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Aumenta a música, o filme vai começar
Publicado em 17/11/2018

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Músicos e cantores brasileiros protagonizam chuva de lançamentos de cinebiografias e documentários musicais

Por Kamille Viola, do Rio

Foto de Anitta (durante coletiva de imprensa): Alexandre Schneider

Música e cinema sempre andaram lado a lado, desde os tempos do cinema mudo: já naquela época os filmes contavam com trilha, executada ao vivo. A trilha sonora é um elemento muito importante, que ajuda a transmitir emoções desejadas pela narrativa. Quando um artista da música se torna o personagem retratado na tela, então, esse casamento tem muitas chances de dar certo. São inúmeros os exemplos de cinebiografias e documentários musicais de sucesso. No Brasil, um país tão rico musicalmente, isso não poderia ser diferente, e o ano de 2018, particularmente, tem sido rico para os filmes sobre música por aqui.

A Netflix estreou ontem “Vai Anitta”, documentário em seis episódios sobre os bastidores da construção do projeto “Checkmate” (em que lançou clipes/singles com participações especiais de artistas estrangeiros), com shows, viagens, interação com fãs e vida pessoal da cantora. “É uma apresentação do que rola na minha carreira e desse projeto, que foi o principal para a minha carreira internacional”, contou ela em coletiva de imprensa nesta segunda (12), em São Paulo. “Vocês vão acompanhar todo o processo e descobrir por que eu me separei. Não estabeleci nenhum limite para o câmera, não escondi nada. Eu respeitava só o limite das outras pessoas. Só aparecia quem queria aparecer. O Thiago (Magalhães, ex-marido) não concordou no começo, mas depois ele se acostumou com a ideia”, ela garantiu.

VEJA MAIS: O trailer de “Vai Anitta”

Anitta ainda revelou que suspendeu as gravações por três ou quatro meses, por estar passando por um período depressivo, e que o assunto será abordado na atração. “A gente teve um gap de quando gravou “Checkmate”, faz um ano isso, e a gente tinha, sim, uma previsão de lançar antes. Acontece que nesse meio tempo eu tive uma crise de depressão muito grande, e a gente tem um vácuo nesse momento, que foi o momento em que eu não conseguia gravar, não conseguia ter câmera, então a série levou um tempo para ser colocada por conta disso”, diz ela, que anunciou que haverá uma segunda temporada.

Dona Onete em cena: "as histórias ficam guardadas"

Depois de se ver no documentário “Dona Onete: Flor da Lua”, de Vladimir Cunha, que foi exibido no Festival In-Edit Brasil e no Canal Brasil, e deu origem a um DVD, a cantora Dona Onete ficou feliz com o registro, que combina números musicais com sua difícil trajetória — apesar de compor há muitos anos, ela só começou a cantar depois de se libertar de um relacionamento abusivo de 25 anos. “A música, às vezes, passa, e as pessoas vão entrando no esquecimento. Nos documentários, as histórias ficam guardadas. Um dia eu vou desse mundo para outro que eu não sei como é, e o filme vai ficar. A pessoa se foi, mas você vê ela cantando, dançando”, comenta a paraense. “Ficou bonito, não tem sensacionalismo. Na época, não existia empoderamento. A gente lutava pela nossa liberdade sozinha. Quando me separei, depois de 25 anos casada, cuidando de filhos e lecionando, não sabia o que ia acontecer. Saí completamente tonta”, lembra.

De fato, muitas vezes um filme musical ajuda a resgatar a obra de um artista esquecido. Foi o que aconteceu com Wilson Simonal (1938-2000). Depois de amargar anos no ostracismo, ele teve sua história contada no documentário “Simonal — Ninguém Sabe o Duro que Dei”, de 2009, dirigido por Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal, que mostrou como um dos artistas mais famosos do Brasil foi relegado ao esquecimento ao ser tachado de informante do regime militar. Ao questionar o julgamento (e condenação sumária) de Simonal, que até o fim da vida tentava provar sua inocência diante da acusação, o longa apresentou o artista para as novas gerações, que não sabiam de sua importância. Agora, a vida do cantor virou um filme de ficção.

Os atores Ísis Valverde e Fabrício Boliveira em "Simonal". Foto de Paprica Fotografia

“Simonal”, de Leonardo Domingues, que traz Fabrício Boliveira no papel do artista, estreia em setembro de 2019, mas foi exibido (e ovacionado) em festivais como o de Gramado e o do Rio. No longa, Ísis Valverde é Tereza Pugliesi, mulher do cantor, e Leandro Hassum é Carlos Imperial, que ajudou a projetar Simonal. Simoninha e Max de Castro, filhos do cantor, são os produtores. “Essa história fala para hoje também, toca em palavras muito delicadas, que estão sendo repetidas hoje, e a gente parece que esqueceu do significado delas, como ditadura, como fake news, como delação, como racismo. É muito importante a gente enxergar e entender isso que aconteceu em 70, em 80, entender o perigo dessas palavras, esse medo que está alastrado no meio de nós”, comentou Boliveira ao G1 na sessão de gala do Festival do Rio, no dia 9 de outubro, no Cine Odeon, Centro da capital fluminense.

VEJA MAIS: Trecho do filme “Simonal”

Diferentemente do documentário, no entanto, a cinebiografia se concentra numa história que mostra a ascensão do artista, que, com origem pobre, se tornou um das personalidades negras mais bem-sucedidas do Brasil. “De certa forma, todo mundo tem um pouquinho de Simonal dentro de si, ainda mais hoje nestes tempos de radicalismos, é interessante ver a história do Simonal e ter algum aprendizado com isso”, comentou Simoninha.

Em cartaz, “Legalize Já — A Amizade Nunca Morre” estreou em 18 de outubro e conta a história do Planet Hemp antes da fama. Dirigido por Gustavo Bonafé e Johnny Araújo, o longa se passa no Rio de Janeiro dos anos 90 e está focado em dois amigos: Marcelo (Renato Góes), camelô vendedor de camisas de banda, e Luís Antônio, o Skunk (Ícaro Silva), que vende fitas cassete com seleções musicais (hoje chamadas mixtapes) e sonha viver de música. Juntos, por insistência de Skunk, eles formam o Planet Hemp, mas o artista morre de Aids, em 1994, pouco antes de a banda estourar. Menos de um ano depois, o Planet lançaria seu primeiro álbum, “Usuário”, que recebeu disco de ouro. Uma das faixas era “Legalize Já”.

Cena do documentário "Legalize Já", sobre o Planet Hemp

D2 já contou em diversas entrevistas que ele se sente vivendo o sonho de outra pessoa, no caso Skunk, já que ele próprio não tinha grandes pretensões. “Quando a coisa estava dando certo, o cara morreu. Parece que a gente... que merda, acabou, o sonho foi por água abaixo. Quando ele morreu, minha vontade era sumir também, morrer também. Tudo que eu estava acreditando nos dois últimos anos acabou. Depois eu vi que não, mas no momento ali foi foda”, conta ele em um registro dos bastidores do filme.

VEJA MAIS: O trailer de “Legalize Já”

Também em cartaz nos cinemas, “My Name is Now, Elza Soares”, de Elizabete Martins Campos, estreou em sete capitais no dia 1º de novembro. Com um formato que foge ao do documentário tradicional, o filme recria a vida da artista, marcada por tragédias e altos e baixos na carreira, por meio de entrevistas de Elza a um espelho imaginário e números musicais com a cantora interpretado canções que ficaram famosas na sua voz.

 

 


 

 



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