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'Índigo Borboleta Anil' e o início oficial da aventura solo de Liniker
Publicado em 22/09/2021

Com 9 canções compostas só por ela e 2 parcerias, disco é o primeiro depois da separação dos Caramelows

Por Isaque Criscuolo, de São Paulo

Colaboração de Akemy Morimoto, do Rio

Foi em outubro de 2015 que caiu na rede, em larga escala, a voz poderosa de Liniker. A performance em vídeo da canção "Zero", com sua então banda, Os Caramelows, foi compartilhada, vista e revista por milhares de pessoas. Era o desabrochar pop da carreira da cantora, numa primavera de constantes surpresas e reconhecimento nacional e internacional.

Liniker e os Caramelows fizeram turnê pela Europa, participaram do megafestival americano SXSW por dois anos seguidos, lançaram dois discos e, no início de 2020, decidiram tomar caminhos separados. Liniker, que já mantinha sua presença solo em feats com Tássia Reis, Jhonny Hooker e Linn da Quebrada, começava a preparar o terreno para seu primeiro disco sem os ex-companheiros quando a pandemia bateu às nossas portas e a fez, como boa canceriana, se debruçar sobre sentimentos para criar um álbum repleto de sensibilidades.

Lançado em 9 de setembro, "Índigo Borboleta Anil", é o trabalho oficial de estreia da Liniker solo e explora, ao longo de 11 músicas e 49 minutos, sonoridades como samba rock, hip hop, jazz, samba e outros gêneros ancorados na fartíssima musicalidade negra. Com exceção de "Baby 95" (escrita em parceria com Mahmundi, Tássia Reis e Tulipa Ruiz) e "Diz Quanto Custa" (com Mahmundi, Tássia Reis e Vitor Hugo), todas são composições criadas exclusivamente por ela.

Em entrevista ao portal PapelPop, a cantora e compositora resumiu: “Todas as músicas partem de um ponto de vista nosso. É um disco pra gente, sabe? Sem mais, é um disco preto, é um disco de black excellence.”

Em entrevista à UBC, ela contou também que este muito esperado trabalho é fruto de um processo criativo intenso, vivido aos poucos:

"Foi um processo de mergulhar para dentro do que eu estava escrevendo, de mergulhar no que eu queria cantar e, principalmente, de me refazer depois de um longo período de banda Liniker e os Caramelows. Eu precisava também ter o meu espaço enquanto produtora da minha própria arte, compositora das minhas próprias músicas, e acho que (precisava) renovar, principalmente num tempo como esse em que a gente está tão distante, né? (Distante) de humanidade, de tudo."

Antes de "Índigo Borboleta Anil", Liniker lançou os singles "Psiu" e "Baby 95", que, juntos, foram um teaser, uma amostra da atmosfera do novo disco. Além disso, a artista seguiu num rompante de boas colaborações com Gaby Amarantos (em "Amor Pra Recordar"); "O Melhor do Mundo", com Péricles; "Rainha de Copas", com Majur; e "Sente o Drama", com Letrux. Também participou da coletânea "Acorda Amor" e deu vida à protagonista da série "Manhãs de Setembro", original do Amazon Prime Video, como Cassandra. Foi coisa à beça.

Na ocasião da estreia da série, em junho deste ano, Liniker foi capa da "Vogue Brasil" ao lado de Linn da Quebrada. Mais um marco no seu caminho ao mainstream sem perder sua energia alternativa.

"Antes do disco, lancei dois singles, e foi importante para poder testar, sabe? Acho que, se fosse um outro momento, e não quero romantizar a pandemia porque a gente sabe todos os danos que ela tem causado, mas se não fosse esse tempo eu não teria tido a qualidade de produção que tive pra esse disco, de ter tempo para me dedicar", reflete.

Além de uma das vozes mais belas da música brasileira contemporânea, Liniker leva em sua existência a representatividade da luta da comunidade trans. O Brasil é o país que mais mata pessoas trans — e de outras minorias sexuais também, sobretudo homens homossexuais — no mundo.

"Infelizmente, os dados do Brasil são gritantes, nesse sentido de taxa de mortalidade, mas acho que poder fazer o meu trabalho, hoje, com a qualidade do que faço e com a quantidade de pessoas que  também escutam o meu trabalho, para além de legitimar a nossa existência, (permite) poder falar da minha música sempre. Não é só fazer um recorte como pessoa trans; quero poder falar do meu som, poder falar do que eu produzo, poder falar do que estou criando. Então, que cada vez mais o meu trabalho me deixe falar sobre o meu trabalho e não da minha intimidade. Poder somar meu trabalho com a minha casa, com a minha luta, é o mais importante", analisa.

'"Índigo Borboleta Anil" tem contribuições de Mahmundi, Tássia Reis, Tulipa Ruiz e Vitor Hugo. A distribuição digital é da Altafonte e, entre as 11 faixas, também estão participações da Orquestra Jazz Sinfônica, Letieres Leite, DJ Nyack e Orkestra Rumpilezz.

O álbum ganhou uma versão em vinil azul translúcido com capa exclusiva para a edição #117 do Noize Record Club, um clube de assinaturas para amantes de discos de vinil que lança mensalmente títulos exclusivos com tiragens limitadas. O próximo marco deve ser a turnê de lançamento e reconexão com o público, ainda sem data por conta da pandemia. 

LEIA MAIS: Liniker e outras compositoras falam sobre criação musical na reportagem de capa da Revista UBC #40

 


 


 

 



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