Chico Buarque, Maria Rita e Anaadi levam metade dos prêmios em língua portuguesa em noite que consagra o uruguaio Jorge Drexler e premia a potente estreia mundial da espanhola Rosalía
Por Alessandro Soler, de Madri
Fotos de Renata Araújo (ao lado, Anaadi, durante a premiação)
Aos 25 anos, a espanhola Rosalía acaba de lançar “El Mal Querer”, seu segundo disco (primeiro mundial e amparado por uma grande gravadora) e uma potente mistura de flamenco, trap e outros gêneros urbanos que vêm varrendo o planeta. Mas seu principal single, “Malamente”, já teve coroação prévia — e por aclamação. Ela, o mexicano Luis Miguel, o porto-riquenho Victor Manuelle e a argentina Claudia Montero, além do nosso Chico Buarque, associado da UBC, foram os artistas que saíram do auditório do MGM Grand Arena, em Las Vegas, na noite desta quinta-feira, com duas estatuetas do Grammy Latino cada. Na frente deles, apenas o grande consagrado: o uruguaio Jorge Drexler, premiado três vezes, com canção do ano e gravação (“Telefonía”) e álbum de cantor-compositor (“Salvavidas de Hielo”).
Em ano com surpreendente número de indicações de brasileiros aos prêmios “principais”, nos quais concorriam com os artistas de fala hispana, Drexler colocou definitivamente seu nome na história da música e, ao agradecer, fez um carinho em artistas de origem portuguesa e brasileira. “Que viva a Ibero-América, que viva a música ibero-americana, que viva Borges, que viva Pessoa, que viva a cumbia, que viva o reggaeton, tudo. Vamos em frente.”
Maria Rita nos bastidores do prêmio
Brasileiro mais premiado, Chico levou os troféus de melhor álbum de música popular brasileira (“Caravanas”) e melhor canção em língua portuguesa (“As Caravanas”). Outra associada da UBC, a gaúcha Anaadi, cujo excelente disco independente “Noturno” foi indicado em quatro categorias — entre elas canção do ano, vencida por Drexler —, levou melhor álbum de pop contemporâneo em língua portuguesa.
Em seu discurso, um dos mais contundentes da noite, criticou duramente o presidente eleito, Jair Bolsonaro, e exaltou a música independente.“O Brasil agora está sofrendo uma ameaça neofascista de um governo novo. Espero que a gente possa continuar sendo independente para fazer cultura, arte, música independente nesse país que tanto precisa de identidade, que tanto precisa reforçar sua identidade neste momento histórico.”
A também associada Maria Rita ficou com o troféu de melhor álbum de samba/pagode em língua portuguesa.
Já na noite da última terça-feira, Erasmo Carlos (foto), vencedor do Prêmio UBC este ano, foi o único brasileiro entre os homenageados com o troféu pelo conjunto da obra outorgado anualmente pelo Grammy Latino. Parabéns a todos!
Confira todos os vencedores das categorias em língua portuguesa:
Melhor Álbum Cristão em Língua Portuguesa - “Som Da Minha Vida"” Fernanda Brum
Melhor Álbum de Raízes em Língua Portuguesa - “+AR”, Almir Sater & Renato Teixeira
Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa - “Noturno”, Anaadi
Melhor Álbum de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa: “Lenine Em Trânsito”, Lenine
Melhor Álbum de Música Popular Brasileira - “Caravanas”, Chico Buarque
Melhor Álbum de Música Sertaneja - “Elas em Evidências”, Chitãozinho & Xororó
Melhor Álbum de Samba/Pagode em Língua Portuguesa - “Amor e Música”, Maria Rita
Melhor Canção em Língua Portuguesa - “As Caravanas”, Chico Buarque
E, na página oficial do Grammy Latino em português, veja a lista completa de premiados da noite.
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