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Quatro conselhos de especialistas do mercado da música
Publicado em 12/04/2018

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Avaliadores presentes nas sessões de pitching do Rio2C dão dicas preciosas de carreira para músicos independentes terem chance em gravadora, rádio, festival e imprensa

Por Fabiane Pereira, do Rio

Foto de Marcos Hermes

Na torrente de bons eventos que aconteceram durante o Rio2C, semana passada, no Rio, ganhou destaque particular uma forma de contato ainda não tão comum entre artistas e empresários/produtores/especialistas em geral com o poder de impulsionar suas carreiras. As sessões de pitching (foto), no quarto andar do complexo da Cidade das Artes, Zona Oeste da cidade, reuniram um time de craques para avaliar novas propostas artísticas em miniapresentações de projetos de música, audiovisual e inovação.

Quem organizou essas sessões foi o associado Zé Ricardo, produtor musical e curador do Palco Sunset do Rock in Rio, entre outros predicados. Illy, Mahmundi, a banda Canto Cego e os artistas Romero Ferro, Aline Paes, Isabela Moraes, Zanna, Almério e Qinho tiveram a oportunidade de mostrar seus recentes projetos para nomes como Paulo Junqueiro, presidente da Sony Music Brasil; Edu Leite, programador artístico da Alpha FM; Alexandre Hovoruski, programador artístico da NOVA Brasil FM; Roberto Guimarães, gerente cultural do Oi Futuro; Luci Moret, programadora da rádio MIX FM; Bernardo Araújo, editor e crítico no Segundo Caderno do jornal “O Globo”; e o próprio Zé Ricardo.

E nós, do site da UBC, aproveitamos a presença dos especialistas para colher dicas valiosas de carreira. Confira.

 

Paulo Junqueiro, presidente da Sony Music Brasil

UBC: O que uma música precisa ter para chamar sua atenção como diretor de gravadora?

A resposta não é tão simples quanto a pergunta... Depende da música. Há músicas que me chamam a atenção porque me tocam. Outras porque sei que podem tocar no rádio e ser um sucesso, outras porque a voz é única e quero saber mais, outras porque a letra é oportuna. Realmente depende. Agora, para chegar até mim, basta a um novo artista me enviar a música por e-mail. Ouvirei com certeza. Meu e-mail é paulo.junqueiro@sonymusic.com.

 

Bernardo Araújo, editor no Segundo Caderno do jornal “O Globo”

UBC: O que uma música precisa ter para chamar sua atenção como jornalista?

O que mais me atrai é a melodia. Se acho original, criativa, redonda, logo me chama a atenção. Eu me ligo também um pouco na parte técnica: se é bem gravado, bem tocado, bem cantado, bem produzido... A ênfase é na originalidade e na excelência técnica. Ganhar destaque no veículo é uma outra história. O fato de eu gostar ou não não é tão relevante. Acho que isso é algo que é sempre bom lembrar: nem sempre o jornalista gostar é sinal de que algo será publicado.

O importante é eu achar que tem uma notícia ali, que é original, que o artista está indo por um caminho interessante, experimentando.

 

Alexandre Hovoruski, diretor artístico da rádio NOVA Brasil FM

UBC: O que uma música precisa ter para tocar no rádio?

As premissas básicas são sempre as mais importantes. Uma grande melodia, uma letra boa e que passe uma mensagem, uma interpretação tecnicamente perfeita (afinação, mixagem etc.). E, claro, que passe uma verdade. (É preciso) ter variações na música, não ficar apenas no esquema introdução e refrão várias vezes. Os artistas internacionais usam bastante essas variações, mas no Brasil não são muitos. ¿¿Para o rádio, as músicas têm um certo tipo de padrão e devem apresentar as características acima em um tempo de execução que deve ficar preferencialmente entre três e quatro minutos. Isso não é uma questão excludente, mas, quanto maior o tempo da música, mais as premissas básicas devem ser perfeitas.  Em músicas com tempos menores, também existem riscos de não se passar nenhuma mensagem e acabar parecendo mais um jingle do que uma obra musical. Claro, existem grandes canções com dois minutos e meio e outras com mais de 5 minutos. Mas são poucas.

É bom sempre se lembrar de que as rádios têm audiência rotativa e repetem seu conteúdo, então uma música que faz sucesso na rádio, e dependendo do formato, chega a tocar mais de 500 vezes em um ano.

Por fim, (é preciso) tentar se adequar ao estilo da rádio. Rádios jovens e pop seguem uma linha musical, as adultas seguem outra linha, e por aí vai. Essa questão também não é excludente, mas é quase impossível tocar um gênero como o forró numa radio pop rock, assim como é muito difícil tocar um rock em uma rádio sertaneja. Isso parece óbvio, mas, volta e meia, recebemos essas solicitações. A dica para isso funcionar bem é ouvir rádio regularmente.

 

Zé Ricardo, curador musical do palco Sunset do Rock in Rio e de música do Rio2C

UBC: O que uma música precisa ter para chamar sua atenção como curador musical?

O que me chama atenção é a personalidade (do artista), para a mostrar a música e também se comunicar com o público. (São necessários) originalidade, afinação, força de comunicação e uma generosidade com as pessoas que escutam. Às vezes, o trabalho/projeto é lançado de uma maneira que faz com que o artista novo pareça já genial, já superconceituado e indecifrável, mas isso não me chama a atenção. O que me chama a atenção é quando o artista quer sair de dentro para fora, chegar até as pessoas. Ele quer se comunicar e não ser uma esfinge. E talento, claro: artista tem que ter talento. Motorista tem que saber dirigir, cozinheiro tem que saber cozinhar, artista que é cantor tem que saber cantar. Você até pode ser um compositor e usar sua voz só para passar suas mensagens, mas aí tem que ser um grande compositor como foi Tom Jobim. Artista tem que ter talento. Ter bons arranjos, boa banda, tem que buscar caminhos não óbvios e tem que querer se comunicar.


 

 



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