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J. Michiles: meio século de carreira, contribuição atemporal para o frevo
Publicado em 29/06/2016

Compositor pernambucano se mobiliza por recursos para gravar álbum comemorativo, em que deve explorar ainda outros ritmos, como lundus, cirandas e maracatus

Por Bruno Albertim, do Recife


Reprodução TV Globo

José Michiles da Silva, ou, simplesmente, J. Michiles, é um dos raros compositores brasileiros cuja obra, mal nasce, aloja-se logo no imaginário coletivo. Quem já andou pelas ruas do Recife ou pelas ladeiras de Olinda no carnaval bem sabe: impregnados como o casario na paisagem, os frevos do autor de “Diabo Loiro” são festejados como canções sem ponto de partida ou de chegada. Como se existissem desde sempre. Atemporais.

“O difícil é sempre fazer o fácil, fazer aquela música que você escuta pela primeira vez e já sai cantarolando”, diz o pernambucano que, de canção em canção, acaba de completar 73 anos de vida e 50 de carreira.

Aos 23 anos, morador do Rio de Janeiro onde seu tio, o popularíssimo Orlando Dias mobilizava multidões com a voz, Michiles estreava como compositor no fatídico ano de 1964. Começou, como tantos, na Jovem Guarda, responsável por abrigar os corações pueris de uma juventude que aprendia o que o era o rock’n’roll com suingue nacional. “Meu tio entregou minha canção ‘Não quero que chores’ para os Golden Boys gravarem”, lembra ele. A canção estourou como lado B do compacto que trazia uma versão de “I Wanna Hold Your Hand” do outro lado.

Já de volta ao Recife, em plena era dos festivais, Michiles ganhou o primeiro concurso da canção promovido pela prefeitura da cidade e pela Rádio Jornal do Commercio. Venceu com uma canção destinada à gaveta dos clássicos: “Recife, Manhã de Sol”, gravada por quase dez intérpretes - inclusive a diva Maria Bethânia no disco “Asas do Frevo”.

No álbum de 2007 produzido para a comemoração do centenário do ritmo pernambucano, a obra de Michiles foi especialmente revisitada por intérpretes como Fafá de Belém, Geraldo Azevedo, Amelinha, Daniela Mercury, Chico César e, entre tantos outros, claro, Alceu Valença. “Alceu é meu intérprete mais constante”, pontua.

Sucessão de sucessos
Ano a ano, folia a folia, Valença imortalizou uma série de frevos “michilianos” convertidos pelas ruas em sinônimos imediatos do carnaval de Pernambuco: “Bom Demais”, “Me segura, se não eu caio”, “Fazendo fumaça” (também gravado lindamente por Fafá), “Vampira” e, entre outros, o “Roda e Avisa”, transformado na homenagem definitiva ao velho guerreiro Chacrinha.

Agora, Michiles mobiliza os esforços para produzir o inevitável álbum comemorativo do meio século de música. Um disco em que pretende convocar, mais uma vez, um primeiro time da MPB para um repertório além do frevo. Lundus, cirandas e maracatus estão no repertório. Os produtores independentes sabem que o ano não está fácil. “Mas estou trabalhando para conseguir os patrocínios, oficiais ou privados”, diz Michiles, com a autoridade de quem, por meio século, jamais desistiu da música.

 


 

 



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