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Luiz Caldas: 74 discos em sete anos
Publicado em 20/02/2019

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Lançando um novo álbum por mês, o pai da axé music homenageia diversos estilos musicais e faz de tudo: produz, canta, compõe e toca todos (TODOS) os instrumentos

Por Luciano Matos, de Salvador

Aos 55 anos, Luiz Caldas poderia se contentar com a fama, com o título amplamente repetido de pai da axé music e com viver apenas em torno dos inúmeros sucessos que emplacou em seus 40 anos de carreira. O cantor, compositor e multi-instrumentista baiano, no entanto, há anos vem se dedicando a lançar um disco inédito por mês, produzindo e tocando tudo e sem se prender a estilos musicais ou se preocupar com imposições do mercado. O tempo passou, a axé music já entrou e saiu da moda, passou por uma crise, outros ritmos ficaram em evidência, mas Caldas segue impávido, produzindo de forma independente e da forma que deseja.

Nascido em Feira de Santana (BA), o artista começou a tocar muito cedo. Ainda criança, fazia apresentações com uma banda mirim em cidades do interior baiano. Na adolescência, integrou grupos de baile, quando aprendeu a tocar diversos instrumentos e a encarar repertórios com sucessos dos mais diversos estilos. Na sequência, recebeu um convite para tocar no Trio Elétrico Tapajós, um dos principais da época. Não demorou para vir a primeira gravação, a música “Oxumalá”, que fez parte do LP “Ave Caetano do Tapajós”, lançado em 1979. Não parou mais. 

Criou a banda Acordes Verdes, que contava com Carlinhos Brown entre seus integrantes e com a qual circulou bastante e gravou discos, até encarar a carreira solo e lançar o primeiro trabalho com seu nome, em 1985. O álbum “Magia” fez enorme sucesso, alavancado pelo sucesso de “Fricote”, que colocou Luiz Caldas entre os nomes mais populares do Brasil daquele período. Vendeu milhões de discos, bateu recorde de vendas e emplacou diversos sucessos na sequência, “Haja Amor”, “O Que Essa Nega Quer?”, “Tieta”, entre outros.

"Não existe uma regravação nesse projeto. Esta é uma palavra proibida no meu estúdio."

Luiz Caldas

Apesar de há algum tempo não estar nos holofotes nem frequentar as paradas de sucesso, ele continua na ativa, sem se importar muito com as regras e lógicas do mercado ou em vender muitos discos. “Já passei por todo esse processo de gravadoras, de tocar na rádio. Foi prazeroso para mim naquela época, participei de tudo isso, mas não sou saudosista, por que a música pulsa em mim, e eu quero sempre estar fazendo algo diferente”, resume o associado da UBC desde 1987. 

Uma amostra dos álbuns lançados nestes últimos anos — todos publicados em seu site — prova que ele tem mesmo feito diferente. Em janeiro passado, soltou um de eletrônica. Em 2018, lançou álbuns de samba, de música instrumental andina, de rock, de forró, de reggae e até um infantil, com vários estilos musicais, como ciranda e baião: “A proposta é colocar no mercado um tipo de música que tem sido pouco gravado, como valsa e bolero, por exemplo. São estilos de músicas maravilhosas, que, por não serem comerciais, são deixados de lado pela grande máquina.”

A ideia do projeto começou em 2010, quando deu início à saga, lançando dez discos de estilos diferentes. Em 2013, retomou o ritmo e não parou mais. Somando os discos mensais com 17 outros que lançou anteriormente, desde os anos 80, chega-se a um total de 99 álbuns, que vai superar os 100 já nos próximos meses. Seu mais recente trabalho é “Respeito é Bom, e Eu Gosto”, no qual traz sua visão sobre a intolerância em que crê que o Brasil vive na atualidade. O disco é o último lançamento da sequência que vem disponibilizando na internet. 

Os números são espantosos e se destacam ainda mais por alguns detalhes: as quase mil músicas dos 74 discos são todas inéditas e compostas por ele. “Não existe uma regravação neste projeto. Esta é uma palavra proibida no meu estúdio. Para mim ninguém, nunca vai fazer melhor que a original”, diz. 

Caldas e Chico Ribeiro, nosso gerente de A&R, durante o antigo Prêmio UBC, nos anos 80

Tem mais: Caldas não só compõe e canta todas as faixas dos álbuns, como também é responsável por quase tudo, desde direção, produção, arranjos, gravação e mixagem até a execução de todos os instrumentos. Nestes trabalhos, ele aparece tocando guitarra, bateria, baixo, teclados, violões, cavaquinho, bandolim, surdo, tamborim, zabumba, triângulo, programação, entre outros. 

Tamanho trabalho e dedicação são, segundo ele, fruto de gostar do que faz e de não estar preso a nenhum mecanismo que dependa de algum resultado. "O que quero é colocar para fora as minhas ideias da melhor forma possível. No dia em que eu sentir que está começando a ser um peso e deixar de ser prazeroso, paro.” 


 

 



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