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Jota Quest faz 20 anos e celebra com 8º álbum de estúdio, que volta à black music onde tudo começou
Publicado em 14/06/2016

Single 'Blecaute' já é hit nos principais dials do Brasil. Confira o papo do site da UBC com o líder da banda, Rogério Flausino

Por Fabiane Pereira, do Rio

Formado na metade dos anos 1990, na efervescente cena pop-rock da capital mineira, o quinteto Jota Quest – nascido J. Quest – chega aos 20 anos consagrado. É uma das maiores fábricas de hits da nossa música mas, nem de longe, vive das glórias passadas. Em ótima fase, a banda investe forte outra vez na black music, cujas sonoridades tão plurais e deliciosamente dançantes a levaram a conquistar fãs desde o início. Produzido pelo americano Jerry Barnes - que já trabalhou com eles em "Funky Funky Boom Boom" (2013) -, o disco "Pancadélico" (Sony Music) conta com ótimas participações de outros hitmakers nacionais e internacionais, Anitta, Nile Rodgers (guitarrista), Mista Raja (rapper) e Stuart Zender (ex-baixista do Jamiroquai) entre eles.

“Pancadélico” mergulha na atmosfera dançante das festas soul dos anos 70 e 80. Rogério Flausino, o vocalista carismático da banda, conta como eles chegaram a essa inspiração. "Quando estávamos no meio dos festejos dos 15 anos, entre 2011 e 2012, combinamos que, após esse período comemorativo, entraríamos em modo composição e faríamos dois ou três discos de inéditas na sequência. Passaríamos o aniversário de 20 anos divulgando canções novas. O primeiro desses álbuns, 'Funky Funky Boom Boom', de 2013, e o 'Pancadélico' são discos irmãos que estão reforçando nossa mistura de black music (funk, disco, soul) com o pop-rock. Acabamos criando uma trilha sonora festiva e dançante para comemorar esta data com alto astral e muita alegria."

Já nas primeiras canções e videoclipes, a banda conquistava as rádios jovens e a MTV. Em 1998, com "De Volta Ao Planeta", o Jota entrou definitivamente para o topo das paradas de sucesso. Com canções radiofônicas como “Fácil”, “Sempre Assim”, “De Volta Ao Planeta” e “O Vento”, o disco atingiu a marca de 1 milhão de cópias vendidas. E isso não é pouca coisa.

"Blecaute" é o primeiro single de "Pancadélico" e está estourada nas rádios de todo país. A carioca MPB FM já executa até uma versão acústica da música. "Originalmente, 'Blecaute' foi gravada com a participação da cantora Anitta, e a versão é muito boa. Mas na nossa programação preferimos uma versão acústica que também é sensacional. E, em poucos dias, ela entrou na nossa lista das 'mais pedidas'", explica Luciano Gomes, gerente de programação da rádio. "O Jota é uma banda superastral, e, desde o início, as letras de suas músicas passam uma mensagem positiva, inclusive as composições mais românticas. Por isso, hoje, com 20 anos de estrada, eles circulam facilmente tanto em rádios jovens como nas adultas. Com dezenas de sucessos, conquistaram o respeito de todos, tanto do público quanto dos outros artistas", completa.

VÍDEO: Assista ao clipe de 'Blecaute'

Com oito álbuns de estúdio, quatro CDs e DVDs “Ao Vivo”, um disco em espanhol, além de  coletâneas, compilações, documentários, videoclipes mil e vários projetos especiais, os mineiros têm uma trajetória de inegável destaque e continuam a rodar o país com sua formação original.

Como a “Pancadélico Tour 2016” tem sido recebida pelo público?

Rogério Flausino: Estamos muito felizes com a receptividade dos fãs. As estreias no Rio, na Fundição Progresso, e em São Paulo, no Espaço das Américas, foram realmente mágicas! As novas canções estão muito contagiantes, e o novo cenário e os conteúdos dos telões contribuem muito para deixar o espetáculo ainda mais envolvente e contagiante. Foram dois grandes shows que só nos incentivaram a acreditar e batalhar ainda mais para espalhar essa vibe pancadélica Brasil afora.

O Jota é um fenômeno radiofônico. Em 20 anos de carreira, praticamente emplacaram um ou mais hits nacionalmente em cada ano de estrada. Como é feita a seleção do repertório de vocês? Ainda há dissenso ou, após tantos anos juntos, essa parte do trabalho é tranquila?

A escolha de repertório talvez seja o nosso maior dissenso (risos). É sempre um grande desafio escolher, para um novo álbum, canções certeiras em que investir. É claro que, com 20 anos nas costas, já temos certa experiência entre erros e acertos, mas o fato é que canções são como o vento. Nunca sabemos onde elas irão bater e com que intensidade. Definitivamente, isso não é uma ciência exata.

Que momentos mais marcaram nessas duas décadas?

Bem, são realmente muitas emoções! Os shows de gravação de nosso primeiro DVD, "MTV - Ao Vivo", em 2003, quando reunimos mais de 110.000 pessoas, em dois dias, na Praça do Papa, em BH, nossa cidade natal, foi um deles. Esse CD/DVD alcançou a marca de 1,5 milhão de cópias e ajudou a explodir canções como "Amor Maior", "Do Seu Lado", "Na Moral", "Só Hoje" e "Mais Uma Vez".  Depois, teve a nossa primeira vez no Rock in Rio, em 2011. Era a volta do festival ao Brasil após dez anos, e estávamos comemorando nossos 15 anos. Para um plateia de 100.000 pessoas fizemos, sem dúvidas, o maior show de nossa carreira. Este show gerou o CD/DVD "Rock in Rio - Ao Vivo" que faturou o Grammy Latino, em 2012. E agora, essa nossa atual aproximação com Nile Rodgers e Jerry Barnes é, sem dúvidas, um de nossos melhores momentos.

O que mudou essencialmente entre a época dos meninos que estavam formando uma banda há 20 anos e a dos músicos consagrados de hoje?

Hoje somos mais experientes, tanto nos quesitos artísticos e técnicos quanto nos negócios. Isso ajuda na hora de tomar decisões e encontrar novos caminhos. Continuamos cheios de sonhos e planos, em busca de um aprimoramento em todas as esferas. Mas não mudou muito: no início éramos jovens, solteiros e festeiros. Agora somos apenas festeiros (gargalhadas). 

Mesmo após duas décadas, vocês ainda precisam controlar a ansiedade para subir no palco ou já superaram aquele frio na barriga inicial?

Subir no palco é sempre uma aventura. Nunca se sabe o que vai acontecer. Um show nunca é igual a outro. A troca de energia entre nós e a plateia pode nos levar às estrelas ou apenas transformar tudo em mais um dia. Eu fico sempre com a primeira opção, por isso o frio na barriga é algo tão importante. É o prenúncio de algo muito bom!

Ainda há algum lugar no Brasil em que vocês gostariam de se apresentar e ainda não rolou?

Durante a turnê anterior "FFBB Tour", em 2014, passamos finalmente pelos dois estados brasileiros em que incrivelmente ainda não tínhamos tocado: Roraima e Amapá. Foram show incríveis! Já rodamos este Brasilzão de ponta a ponta diversas vezes, mas com certeza ainda existem lugares por onde ainda não passamos e em que espero estar nos próximos anos.

O cenário musical de 2016 é bem diferente do cenário do início da carreira de vocês. Qual conselho daria a artistas que estão dando os primeiros passos neste mercado?

Vão-se os dedos, ficam os anéis. A música e a poesia serão sempre mais fortes do que tudo. Se você se dedica à arte de corpo e alma porque realmente a ama, e não somente para se promover ou ganhar uma grana, você já esta num bom caminho. Comecei cantando em bares e festas em Alfenas, aos 13 anos de idade, ao lado do meu irmão Sideral, que tinha 10, porque amávamos cantar, tocar e ter uma banda. Segui cantando por muitos anos, paralelamente aos estudos, e só quando me formei, aos 21 anos, cheguei a BH para trabalhar em meu primeiro emprego, que, a princípio, também não tinha relação com a música. Rodando pela noite de BH, conheci meus parceiros do então J. Quest, que tinham o mesmo histórico de batalha, sonhos e planos de "acontecer" na música. Utilizamos as ferramentas da época: gravar demos com grana dos shows, tocar em bares e festas de faculdade, bater na porta de rádios e gravadoras, até que, um dia, conseguimos uma oportunidade que agarramos com unhas e dentes. Lá se vão mais de 20 anos de batalha e muita entrega e dedicação. Que venham mais 20.


 

 



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