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O ano novo e produtivo de Bibi
Publicado em 11/01/2018

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Aos 96, a dama do teatro e da música vira tema de musical e anuncia vários projetos para 2018

Por Kamille Viola, do Rio

Ela ainda não assistiu ao espetáculo baseado em sua trajetória, desde a sexta-feira passada em cartaz no Rio de Janeiro. Mas a cantora e atriz Bibi Ferreira não vive só de passado. Aos 96 anos, com um CD e DVD recém-lançados, ela se prepara para apresentar um show no Teatro Municipal carioca, estrear um programa de rádio e lançar o próximo disco. E diz que não pensa em se aposentar tão cedo.

Filha do ator Procópio Ferreira e da bailarina Aída Izquierdo, Abigail Izquierdo Ferreira surgiu em cena pela primeira vez aos 24 dias, num picadeiro, substituindo uma boneca perdida. Aos 3, passou a animar os intervalos da companhia da qual a mãe participava. A estreia profissional aconteceu aos 18, quando protagonizou a peça “La Locandiera”, de Carlo Goldoni, em que atuou ao lado do pai.

CAUSOS NA RÁDIO

Ela conta que jamais se imaginou nos palcos por tanto tempo.  “Mas não mesmo. Mas também não penso em parar. Recentemente, resolvemos que não vou mais fazer turnês, mas criamos um projeto para a rádio, vou fazer mais shows no Rio. Aposentadoria ainda continua uma palavra que está fora do meu dicionário. Ainda. Preciso do aplauso, gosto de me apresentar, do ritual de ir para o teatro, do camarim, de estar com minha equipe: meu maestro, que é quase um santo, meu empresário, minhas camareiras, minha maquiadora e minha produtora executiva de sempre. É muito bom gostar das pessoas que estão à minha volta e me sentir gostada e querida por todas elas”, diz Bibi.

Em fevereiro, ela apresenta no Teatro Municipal do Rio o show “Por Toda Minha Vida”, com exibição ao vivo para cinemas do país inteiro. Em maio, estreia numa rádio da cidade o programa “Palavra de Bibi”, com textos interpretados por ela, que irão ao ar durante a programação.

Também para maio, quando se completam os 20 anos de morte de Frank Sinatra, está previsto o lançamento do CD de Bibi com repertório do cantor. “Ficou o máximo. Esse (disco) é, de fato, a minha praia. Esses tipos de canções. Oe CD é resultado do espetáculo que fiz nos últimos três anos em homenagem a ele. Foi muito bom. Até em Nova York foi apresentado”, descreve.

Isso porque não faz muito tempo (foi no fim de novembro) que a artista lançou o CD e DVD “Bibi — Histórias e Canções”, baseado no espetáculo de mesmo nome, com o qual percorreu o Brasil e passou por Nova York e Lisboa. Gravado no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, traz a artista acompanhada pela Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, com 58 músicos, e regida pelo maestro Flávio Mendes. Ela interpreta músicas de Chico Buarque, Noel Rosa, Tom Jobim, Vinícius de Moraes e brincadeiras com óperas clássicas, além de recitar textos e contar “causos”.

VOZ PRIVILEGIADA

“Adoro contar essas histórias, lembrar-me de pessoas com quem tive o prazer de privar, seja profissionalmente, seja na minha vida pessoal. Esse formato de espetáculo, que tem uma linha dramático-musical, me agrada muito. Desde o ‘Bibi in Concert I’, em 1990, todos os meus espetáculos são assim, um encontro com o público, com exceção da comédia do Juca de Oliveira (“Às Favas com os Escrúpulos”, de 2007). Nos outros todos, ou contei histórias minhas ou histórias de alguém. Ou melhor, Amália (Rodrigues), (Carlos) Gardel, (Frank) Sinatra e (Edith) Piaf”, enumera.

Cantando há impressionantes mais de 80 anos, ela conta que sempre buscou preservar a voz, mas acredita que contou com uma “ajudinha” extra. “Hoje, tendo ciência da idade avançada que tenho, acho que tem a mão de Deus nisso”, diz. “Mas, durante toda a minha vida, nunca fumei, não tomo nada gelado, não falo ao telefone, a não ser o essencial mesmo. Canto para valer desde os meus 13 ou 14 anos, e cresci com meu pai, que tinha uma voz maravilhosa, falando da importância da boa dicção, do bom falar, da limpeza das frases. Acho que vem tudo junto. Aquilo que você viveu e aprendeu, como na vida. Às vezes dá certo, às vezes não. No caso da minha voz, penso que as opções que fiz deram certo”, acredita.

“Bibi, Uma Vida em Musical” estreou na última sexta-feira (5) no Teatro Oi Casagrande, no Rio. O espetáculo tem texto de Artur Xexéo e Luanna Guimarães, direção de Tadeu Aguiar e traz no papel principal Amanda Acosta, atriz de musicais que, além ter sido a estrela da montagem de 2006 no Brasil do espetáculo da Broadway “My Fair Lady” (personagem vivida por Bibi na versão nacional com enorme sucesso em 1962), é conhecida por ter integrado o grupo mirim Trem da Alegria nos anos 1980 e início dos 1990.

Internada para realizar exames, Bibi Ferreira ainda não pôde conferir a peça. “Ainda não vi, mas quem tem visto os ensaios tem gostado. Espero que todos gostem e que seja um grande sucesso”, torce ela. “Estou muito feliz com a homenagem”, garante.

"Hoje, tendo ciência da idade avançada que tenho, acho que tem a mão de Deus nisso."

Sobre projetos que gostaria de ter realizado no passado ela nem pensa. Seus olhos estão sempre no agora. “Da mesma forma que não tenho saudades do passado, com exceção dos meus pais, também não fico pensando no futuro. Gosto do hoje. Quero saber da minha agenda de shows, dos meus ensaios, dos meus compromissos. O futuro vem, pode deixar, que vem”, diz a artista, para quem seu maior trunfo como artista foi sempre ter dado seu melhor em tudo o que fez: “O meu máximo, ou não quero.”

 


 

 



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