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6 fatos sobre o bregafunk, gênero que incendiou o Recife e ganha o país
Publicado em 17/12/2019

Da repressão e da violência nos bailes funk dos anos 1990 à distribuição em carrocinhas de música, entenda como essa fusão — hoje mais próxima do reggaeton — se tornou um fenômeno

Por José Alsanne, do Rio

Foto de Schevchenko e Elloco produzida por Cenário Filmes

Surgido na virada dos anos 2000 para os anos 10, o bregafunk é mais que um ritmo, é um movimento cultural que nasceu na periferia recifense e vem transformando a identidade cultural de Pernambuco, ao mesmo tempo em que alcança o gosto popular em todo o Brasil. Seis fatos reunidos por nós ajudam a explicar o fenômeno, bola da vez do pop regional brasileiro. 

1 - Repressão aos bailes funk em Pernambuco influenciou o surgimento do movimento
A violência dos bailes de corredor do Recife do final dos anos 1990 se intensificava também nas ruas e vielas da periferia, o que obviamente não era bom para a cena funk da época, já que os artistas sentiam a necessidade de expandir o alcance do seu trabalho para além dos bairros delimitados pela rivalidade.

Os anos foram passando, e alguns bailes acabaram fechados, enfraquecendo ainda mais o cenário musical e fazendo com que artistas do funk como MC Leozinho de Recife, Shevchenko e Elloco, Dadá Boladão e MC Troia adaptassem seu som, incorporando um claro flerte com o bregapop, ritmo difundido na capital pernambucana e conhecido por suas letras românticas e videoclipes extravagantes.

Foi uma grande novidade, tanto para o público quanto para os MCs, que viram ali uma brecha para entrar novamente no circuito musical e fugir do estigma violento dos bailes funk. “De repente, ganhamos o mercado como não ganhamos antes, cantando funk. O funk não tinha o mercado aberto pra poder entrar e dar continuidade com os hits que a gente soltava. Era como se não fosse pra frente”, disse MC Cego Abusado, da extinta dupla MC Metal e Cego, à revista “Vice”. “Já com o brega, com composição nossa, o negócio era mais abrangente, caímos na graça do povo. Tinha mais expansão para poder ganhar dinheiro.”

2 - A “sofrência” do brega foi substituída pela autoestima das letras do funk
Foi a partir desse atravessamento das músicas com o cotidiano das favelas e comunidades recifenses que o bregafunk, aos poucos, se conectou com mais pessoas pelo país em um movimento cultural cada vez mais democrático. Foi com “Envolvimento”, música de MC Loma e as Gêmeas Lacração produzida por DG, que o bregafunk como o conhecemos alcançou reconhecimento nacional, virando hit do carnaval de 2018. As portas, claro, se abriram para que novos e já consagrados MCs da cena pudessem tocar em ainda mais espaços.

3 - O bregafunk tem dança própria: o “passinho dos malokas”
Schevchenko e Elloco, ao lançar o videoclipe de “Gera Bactéria” em agosto de 2018, fizeram do “passinho dos malokas” de Recife um sucesso quase instantâneo. O passinho fortaleceu a sensação de pertencimento dos jovens da periferia, permitindo a muitos ver na dança outras possibilidades de vida longe do tráfico e da violência. “Hoje, os moleques da favela sonham”, resumiu, solene, MC Shevchenko em entrevista à TVJC. “Então, eu quero fazer com que o moleque se inspire em mim, o que ele quiser ter é só sonhar que ele vai ter. A gente, que é da favela, sabe o quanto é difícil ter um sapato bom, ter uns óculos bons... É impossível pra muitos”, analisou. Na internet, encontram-se centenas de apresentações e duelos de passinho em praças e vias públicas das comunidades recifenses.

4 - “Posição da Rã” pode ter sido o marco zero do bregafunk e chegado aos 150 BPM antes do funk carioca
O ritmo já mudou muito desde que “Posição da Rã”, maior hit de MC Metal e Cego, foi parar no “Programa do Gugu” no início de 2011. “Não existia um ritmo como o de ‘Posição da Rã’. Não foi nem por referência, costumo dizer que foi acidental”, admitiu Dany Bala. “Hoje a gente até procura inspiração”, acrescentou ele, que é um dos produtores mais relevantes da cena desde o início até hoje. Segundo Bala, hoje o bregafunk está cada vez mais distante do funk e mais próximo de ritmos caribenhos, como o ragga e reggaeton: “Se a gente for comparar, o bregafunk é mais puxado para o reggaeton. Antes era mais parecido com o funk, com um BPM [batidas por minuto] um pouco mais lento. O BPM de funk é 130. ‘Posição da Rã’ eu fiz em 150 BPM, coisa que o pessoal do funk está fazendo no Rio, analisa Bala.

5 - O ritmo começou a se popularizar com distribuição alternativa e amadora
A propagação do bregafunk se deu tanto na internet quanto no corpo a corpo. Os artistas apostaram na hospedagem de músicas em sites ou blogs, como o Blog dos Bregueiros, e em divulgação através das redes sociais. “A divulgação era por Orkut, Fotolog, 4Shared, rádio comunitária e carrocinhas de CD. Nós fazíamos o CD e passávamos dando. Eu mesmo levava. Ia ao centro de cidade e chegava ao camelódromo: ‘Olha aí, parceiro, saiu CD novo’”, narrou MC Leozinho à “Vice”. Os carrinhos de CD foram fundamentais para a febre do bregafunk acontecer também nos bairros nobres, pois eles atravessavam toda a cidade tocando as músicas dos MCs, democratizando um novo ritmo enquanto dominavam o espaço público.

6 - Os 3 artistas do gênero mais ouvidos no Spotify são da UBC

Dados do Spotify mostram que os três artistas de bregafunk com mais execuções ali são associados da UBC:

Dadá Boladão - https://www.youtube.com/watch?v=vhPhZbO7OXE

Felipe Original - https://www.youtube.com/watch?v=Ospt3sEIsd0

Shevchenko e Elloco - https://www.youtube.com/watch?v=7tzDburY9ec


 

 



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