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Recém-filiado à UBC, ex-Titã mostra mais uma vez sua versatilidade em 12 canções que passeiam por funk, rock e baladas

Por Fabiane Pereira, do Rio

Após quatro anos de fermentação, Nando Reis, um dos artistas mais populares do Brasil, presenteia o público com seu novo disco de inéditas. “Jardim-Pomar” tem 12 canções e é vividamente preenchido com funk, rock e balada. Violões, guitarras, baixos, baterias, teclados, sopros e cordas encorpam e dão forma e textura ao décimo álbum solo do cantor e compositor.

O disco foi moldado com muito cuidado, e de uma forma diferente de outros trabalhos do cantor. São onze faixas totalmente inéditas, e “Concórdia”, gravada há 10 anos por Elza Soares, é a exceção.

As gravações começaram em Seattle, Estados Unidos (nos estúdios Soundhouse e Sunyata Sound) e, após seis meses, Nando finalizou o disco em São Paulo (Estúdio Trama e Estúdio Space Blues), com  uma partezinha no Rio de Janeiro (Cia dos Técnicos). Barrett Martin e Jack Endino, amigos de longa data do cantor, foram os responsáveis pela produção. Nando é o autor de todas as letras de “Jardim-Pomar”, sendo a única parceria “Como Somos”, para a qual Samuel Rosa fez a melodia, e Nando, a letra.

O poeta Eucanaã Ferraz assina o release do álbum e descreve que “blues, rock, balada, tudo dá nas terras deste Jardim-Pomar. Violões, guitarras, baixos, baterias, teclados, sopros, cordas, tudo cabe em arranjos que exploram atmosferas, volumes, texturas. E a voz, sempre, áspera em sua fala, em sua busca de paisagens. Os frutos estão aqui: som e sentido, som e absurdo, som e fúria, som e imprevistas ternuras.”

Já ao site da UBC, o artista, recém-filiado à nossa associação, explica o projeto em suas próprias palavras.

“Jardim-Pomar” é seu 10º álbum de carreira solo. O que mudou desde o primeiro, quando ainda estava nos Titãs?

Nando Reis: Muita coisa. Gravar discos é também uma experiência cumulativa, você vai adquirindo conhecimento na base do erro e do acerto. É como o desenvolvimento de uma linguagem, o domínio técnico. Por outro lado, é a mesma coisa de sempre: você entra em estúdio com um desejo, mas não sabe o que vai acontecer durante o processo. O disco só existe depois de pronto.

Como foi o processo criativo? Seus métodos de concepção variam muito a cada lançamento?

Gravei em duas etapas, uma em Seattle e outra em São Paulo, oito meses depois, com dois produtores diferentes, coisa que nunca havia feito. Mas a concepção é a mesma de sempre: componho, escolho o que acho de melhor para o disco, me reúno com os músicos para arranjar e gravo.

Com tantas composições, há ainda algum assunto que você gostaria de abordar e que não o tenha feito?

Não sei... Não penso dessa forma, tipo “sobre qual assunto vou falar agora?” Mais do que o assunto em si, o que me interessa é a forma de desenvolver e criar.

O que o inspira e faz compor?

A vida, de maneira geral: experiências, reflexões, emoções. Quase tudo pode servir de inspiração. Menos política. Não há nada mais desinteressante do que isso.

O encarte do novo disco traz as pinturas da artista plástica Vânia Mignone. Como os atravessamentos artísticos influenciam sua obra?

Sempre gostei de chamar artista plástico para criar a capa, a parte visual. Gosto de que um outro artista que tenha uma linguagem própria envolva a música com seu pensamento. A pintura foi de Vânia Mignone, mas o projeto gráfico, que também é magnífico, é da autoria do Mario Niveo.

Estar no palco, hoje em dia, ainda o move da mesma forma que no início?

Adoro fazer shows. Tenho muito prazer em tocar. Mas não aguento mais a vida na estrada, com seus aeroportos, hotéis, esperas, selfies... Isso é muito cansativo. Das atribuições da minha vida profissional não há nada mais desgastante do que ficar tanto tempo longe de casa.

O que diria aos garotos e garotas que inundam a web e os meios tradicionais em busca de uma chance de mostrar seu trabalho?

Sejam originais. E ensaiem muito. Só assim se consegue descobrir uma linguagem própria.