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Antonio Cicero toma posse na ABL
Publicado em 18/03/2018

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Filósofo, poeta, compositor, diretor da UBC e, agora, imortal, ele ocupa a cadeira 27, cujo fundador foi Joaquim Nabuco

Do Rio

Foto: TV Globo

O filósofo, poeta, compositor, diretor da UBC e, agora, imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) Antonio Cicero tomou posse na noite desta sexta-feira (16), na sede da instituição, no Centro do Rio. Ele passa a ser o titular da cadeira 27, fundada por Joaquim Nabuco e cujo último ocupante foi o crítico literário, professor e escritor baiano Eduardo Portella, morto em maio de 2017. Nascido há 72 anos no Rio, Cicero se insere numa tradição ancestral, que remonta às origens mesmas da poesia: ele mistura com maestria literatura e música, sabedor de que uma e outra sempre estiveram intimamente ligadas.

Como disse em entrevista à Revista UBC no ano passado, quando foi anunciada sua escolha para a vaga, “a primeira poesia que se conhece, a da Grécia clássica, era musicada. A própria expressão 'lírica' vem, é claro, de 'lira'. A poesia lírica se apresentava como canções. Os primeiros poetas não escreviam seus poemas; eles os cantavam, enquanto tocavam a lira, durante festins ou banquetes. Às vezes uns bailarinos dançavam durante as apresentações. Como os poemas épicos são muito longos, supõe-se que consistiam numa espécie de 'rap', algo entre o canto e a recitação”, descreve o compositor de grandes sucessos do pop e da MPB nas vozes da irmã, Marina Lima, do parceiro Lulu Santos e de tantos outros. “Isso prova que um poema escrito não é necessariamente melhor do que uma letra de música. Esse fato foi ignorado durante muitos séculos, mas hoje, quando, por exemplo, no Brasil ou nos Estados Unidos, grandes poetas se dedicam a escrever letras de música, isso volta a ser reconhecido.”

Em seu discurso de posse, Cicero fez uma defesa do cânone — ou modelo — literário. Influenciado por diversas vanguardas do século XX, entre elas o Tropicalismo, o poeta não vê contradição entre sua própria história pessoal e a defesa dos modelos clássicos: "A defesa do cânone não impede a valorização da inovação." Muito aplaudido, o novo imortal foi prestigiado com a presença na cerimônia de amigos como Caetano Veloso e sua mulher, a produtora Paula Lavigne; o cantor e compositor Martinho da Vila; e a atriz Fernanda Montenegro.

Eleito por 30 dos 39 votos no ano passado, ele é o segundo compositor de canções populares a entrar para o time dos imortais. A cadeira 24 é ocupada por Geraldo Carneiro. 

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Cicero no Centro do Rio, cidade onde nasceu e vive. Foto: Gustavo Stephan

O número de canções (são mais de cem) de Cicero supera o de poemas. “Uma das razões (para isso) é que, de fato, quando um cantor e compositor que admiro me propõe uma parceria e me entrega uma bela melodia, não resisto e faço a letra para ela. Além disso, vários poemas que publiquei em livros já foram musicados, de modo que também viraram letras de música”, resume.

Ele explica que sempre parte da música, não o contrário. “Ao escrever uma letra, sou influenciado ou inspirado pela melodia que ouço. Além disso, também a imagem e a personalidade do parceiro ou da parceira que me deu essa melodia me influenciam e inspiram. E, por último, caso meu parceiro ou minha parceira estejamos fazendo uma canção para outro cantor, também a imagem e a personalidade dessa outra pessoa me influenciam e inspiram”, detalha. “Ora, nenhuma dessas influências ou inspirações existe quando escrevo um poema. A diferença principal é essa. Fora isso, o trabalho de fazer uma letra é muito parecido com o de fazer um poema para ser lido. Tudo o que sei e sinto, todas as minhas faculdades — razão, emoção, intelecto, sensação, sentimento, memória —, tudo pode entrar em jogo e tudo se confunde no ato de criação."


 

 



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