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Grandes compositores de trilhas brasileiros se despedem de Morricone
Publicado em 08/07/2020

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Morte do mestre italiano, aos 91 anos, inspira homenagens de seguidores de um artista que deixa uma obra plural e inventiva, por muitos considerada a maior da história do cinema

Do Rio 

Foto: reprodução enniomorricone.org

A morte do maestro, compositor e arranjador Ennio Morricone, na última segunda-feira (6), aos 91 anos, encerrou uma etapa da bonita história das clássicas trilhas sonoras originais para cinema — mas abre, com seu legado, muitas páginas mais. É o que avaliam alguns dos grandes criadores brasileiros de música original para a sétima arte, associados da UBC, que comentaram a partida do mestre italiano, famoso por suas colaborações com Giuseppe Tornatore (“Cinema Paradiso”), Sergio Leone (“Três Homens em Conflito”, “Era Uma Vez no Oeste”), Roland Joffé (“A Missão”), além de ter composto trilhas para Brian de Palma, Quentin Tarantino e outras cerca de 400 criações, 100 delas peças de música clássica. 

Para Heitor TP, gaúcho radicado nos EUA e autor das trilhas de “Minions”, “Meu Malvado Favorito”, “O Cavaleiro das Trevas”, “Melhor, Impossível”, “Angry Birds”, “Madagascar” e “O Amor Não Tira Férias”, entre muitas outras, Morricone foi um dos grandes referentes ao mesclar sua ampla cultura, que lhe permitiu elaborar trilhas cravadas para muitos gêneros diferentes, com uma sensibilidade ímpar. 

Como descreveu TP à UBC, “quanto mais especialista você se torna, mais perigoso é que se cristalize na fórmula”, o que acredita que jamais ocorreu com o mestre italiano. “Ennio Morricone foi sempre muita inspiração, inovação, com muito coração. Que Deus o tenha”, disse o brasileiro. 

Antonio Pinto, carioca criador de trilhas para “Cidade de Deus”, “Central do Brasil”, “O Senhor das Armas”, “Amor nos Tempos do Cólera” e “A Hospedeira” — e indicado ao Oscar de melhor trilha sonora pelo seu trabalho para o documentário "Amy" —, opina que Morricone foi o maior compositor de trilha sonora original para audiovisual em todos os tempos: “Hoje, 6 de julho, a Terra ficou mais silenciosa, mais vazia e um pouco mais triste. Nosso maestro maior saiu do plano físico. Mas deixa a mais linda, inovadora e original obra musical feita para o cinema na história. A inovadora trilha de 'A Missão', as melodias eternas de 'Cinema Paradiso' ficarão conosco, influenciando gerações de compositores. Era um incansável gênio.”

Uma percepção corroborada por Plínio Profeta, compositor de música original para “O Filme da Minha Vida” e a série “Sessão de Terapia”, entre muitas outras. “Ennio foi o maior de todos para mim. Mudou a instrumentação de música para cinema e deixa um legado fantástico”, resumiu. 

Uma das principais características do italiano, a sofisticação melódica, foi lembrada por Ricardo Leão, autor das canções de “Duas de Mim”, “O Diário de Tati” e “O Carteiro”, entre vários outros filmes: “Foi o maior melodista da história do cinema. Referência para todos nós, compositores de audiovisual. Um gênio.”

Mesma linha seguiram Pedro Guedes — coautor das trilhas de “Tropa de Elite”, “O Outro Lado do Paraíso” e várias mais — e Zé Ricardo, produtor, curador do palco Sunset do Rock in Rio e autor de trilhas para os filmes “Garotas do ABC” e “Loucas para Casar”.

“Em trilha sonora, há compositores que se destacam pela grandiosidade de suas orquestrações, pela capacidade de criar sonoridades e timbres únicos por suas harmonias...”, enumerou Guedes. “Morricone nos arrebatava com suas melodias memoráveis. Era um craque e vai fazer muita falta.”

“Suas melodias lindas me ensinaram a sentir, e não apenas ver cinema”, definiu Zé Ricardo. “Gênio que transformava qualquer filme em obra de arte, Ennio Morricone era poesia em forma de música.”

O enterro do mestre, cuja obra no Brasil é representada pela UBC, parceira da sociedade italiana Siae, da qual era associado, foi numa cerimônia simples e privada na terça-feira (7). Sem alarde, sem busca de protagonismo, como todo bom compositor de trilha sabe que deve ser. “Eu, Ennio Morricone, morri. Anuncio assim a todos os amigos que sempre estiveram perto e também dos poucos distantes dos quais me despeço com grande afeto”, afirmou o gênio numa curta carta que escreveu, já no leito de morte. “Só há uma razão que me leva a cumprimentá-los a todos assim e a celebrar um funeral privado: não quero incomodar.”

VEJA MAIS: Um vídeo exclusivo do UBC Sem Dúvida especial sobre produção de trilha sonora para TV e cinema no Brasil 


 

 



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