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Chico César e OCAM-USP relançam homenagem a vítimas da Covid
Publicado em 12/04/2021

Projeto "Espero Que Nomes Consigam Tocar!", baseado na canção escrita pelo poeta cearense Bráulio Bessa e musicada por César, traduz os números de mortos em histórias pessoais

Por Ricardo Silva, de São Paulo

Um frame do vídeo do projeto: detalhes das vidas de algumas das vítimas

 

Enquanto o Brasil chega a 350 mil mortos oficiais na pandemia de Covid-19, o cantor e compositor Chico César, a Orquestra de Câmara da Escola de Comunicações e Artes da USP (OCAM-ECA/USP) e o poeta cearense Bráulio Bessa renovam um projeto destinado a traduzir os números frios em comoventes histórias pessoais. “Espero que Nomes Consigam Tocar!”, um filme e encontro sonoro entre a OCAM e César, a partir da canção “Inumeráveis” (com letra de Bessa e acordes do compositor paraibano), homenageia as vítimas da doença e ganha novo lançamento seis meses depois de sua apresentação original, quando o país somava 150 mil mortos.

“Diante da indiferença de muitos, vemos que é necessário batalhar ainda mais para sensibilizar a sociedade no sentido de celebrar a identidade e a vida dessas vítimas, iluminando suas histórias e nos rebelando quanto à maneira massificada e indigente de se contar corpos perdidos nesta dolorida batalha”, descreve a OCAM em seu canal no YouTube. “O vídeo traz como convidados Chico César, Bráulio Bessa, Neymar Dias, Coro de Câmara Comunicantus e Coral da ECA/USP. A direção musical é de Gil Jardim e a direção de arte é de Anderson Penha.”

VEJA MAIS: O vídeo oficial do projeto, relançado

A letra – um poema de Bessa que começou a circular por redes sociais, blogs e sites ainda no primeiro semestre do ano passado – descreve detalhes das histórias pessoais de algumas das vítimas, com seus nomes e sobrenomes. A ideia, defendida pelo poeta em cada refrão, é que “se os números frios não tocam a gente/Espero que nomes consigam tocar.”

“Elaine Cristina, grande paratleta/fez três faculdades e ganhou medalhas./ Felipe Pedrosa vencia as batalhas/ Dirigindo Uber em busca da meta./ Gastão Dias Junior, pessoa discreta/ na pediatria escolheu se doar./ Horácia Coutinho e seu dom de cuidar/ De cada amigo e de cada parente”, diz um trecho."Norberto Eugênio era jogador/ piloto, artista, multifuncional./ Olinda Menezes amava o natal./ Pasqual Stefano dentista, pintor/ Curtia cinema, mais um sonhador/ Que na pandemia parou de sonhar./ A vó da Camily não vai lhe abraçar 
com Quitéria Melo não foi diferente", nos conta outro.

Quando César recebeu o texto, relembra, sentiu na hora que deveria musicá-lo e difundir essa mensagem. “Eu li o poema de Bráulio nas redes sociais cantando, li já com música, talvez pela força do assunto, talvez pela métrica nordestina, aquilo me tocou profundamente. É fundamental manter acesa uma chama no coração dos que ficaram. E, ao mesmo tempo, humanizar as vítimas, aproximá-las”, afirmou o cantor e compositor.

Em entrevista ao programa Papo Pro Ar, da Rádio USP, o diretor da orquestra, professor e maestro Gil Jardim, disse que o projeto que uniu os músicos a César e Bessa “exalta a vocação civilizatória da música e coloca sua energia em produções que estimulam a sociedade brasileira a ouvir a si mesma, identificando e acolhendo o clamor de sua gente, de sua natureza, de sua terra”.

Bessa, ativo em redes sociais, vem denunciando a péssima gestão da crise da Covid-19 pelas autoridades, sobretudo da esfera federal. Ele celebrou o relançamento do projeto, ao mesmo tempo em que denunciou a escalada de óbitos sem controle. “Mais de 3.000 mortos em 24 horas”, postou em 24 de março passado no Twitter, poucos dias antes de o Brasil superar a barreira das 4 mil vítimas diárias de Covid. “Não são números, são inumeráveis. Que tristeza. Viva a vida.”

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