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Ilustre Silva
Publicado em 18/10/2017

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Novo associado da UBC, o capixaba que foi 'amadrinhado' por Marisa Monte, com quem divide uma indicação ao Grammy Latino, fala ao site sobre sua trajetória, seus clipes que desafiam o conservadorismo e o projeto de um novo álbum já no forno

Por Kamille Viola, do Rio

Foto de Miguel Vassy

A estrela de Silva está brilhando mais do que nunca. Em turnê com o disco “Silva canta Marisa”, lançado em novembro do ano passado, o cantor, compositor e multi-instrumentista, novo associado da União Brasileira de Compositores, comemora o aval que ganhou de Marisa Monte — que se tornou sua amiga e parceria musical —, já começa a preparar novo álbum e fala sobre como o clipe da música “Feliz e Ponto” se tornou um marco em sua carreira.

Uma sucessão de fatores levou o disco-tributo a acontecer. Fã da cantora, Silva interpretou canções dela para um especial de TV. Pouco depois, recebeu um e-mail da própria, agradecendo a homenagem e convidando-o a encontrá-la quando viesse ao Rio. Três semanas depois, Silva e o irmão Lucas, seu parceiro musical, estavam na casa de Marisa, de onde sairiam com uma composição em parceria. Era “Noturna (Nada de Novo na Noite)”, a única inédita do disco mais recente do capixaba, composta pelos três e que acabou indicada à categoria de Melhor Canção em língua portuguesa do Grammy Latino neste ano. O álbum "Silva Canta Marisa" também foi indicado a melhor álbum de MPB na premiação. “Eu não sei de ninguém da minha geração que tenha trabalhado com a Marisa assim tão de perto. Foi uma honra ser a primeira pessoa que ela meio que 'amadrinha'. Foi muito importante para mim como artista, uma segurança mesmo, de 'Pô, estou indo para o lugar certo'”, derrete-se ele.

Apesar disso, não foi sem medo que ele encarou o desafio de reinterpretar músicas de um repertório tão consagrado. “Eu tinha um pouco de apreensão em fazer esse disco, porque sei que ela é muito querida e tem um público muito fervoroso. Tinha um receiozinho de desagradar ao público dela. A gente fez tudo de forma despretensiosa, não havia planos de uma turnê, ia ser só o registro do álbum. O projeto foi acontecendo com muito carinho, aos poucos”, conta Silva. “Eu brinco com a Marisa: 'Pô, você deixou um coral preparado!' É impressionante o jeito como as pessoas cantam as músicas. Está sendo uma delícia. As canções dela exigem bastante de uma certa técnica, foi uma coisa ótima como cantor, acho que dei uma crescida nesse sentido. No palco, também foi uma escola ótima, as músicas te deixam mais livre, falam de amor de uma forma sem vergonha (risos), de um jeito assumidamente romântico mesmo. Foi uma coisa nova para mim cantar esse tipo de letra”, diz.

“Beija Eu”, uma das faixas do álbum, ganhou clipe que traz o cantor e diversas outras pessoas — entre elas, os atores Maria Ribeiro, Francisco Vitti e Amanda de Godoi, além do humorista Helio de La Peña — beijando-se em diversas combinações. A temática já tinha sido abordada por ele no vídeo de “Feliz e Ponto”, canção de seu disco anterior, “Júpiter” (2015), que traz Silva em cenas sensuais com um homem e uma mulher ao mesmo tempo. O lançamento foi parar nos trending topics do Twitter e inaugurou uma nova fase em sua carreira.

                                         Cena do clipe da canção "Feliz e Ponto": polêmica e libertação

Alguém mais aberto”

“Esse clipe, para mim, foi um rompimento pessoal, sabe (risos)? Eu venho de uma família extremamente conservadora — que, ao mesmo tempo me apoia muito, sem preconceito ou tentar me podar —, mas é uma família quase 100% protestante. Meu avô era pastor batista, e eu senti que algumas pessoas que sabiam da minha história me associavam a um posicionamento político por eu dizer que tinha um passado protestante. Nas entrevistas, eu sempre falava só sobre música. Percebi que quem acompanhava meu trabalho tinha a necessidade de saber: 'Como é que ele se posiciona?'”, explica Silva. “Tenho amigos aqui de Vitória que são um 'trisal' (“casal” de três) há anos, e as pessoas os criticavam, eram supermalfalados. É uma coisa que eu já experimentei, mas de forma casual, e eu tinha essas imagens na cabeça. Sempre achei que a gente via o amor como uma coisa muito da posse, a pessoa é minha, eu sou da pessoa e nunca mais posso olhar para o lado... Foi importante (tratar disso), hoje as pessoas talvez me vejam como alguém mais aberto.”

Além das outras músicas que tem em parceria com Marisa Monte e que estão guardadas (“A gente não sabe o que vai fazer, se ela vai lançar no próximo disco ou se eu vou gravar”), Silva já prepara um próximo álbum. O que não é exatamente uma surpresa, já que os discos anteriores do artista foram lançados praticamente em sequência: “Claridão” em 2012, “Vista Pro Mar” em 2014, “Júpiter” em 2015, e “Silva Canta Marisa” em 2016. “Comecei no violino muito novinho, aos 5, porque minha mãe é professora da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo), acabei aprendendo instrumentos que me deram muita abrangência: piano, violino, violão. Eu mesmo me produzo, eu me gravo, essas coisas acabam fazendo o processo ser muito rápido”, ele explica. “Eu não paro. Entreguei o disco da Marisa e, logo depois de uns dois meses, quando a turnê já estava ensaiadinha, comecei a compor coisa nova. Detesto me repetir, detesto fórmula, então fico pensando no que será o próximo disco, se vou usar mais violão de nylon ou violino... A frase que me define é 'devagar e sempre'. Nunca paro de trabalhar, mas vou fazendo aos pouquinhos e, quando vejo, está pronto.”

Na UBC

Por fim, Silva revela que já queria há muito tempo ter se associado à UBC, e que esse passo é consequência de um amadurecimento. “De vez em quando, eu comentava com o meu irmão (Lucas), que é quem cuida da minha carreira, de toda a parte burocrática e compõe as músicas comigo: 'Ouvi falar tão bem da UBC, a maioria dos nossos ídolos está lá.' Com a correria, ficava só no papo, no 'vamos ver', e acabava não rolando. Acho que agora chegou num momento em que começamos a organizar melhor a nossa carreira. Era tudo muito novo para nós, eu não quis correr atrás de empresário desses grandes, manda-chuvas. Queria alguém em quem pudesse confiar mesmo. Meu irmão foi crescendo muito como empresário, agora estamos resolvendo varias coisas”, ele celebra.

Veja o recado que o cantor gravou em vídeo:


 

 



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