Instagram Feed

ubcmusica

No

cias

Notícias

Por que participar de um festival
Publicado em 26/07/2019

Sete associados de diferentes gerações, todos frequentes em eventos do gênero, analisam a interação com novos públicos, o networking com outros profissionais e as oportunidades que eles trazem

Por Bruno Albertim, de Garanhuns (PE)

Fotos de Felipe Souto Maior

Participar de um festival de música, e quem viveu já sabe, é uma experiência transformadora. Tocar não só para os próprios fãs, mas para uma plateia heterogênea e que não necessariamente está ali por você abre uma grande janela de renovação de público. A troca com outros artistas, os convites que surgem para turnês e parcerias, a exposição que se ganha nos meios de comunicação de regiões diferentes da sua... São muitos os benefícios. 

Aproveitando a presença de uma chuva de estrelas da UBC num dos maiores festivais públicos do Brasil, o de Garanhuns, que termina neste sábado (27), perguntamos a sete deles, de diferentes gerações, o que opinam sobre eventos do gênero. 

LEIA MAIS: Participante do Projeto Impulso, banda Mulamba é atração deste fim de semana em Garanhuns e 'invade' Instagram da UBC

Por aqui, eles puderam misturar-se a mais de 500 atrações de diferentes manifestações artísticas — da música ao cinema, do teatro às artes visuais, da moda ao artesanato regional ancestral —, oferecidas gratuitamente. E um dos grandes destaques foi uma série de debates, mesas-redondas e painéis sobre criação e mercado. Gestores culturais de instituições públicas e privadas, produtores e curadores de outros grandes festivais do Brasil e da América do Sul abordaram temas tão variados como a elaboração de projetos de captação de patrocínio e a expansão das ferramentas para a sustentabilidade de pequenos empreendimentos culturais. Debates que vêm ganhando presença cada vez mais constante em festivais, contribuindo para abrir a cabeça de jovens – e nem tão jovens — artistas para as regras e os usos de um mercado sempre em transformação como o musical. 

Confira o que disseram nossos associados. 

Karina Buhr, cantora e compositora pernambucana (nascida na Bahia): 

Momento do show de Karina

“Já estive neste festival várias vezes, em vários formatos. Vim com o (grupo) Comadre Fulorzinha, com a (banda) Eddie e com shows meus. Uma coisa que acho maravilhosa é a praça, e ainda com o nome de Dominguinhos, aberta. Festivais juntam públicos diferentes. Está todo mundo de manhã vendo oficinas, (depois, nos shows) nem conhece o som... vem para o conhecer o mais famoso e descobre outros. E tem todo tipo de música, a música que questiona, a música que fala do arco-íris, dos peixinhos do mar (risos). Tem que ter tudo isso junto. Para mim, ainda aqui em Garanhuns, foi muito bom tocar numa noite em que estiveram Letrux e Céu, porque há tantos festivais com atrações predominantemente masculinas, e aqui foi uma noite de mulheres. Os festivais são muito importantes para essa comunicação direta. Tem uma galera que está ali, dispersa, comendo, bebendo, conversando e, de repente, começa a ser capturada por um show.”

Elba Ramalho, cantora paraibana:

“Primeiro, é preciso dizer o quanto é importante estar aqui mostrando essa escola que é Jackson do Pandeiro (homenageado em sua apresentação) numa praça pública. (E a praça, o lugar de encontro), aliás, é a glória para qualquer artista: mostrar sua arte num espaço aberto, para todo mundo, não apenas para quem pode pagar ingressos. Ao longo dos meus 40 anos de carreira, participei e participo de muitos festivais. E, como diz o título do meu disco novo, cada poeira vivida é “O Ouro do Pó da Estrada”. Ir aonde o público está, participar de um festival grande como esse, de nome nacional, ou de qualquer festival é importante para quem está começando e para quem já tem uma longa estrada. A gente renova o pacto com o público, conquista novas pessoas. Acho que se deve fazer todos os festivais possíveis.”

Silvério Pessoa, cantor e compositor pernambucano:

“Acho que o Estado é, ou deveria ser, o grande guardião da música. E acho também que o que o artista popular produz deve ser zelado pelas politicas públicas culturais, não só nas festas sazonais como o carnaval ou o São João. Um festival como este é superimportante para tudo, até para a cadeia produtiva na época do streamming, em que o público nem sempre tem contato com um disco no sentido tradicional. É uma forma privilegiada de comunicação direta.”

Juliano Holanda, cantor e compositor pernambucano:
“Nasci na Mata Norte de Pernambuco, sou do interior, e sei que é mais difícil para quem é do interior ter mais acesso aos bons circuitos. Como tantos festivais, o FIG é importante para toda a região, mostrando inclusive o desenvolvimento de um cenário artístico interessante interiorano. Nos festivais, em qualquer um, conhecemos e descobrimos novas linguagens, novos artistas, conhecemos produtores, surgem possibilidades de novos convites. É tão importante para quem se apresenta como para quem assiste.”

Almério, cantor e compositor pernambucano:

Zélia Duncan e Almério, juntos, durante seu show

“É claro que gera uma transformação muito grande, na cadeia artística, no público. Participei de um outro festival há pouco, na Chapada dos Veadeiros, em Goiás, e foi incrível: pelo lugar, por ter acessado um público que, com minha produção, talvez demorasse bastante para acessar. Festivais são sempre transformadores. Venho até quando não estou escalado na programação oficial.”

Mariana Aydar, cantora e compositora paulistana: 

“A maioria das pessoas na plateia não me conhecia, acabaram me conhecendo num festival em que há grandes atrações, como Elba. A música não é um entretenimento, é um alimento para o espírito.
Posso dizer que a música me salvou. Viajando, conhecemos novos compositores, novas possibilidades. Tocar num festival de público tão diverso confirma isso.”

Letícia Novaes, cantora, compositora, instrumentista e líder da banda carioca Letrux:

“Já tinha ouvido muito falar desse festival. Meu pai é pernambucano, de Floresta, no Sertão, já passei muitas férias em Pernambuco, mas não conhecia Garanhuns. Festivais são muito importantes. Tem a galera que já nos conhece, que está ali no gargarejo, mas tem uma galera nova, que chega... A gente sempre sai com novos seguidores. Se apresentar para públicos novos sempre nos faz melhores e maiores de alguma forma.”

LEIA MAIS: Os principais festivais deste ano por todo o Brasil 

 


 

 



Voltar