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Quatro perguntas para Marcelo Callado
Publicado em 04/01/2018

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Em seu segundo álbum solo, baterista solta a voz e apresenta parcerias felizes, inclusive uma colaboração da sua filha de 5 anos

Por Kamille Viola, do Rio

Como baterista, Marcelo Callado chegou a tocar para grandes plateias, com a Banda Cê, que acompanhou Caetano Veloso em três discos e turnês (“Cê”, de 2006; “Zii e Zie”, de 2009, e “Abraçaço”, 2012). Também acompanhou nomes como Jorge Mautner e Ava Rocha e tornou-se conhecido no circuito alternativo à frente das baquetas das bandas Canastra e Do Amor. Mas o artista tem um outro lado, que ele volta a mostrar em seu segundo disco solo, “Musical Porém”, produzido por ele e por Igor Ferreira: Callado também é cantor, compositor, guitarrista e violonista.

Essa faceta do músico já tinha sido apresentada ao público no álbum “Gambito Budapeste” (2012), que lançou ao lado da cantora Nina Becker, com quem era casado na época. Em 2015, Marcelo Callado lançou seu primeiro álbum solo, “Meu trabalho Han Sollo vol. II” — o nome do faz referência ao seu primeiro trabalho, aos 16 anos, que ele mostrou somente para alguns amigos.

“Musical Porém” é um LP duplo com 20 faixas e conta com as participações de Julia Naidin, Ruben Jacobina e Cora, filha de Callado, de apenas 5 anos. No trabalho, o artista passeia pelo blues, rock e folk, com influências que vão de Velvet Underground a Titãs, passando por Neil Young.

 

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Em quatro perguntas feitas pelo nosso site, ele fala sobre o projeto e seu trabalho.

Você é baterista de diversos artistas e grupos, inclusive da Banda Cê, que tocou com o Caetano para grandes plateias. Qual o desafio de estar encarando o público dessa outra forma?

Foi natural essa mudança de instrumento e de lugar no palco. De 2010 para cá, tenho exercitado muito o ato de compor e, normalmente, faço isso no violão ou na guitarra. Comecei a perceber que minha pegada nesses instrumentos era essencial para que pudesse transmitir melhor as ideias das composições, daí veio a necessidade da troca. Mudança é sempre bom pra trazer novos ares e novas perspectivas, essa troca de posição com certeza deu uma renovada na minha musicalidade, seja ela qual for. Além do mais, agora posso dançar no palco!

Como aconteceram as participações de Julia Naidin e Ruben Jacobina? E da sua filha, que só tem 5 anos e já é sua parceira musical, além de cantar numa faixa? Como foram as gravações com ela?

A Julia é uma amiga querida, e a frase “super supero” é dela, dita quando conversávamos informalmente sobre situações difíceis que tínhamos que superar. Depois elaborei o resto da letra, também com ajuda dela, e fiz a música. Já o Rubinho é um sujeito que admiro de montão. Talvez seja o músico que mais admire atualmente. Fiz a letra e a melodia da música, o único samba do disco, e me remeteu diretamente ao Jorge Veiga. Sabendo que o Ruben é grande fã dele, enviei a melodia para que ele harmonizasse e participasse cantando e tocando seu maravilhoso violão. Adorei o resultado! A Cora ter participado foi uma alegria. Eu tinha feito a música “Uma Corda Preta e Branca” em homenagem a ela, descrevendo uma cena real, em que ela literalmente desenhou um coração no chão, com uma corda preta e branca, e saltou para dentro dele, dizendo ser aquele “o coração do papai”. Acontece que a letra se repetia na primeira estrofe o tempo inteiro, e a amiga Alice Sant’Anna (poeta) sugeriu que eu elaborasse mais o lance para que ficasse mais rico. Observando que a Corinha estava começando a se ligar em rimas, pedi para que ela fizesse algumas rimas, e assim ela criou as rimas: “porco e água de coco”, “sexta e peixe”, “orelha e olheira”, “quadro e pato”... todas fantásticas.

Quais são as principais influências da sonoridade do disco? O que você buscou?

Busquei nesse disco uma sonoridade que fosse ao mesmo tempo “profissional”, mas que não perdesse uma essência “artesanal”. Um tipo de som que remetesse às gravações que fazia na adolescência e ainda faço em minha casa, de uma maneira bem peculiar. Queria que o disco soasse bem, mas que tivesse um clima meio mambembe, experimental, explorando artifícios mais estranhos, como gravar passando pelo tape deck de cassete, utilizar afinações diferentes, microfones e microfonações não muito ortodoxas. Eu mesmo toquei metalofone, piano elétrico e outros instrumentos que não são tão próximos, e isso acabou influenciando diretamente nos arranjos, levando-os para lugares mais distantes de uma certa zona de conforto minha. Nesse processo, o Igor Ferreira [que produziu o álbum com Callado] foi fundamental para que o disco alcançasse seu resultado final. Acho que posso citar algumas influências claras, como The Velvet Underground, Neil Young e Titãs.

Por que lançar um LP duplo, em tempos de singles e playlists?

Resolvi lançar um álbum duplo porque tinha muitas músicas acumuladas, de épocas diferentes da minha vida, e achei que elas fariam sentidos se agrupadas em um vinil, no qual você pudesse trocar de lado de cinco em cinco faixas, até porque os diferentes estilos assim ficariam mais bem agrupados, dando ao ouvinte uma oportunidade de respirar entre um clima de um lado e o de outro. Eu (quase) só ouço música em vinil e acho que ainda há gente que faz o mesmo. Portanto, apostei nesse meu sonho, sem me preocupar muito em estar em playlists ou não.


 

 



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