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'Media code', uma ponte entre a era dos LPs e o mundo digital
Publicado em 24/05/2017

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Bandas estrangeiras e nacionais têm investido no formato, que permite baixar as músicas e ter em casa encartes, pôsteres e outros materiais físicos, como antigamente

Por Alessandro Soler, do Rio

Com crescimento de nada menos do que 60% globalmente no ano passado – contra 7,6% de queda nos formatos físicos –, o streaming é, para a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), o formato “salvador”, a garantia da volta à era dos recordes como os inéditos US$ 15,7 bilhões em faturamento alcançados pelo setor em 2016. É a maneira mais rápida e prática de consumo musical para o público em geral. Bandas e artistas que têm não fãs, mas verdadeiros fiéis, apostam em formas contemporâneas de lhes oferecer algo palpável, uma presença “física” em seus corações, por assim dizer.

É o caso de Black Sabbath, Ozzy Osbourne, Bad Religion e Lady Gaga, lá fora. E, aqui, da carioca Nove Zero Nove. O que todos eles têm em comum é o lançamento de álbuns em forma de media code (código de mídia), um pacote que inclui farto material gráfico (pôsteres, encartes com letras, muitas fotos) e um cartão com um código que permite a descarga das músicas ou, em alguns casos, a audição por streaming.

A ideia é construir uma ponte entre os antigos LPs – auge do desenho gráfico ligado ao mundo da música – e a era digital, que, em geral, propicia apenas frios códigos binários convertidos em música. “Quem é fã mesmo quer ter algo para tocar, para colecionar. O pôster e a própria arte da caixa e do cartão permitem a posse de um objeto artístico, para além das músicas. O código do cartão, em si, permite que se faça o download do MP3 no site da banda, mas também oferecemos o formato wave para quem quiser passar as músicas em alta qualidade para um formato físico, como um CD”, explica Rodrigo Coimbra, produtor da Nove Zero Nove, cujo primeiro álbum, “Blindado”, saiu no segundo semestre do ano passado somente em media code.
 

"Buscávamos uma forma nova de comercializar nossa música fisicamente, já que o CD ficou obsoleto".

Mauricio Kyann da banda Nove Zero Nove
 

Mauricio Kyann, vocalista da banda, conta que a banda usou a ferramenta do site Dropcards, especializado em media codes, para viabilizar o processo. Vendido numa loja virtual dedicada ao rock alternativo, o pacote é entregue na casa do fã. Depois, com o código do cartão, é só acessar o Dropcards e descarregar as músicas. Outras plataformas também oferecem a possibilidade de gerar media codes. Entre elas, as mais famosas são Bandcamp e CD Baby. As instruções estão no site das plataformas, e a adesão é fácil e descomplicada.  “Buscávamos uma forma nova de comercializar nossa música fisicamente, já que o CD ficou obsoleto. Achamos essa solução a melhor. Alguns artistas já faziam uso dessa forma para ações pontuais. Ela supriu totalmente a nossa necessidade”, explica Kyann.

Veja Mais: Assista ao clipe da canção “Levanta”, da banda Nove Zero Nove

Ele lembra que o álbum todo também está disponível para audição gratuita no Spotify ou no YouTube (se você acha que dá para ignorar a onda avassaladora do streaming, volte ao início deste texto). Mesmo assim, a resposta dos fãs por meio da compra da caixa com o cartão código tem sido surpreendente. “Estabelecemos com nosso público uma relação muito próxima, de oferecimento de produtos diferentes, como lyric videos de várias das canções, além de coisas físicas, como caneca, cinzeiro, em breve casaco, boné... É outro tipo de fã, este sempre vai apostar em um objeto, algo que seja uma materialização da banda”, descreve Coimbra, citando um método de fidelização bem-sucedido usado também por grupos como o paulistano O Teatro Mágico, que licencia diversos produtos com sua marca.

Como não são poucos os especialistas que preveem o fim das descargas de música numa questão de poucos anos, há quem já aposte em acordos com os principais serviços (Spotify, Deezer, Apple Music) para o lançamento concomitante de canções pelas plataformas e de um pacote físico com material gráfico e outros mimos. Diferentemente do que previam os entusiastas extremistas da nova era, o mundo se aproxima da terceira década do século XXI longe de ter se convertido em território 100% digital, e algumas coisas como o cheirinho de um encarte novo continuam a fazer a cabeça de muita gente.


 

 



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