Entrega do Prêmio UBC tem série de shows em homenagem ao Tremendão, humor e a estreia de uma nova categoria, o Troféu Fernando Brant
Por Roberto de Oliveira, do Rio
Foto à esquerda de Fábio Ribeiro
Uma superfesta na Casa UBC, o espaço de eventos da nossa associação no Centro do Rio, marcou na noite de terça-feira (9) a entrega do Prêmio UBC 2018 a Erasmo Carlos pelo conjunto da sua obra. E, como não poderia deixar de ser, uma constelação de astros da nossa música se revezou no palco para lembrar algumas das grandes criações do Tremendão.
Desde a chegada, o clima de celebração ao autor de mais de 800 canções e com 28 discos de estúdio era notável. Nos elevadores e corredores da UBC, no material promocional, na decoração, só dava Erasmo. O engajamento de toda a UBC foi tal que os funcionários se ofereceram para trabalhar como voluntários durante a festa, contribuindo para que fosse um sucesso.
Na plateia, nomes como Moacyr Luz, Moraes Moreira, Celso Fonseca, Toni Garrido, Sandra de Sá, André Midani e outros representantes da indústria confraternizavam, transformando a Casa UBC num espaço verdadeiro de encontro para a nossa música.
Mosquito e João Cavalcanti. Foto de Miguel Sá
Já sobre o palco, Gilberto Gil e Emicida abriram a noite de releituras concebida pelo produtor e curador Zé Ricardo. Eles cantaram “Sou Uma Criança, Não Entendo Nada” (composta com Giuseppe Ghiaroni). Depois, Johnny Hooker atacou de “Filho Único” (cocriação de Erasmo e Roberto Carlos), e Ludmilla mostrou muita afinação em “Mais Um Na Multidão” (composta com Marisa Monte e Carlinhos Brown). Ney Matogrosso trouxe uma “Mesmo Que Seja Eu” muito adaptada a sua voz, Mosquito e João Cavalcanti foram de “Cachaça Mecânica”, Rael e Simoninha cantaram “Coqueiro Verde”, e Ana Cañas apresentou “Do Fundo do Meu Coração”. As quatro canções foram criadas por Erasmo em parceria com Roberto Carlos.
Gilberto Gil e Emicida. Foto de Miguel Sá
Houve até um momento internacional, com a dobradinha entre a baiana Illy e o uruguaio Diego Drexler (irmão de Jorge Drexler) em “Sentado à Beira do Caminho”, outra parceria de Erasmo com Roberto.
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Ana Cañas. Foto de Raphael Simons
Emocionado, Erasmo agradeceu. “É a obra que faz o artista imortal. Estou muito feliz por receber esse carinho”, ele disse. Depois, quando subiu ao palco para receber o prêmio, contou uma história que diz muito o processo de valorização do compositor a que assistimos nas últimas décadas. "Muito tempo atrás, eu dividia casa com um compositor que fazia boas músicas e me pedia para dar uma força para que elas tocassem na programação. Mas eu sentia falta do anúncio do nome do meu amigo. Descobri que ele vendia as músicas a outros e, por isso, não tinha o nome anunciado", descreveu o Tremendão, que completou: "Tenho orgulho de fazer parte de uma geração que tirou os compositores da marginalidade."
Johnny Hooker. Foto de Miguel Sá
Quem também se emocionou foi o filho de Erasmo, o produtor Léo Esteves: “A gente acaba se emocionando por ter esse reconhecimento. Um monte de gigante reconhecendo que ele também é um gigante”, resumiu.
Rael e Simoninha. Foto de Miguel Sá
O toque de humor da noite foi dado pelo apresentador Lúcio Mauro Filho, que celebrou os trabalhadores da cultura. “Uma gente que é chamada de vagabunda a todo momento e que representa 4% do PIB brasileiro”, descreveu, arrancando gargalhadas da plateia.
Diego Drexler e Illy. Foto de Miguel Sá
Outra homenagem foi para o advogado João Carlos Müller, de 78 anos, primeiro premiado com o novo Troféu Fernando Brant por sua longa vida dedicada aos direitos autorais. No mesmo dia em que se celebrava o aniversário de nascimento de Brant, um dos grandes compositores da nossa música, ex-presidente da UBC morto em 2015, Müller teve reconhecida sua dedicação aos compositores, expressa em atos como a contribuição para a elaboração do texto da lei de direitos autorais 9.610, de 1998.
Ludmilla. Foto de Miguel Sá
Ele também ajudou a conseguir a extensão dos direitos autorais a produtores fonográficos e outros titulares de direitos conexos e, em 1980, a tipificação da pirataria musical como crime. Como assessor técnico da delegação brasileira, Müller atuou na elaboração do documento final da Convenção de Genebra, de 1971, que estabeleceu medidas de proteção aos produtores de fonogramas contra reproduções não-autorizadas. Em sua passagem por grandes gravadoras, como consultor jurídico, foi responsável por driblar a censura da ditadura militar e liberar canções de grandes compositores, como Chico Buarque.
Ney Matogrosso. Foto de Miguel Sá
Não perca, na próxima edição da Revista UBC, daqui a uns dias aqui em versão completa aqui no site, mais detalhes do que rolou nessa grande festa.
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