, era de propriedade do pai de Zeca, Jessé, que foi o primeiro coordenador do instituto.

“Mesmo com uma idade avançada, meu avô não queria parar de trabalhar no Centro do Rio, e meu pai, preocupado com a saúde dele e sem tempo para cuidar do instituto, resolveu contratar meu avô, que passou a trabalhar do lado de casa”, conta Louiz, mostrando o grafite pintado no muro do lugar em homenagem a Jessé, morto há três anos.

Parcerias

Como o objetivo é criar oportunidades para as crianças se tornarem boas cidadãs, o instituto se preocupa em ir além da formação de músicos profissionais. Por isso, oferece outros cursos, como, por exemplo, língua inglesa ou informática, patrocinados pela prefeitura de Duque de Caxias por meio da Fundação de Apoio à Implementação de Políticas Públicas – FUNDEC.

Louiz Carlos, filho de Zeca Pagodinho e administrador do centro. Foto: Elisa Eisenlohr

A outra parceria é com o projeto Bem Me Quer Paquetá, que há seis anos leva para Xerém sua metodologia no ensino musical. “No início do ano, é feito um plano que consiste em criar um musical. Ao longo dos 10 meses do curso, todos se envolvem não só com a parte musical, mas também com cenografia, coreografia e tudo o que for necessário para o espetáculo acontecer”, diz Louiz, convidando para a próxima apresentação do projeto, prevista para o dia 14 de outubro, no Sesc Duque de Caxias (Rua. General Argolo 47, Jardim 25 de Agosto).

As aulas são às segundas, terças e quintas-feiras, e cada aluno pode fazer os cursos que quiser. Não há exigência de comprovação de vulnerabilidade social para se matricular, como acontece na maioria dos projetos, apenas é preciso ter vaga e querer aprender música. 


 

 



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