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Zé Cafofinho: de volta da estrada, ele entra no casulo
Publicado em 26/08/2016

Destaque do pós-manguebeat, pernambucano apresenta seu original álbum novo, que põe punk e cumbia no mesmo pote

Por Bruno Albertim, do Recife
Foto de Pedro Escobar

Cinco anos depois do festejado “Dança da Noite”, Zé Cafofinho lança “Casulo”, seu mais novo e terceiro disco. Um dos principais nomes da geração pós-manguebeat pernambucana, poeta de letras imagéticas e voz rouca como um Tom Waits banhado na lama musical do Recife, Cafofinho é o alter-ego do multi-instrumentista Tiago Andrade. Ele aparece agora numa sonoridade que, sem paradoxos, une o punk à malemolência das cumbias.

O disco é, literalmente, fruto das últimas andanças do músico. Nasceu a partir de uma viagem feita ao Peru na companhia do amigo e baterista Homero Basílio. Foram 15 dias surfando e ouvindo cumbias pelos ônibus que pegavam. “Foi uma espécie de internato, a cada trecho da viagem, mais e mais cumbias”, brinca Tiago.

Sempre respaldado por um caderninho, ele começou a esboçar o novo trabalho inspirado no que ouvia. "Foi o despertar do negócio. Um 'eureka' para começar este disco”.

De volta ao Recife, Cafofinho contou novamente com o amigo Basílio. Em conjunto armado com China e Chiquinho Moreira, do Sungatrio, produziram o CD no estúdio Das Caverna, na capital pernambucana, ainda em 2014. Acostumado a trabalhar em projetos sempre colaborativos, sobretudo no último, a “Orquestra do Sucesso” - que agrega um time de multi-instrumentistas e participações de artistas de todos os gêneros, indo de Almir Rouche a João do Morro - o músico optou por uma equipe enxuta e montou um power trio, de baixo, bateria e guitarra.

VÍDEO: Assista ao clipe de 'Luva Pele'

"Procuro tentar manter uma assinatura, mas com uma obra diferente". Com o formato enxuto e clássico, ele, mudando sem deixar de permanecer o mesmo, dá nova roupagem à sua música. O resultado: cumbia com peso de rock'n'roll: "Eu tenho um pouquinho dessa coisa pesada, da minha adolescência em Olinda", brinca.

Cafofinho também deixou de lado, para este trabalho, a viola de arco, seu instrumento habitual. Assumiu uma guitarra com afinação parecida a de um bandolim. “Casulo” traz algumas parcerias como a do cantor China, na música que dá título ao disco, e a da cantora Andrea Dias, de São Paulo, na faixa “Luva Pele”. No mais, o som de Cafofinho, com inspiração no cinema de Fellini e Almodóvar, procura seguir o ritmo das ondas que o inspiraram.

Quem ouvir vai conferir um novo/mesmo cantor e compositor de “Dança da Noite”, seu último álbum, o disco que trazia “Xirley”, a aderente canção responsável por revelar Gaby Amarantos como intérprete, e que tinha ainda a cinematográfica canção em parceria com Arnaldo Antunes que deu nome ao álbum. As ondas seguem.


 

 



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