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Vocalista do Violins, Beto Cupertino lança segundo disco solo
Publicado em 12/04/2019

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Cantor e compositor de 40 anos (18 de carreira) aposta em questões existencialistas — sem deixar de lado a política — no álbum "A Gente Vai Encontrar Sossego", que chega esta sexta-feira (12) às plataformas

Por Kamille Viola, do Rio

Foto de Luan Rampazzo

Vocalista da cultuada banda indie Violins, o cantor e compositor goiano Beto Cupertino lança nesta sexta (12) seu segundo álbum solo, “A Gente Vai Encontrar Sossego”. Produzido por ele e Gustavo Vasquez, também responsável por gravação, mixagem e masterização, o trabalho chega às plataformas digitais um ano depois do álbum mais recente do Violins, “A Era do Vacilo”. É 13º disco do artista, que em 2019 comemora 18 anos de carreira e 40 de idade.

Compostas entre o segundo semestre do ano passado e o começo deste ano, as 11 músicas refletem as inquietações de Cupertino com os tempos atuais. “Nós estamos numa situação de tanta angústia, né? Com a questão política, essas coisas. Isso me dá uma necessidade de compor, de criar. Acho que é uma fuga (risos). Acabo produzindo muito nessas épocas. Então, sinto a necessidade de desovar isso. Foi bastante natural esse processo”, comenta Cupertino.

Ao contrário do disco de 2018, que tinha forte viés político, no novo álbum ele seguiu um caminho mais existencialista. “Há músicas no disco que tratam, por exemplo de relacionamentos amorosos. Esse disco é mais solto, com coisas às vezes amenas, menos densas. E o nome veio de um verso de uma música (“Baque do Instinto”). Justamente no meio dessa depressão generalizada, eu achei que seria meio poética essa frase, como se fosse um mantra, um norte para a gente seguir: ‘A gente vai encontrar sossego.’ É um disco bem pessoal”, explica ele.

A leveza também está na sonoridade, baseada no violão, e não nas guitarras distorcidas do Violins. “Não usei guitarra em nenhuma música. Eu gosto muito desse formato voz e violão, mais simples. Embora o disco tenha banda também, ele é muito calcado em violões. Não tem a pretensão de fazer algo diferente de tudo o que eu já fiz na vida, é só mais um conjunto de músicas lançadas para as pessoas ouvirem”, diz Cupertino. “Eu quase sempre componho no violão, vez ou outra no piano. Esse formato tem esse lado legal. Às vezes, quando a música vai para a banda, com guitarra, outra configuração, ela vai para uma coisa bem diferente de quando eu fiz. Nesse disco, elas estão bem próximas de como foram criadas”, analisa.

No álbum, ele contou com as participações de Luan Rampazzo (bateria), Fred Valle (bateria, integrante do Violins), Manassés de Aragão (trompete) e Gustavo Vasquez (baixo, também do Violins). O processo todo foi bastante espontâneo. “Com a banda, a gente tem um período de preparação das músicas um pouco maior, de ensaios, de concepção antes de gravar. Nesse disco, eu levei as músicas e todas as baterias, por exemplo, foram feitas lá no estúdio, no momento de gravar. Da mesma forma, os arranjos de metais: eu tinha composto algumas partes, e o músico tocou lá na hora. As coisas foram feitas de forma quase que intuitiva no instante de gravação”, recorda.

“A Gente Vai Encontrar Sossego” ganha o mundo no ano que marca "a maioridade" da carreira de Beto Cupertino: o Violins (que nasceu Violins and Old Books) surgiu em dezembro de 2000, mas os ensaios começaram a acontecer no mês seguinte. Naquele ano, foi lançado o EP “Wake Up And Dream”, cantado em inglês. No trabalho seguinte, o celebrado “Aurora Prisma” (2003), eles já tinham adotado somente Violins como nome e letras em português. De lá para cá, o grupo já terminou e voltou algumas vezes e mudou de formação outras tantas. Em 2014, Cupertino também lançou o projeto Tonto, sem guitarras, com o qual fez um disco. Em 2017, saiu seu primeiro álbum solo, “Tudo Arbitrário”. No total, são 13 discos, incluindo o novo álbum.

"Justamente no meio dessa depressão generalizada, eu achei que seria meio poética essa frase, como se fosse um mantra, um norte para a gente seguir: ‘A gente vai encontrar sossego.’"

“É uma quantidade grande. Eu me sinto muito tranquilo com as coisas que eu fiz, me sinto satisfeito, tenho um certo orgulho de todos os álbuns que eu fiz. Cada disco, em cada época, teve um significado muito importante para mim e para as pessoas que participaram. E acho legal que uma ou outra pessoa acompanhou, se identificou”, celebra. “Quando a gente criou a banda, lá no comecinho dos ensaios, nosso sonho era tocar no (festival) Goiânia Noise. Eu acho que eu fui muito mais longe do que a minha projeção inicial. Embora hoje ainda ela seja pequena, era muito mais humilde no início”, diz.

E 2019 traz outro marco: no dia 12 de agosto, Cupertino comemora 40 anos.“Nossa, o tempo voa, né? Eu me sinto velho (risos). Sempre que alguém diz que se sente velho com 40, vai ter um com mais idade dizendo: ‘O cara é jovem e diz que se sente velho com 40.’ Depende da perspectiva, né? Mas acho que ainda tem coisa para acontecer”, brinca ele. “Eu nunca falo que não vou fazer mais discos ou vou parar. Acho que, de uma forma ou outra, eu vou estar fazendo (música) até o fim da minha vida. Com que frequência eu não sei, mas acho que uma hora ou outra sempre vai vir essa necessidade de fazer alguma coisa. E sem pretensão de ‘vou inovar isso, vou inovar aquilo’. Fazer música simples e pôr no mundo.”

O passar do tempo foi moldando seu trabalho, tanto como cantor como compositor, embora haja uma espécie de fio condutor perpassando toda sua obra. “Quando eu ouço o primeiro disco em português, por exemplo, o ‘Aurora Prisma’, até o jeito de eu cantar era diferente. Acho que eu mudei muito como cantor, (agora tenho) um modo de cantar mais sóbrio, menos afetado, menos cheio de coisa. Mais simples. Até a estrutura das músicas está diferente: antes tinham sete minutos, eram quase um progressivo. Neste agora, são bem curtas, têm dois, três minutos”, compara.

Beto Cupertino começou a tocar violão aos 10, sozinho, e a compor por volta dos 12. Também aprendeu guitarra e teclado. Por volta dos 18 anos, foi estudar violão clássico, por dois anos. Mas prefere seguir por conta própria. “Eu nunca fui estudioso de música, da teoria, essas coisas. Sempre gostei de ser um músico intuitivo. Quando comecei a estudar, me deu uma sensação de que eu estava ficando aprisionado. Sempre gostei de inventar afinação por mim mesmo, inventar acorde por mim mesmo. E ir testando coisas com o violão, nessa forma meio livre de compor. Essa é a minha onda com a criação: não tanto ser um instrumentista, eu sou mais um compositor mesmo, um criador de letras e melodias”, define.


 

 



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