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Fafá de Belém lança "Humana", disco com clima de reinvenção
Publicado em 01/05/2019

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Produzido e integrado por canções de jovens talentosos da nova cena, álbum tem clima sério e, segundo a cantora paraense, reflete a necessidade de conversar em meio à gritaria geral da sociedade

Por Kamille Viola, do Rio

Depois do solar “Do Tamanho Certo Para o Meu Sorriso” (2015), em que mergulhou na sonoridade do Pará, Fafá de Belém muda o tom em “Humana”, um trabalho mais intimista — e que, como recentes produções de divas do naipe de Gal Costa e Elza Soares, aposta na produção e nas composições de jovens talentos da nova cena brasileira, imprimindo-lhe uma estética ultracontemporânea e um clima de reinvenção. Sai de cena a gargalhada, uma das marcas registradas da artista, dando lugar à dor de cotovelo e a outras emoções sombrias. A capa em preto e branco, com a cantora em expressão séria, dá uma ideia do clima do álbum, que traz cinco músicas inéditas e cinco regravações com roupagens bem diferentes das versões originais. 

“As pessoas sempre me veem como uma explosão de alegria. Eu gosto disso, mas para ter essa explosão, por trás, precisa ter uma base sólida de olhar preciso, com os pés no chão. Este disco traz o outro lado do meu sorriso”, comenta Fafá. “Está todo mundo gritando muito, mas é o momento da gente tentar conversar. Este projeto nasceu da necessidade de se falar de emoções verdadeiras, é um exercício de observação sobre um novo tempo, um tempo de comunicação de uma forma completamente diferente de quando a gente fazia manifestos ou canções que falassem mais de realidade”, explica Fafá.

O álbum foi produzido por Zé Pedro (saiu pela gravadora dele, Joia Moderna) e tem direção musical do também paraense Arthur Nogueira. “Foi sensacional trabalhar com eles. Começamos em agosto do ano passado, depois que passei um tempo gravando as minhas histórias para transformar em uma biografia. Fui mergulhando em questões que sempre me angustiaram. Eu estava fora do Brasil e, quando voltei, encontrei-me com eles e percebi que estavam com a mesma sensação, com a mesma inquietação do que dizer sobre o momento que vivemos. Ambos sempre trazem muita coisa boa para a minha carreira”, derrete-se ela.

"Tinha dias em que terminava aos prantos de emoção. Mexeu muito comigo, e acho que temos um resultado forte e intenso."

Paulo Borges, que dirige a turnê, também participou da concepção do disco. Os arranjos foram criados coletivamente pelos músicos Allen Alencar (guitarra), João Paulo Deogracias (baixo elétrico e synth), Richard Ribeiro (bateria e percussão) e Zé Manoel (pianos acústico e elétrico). Fafá, que não gosta das gravações — ela conta preferir os palcos — desta vez precisou passar mais tempo nesse processo.

“O estúdio, para mim, é terrível. O disco começou mesmo a ser gravado em fevereiro, quando recebemos músicas e começamos a buscar canções que tivessem relação com o que queríamos falar. O álbum foi se delineando muito mais por coisas externas, do que vinha acontecendo no Brasil e no mundo, do que a gente buscava. A gravação foi exaustiva, porque eu queria achar exatamente o que eu sentia, a minha forma de contar aquela história escrita por outras pessoas. Tinha dias em que terminava aos prantos de emoção. Mexeu muito comigo, e acho que temos um resultado forte e intenso”, lembra a cantora.

Entre as novidades, estão “Alinhamento Energético”, de Letícia Novaes, do Letrux; “Ave do Amor”, de Ava Rocha e Arthur Nogueira, e “O Terno e Perigoso Rosto do Amor”, composta por Adriana Calcanhotto a partir de uma poema de Jacques Prévert (1900 -1977), em versão em português de Silviano Santiago. As releituras incluem  “Toda Forma de Amor”, de Lulu Santos; “Dona de Castelo”, de Jards Macalé e Waly Salomão, e “Eu Sou Aquela”, de Joyce Moreno e Paulo César Pinheiro. Para ela, “Humana” é um disco para mulheres que dizem não ao convencional — como a própria Fafá.

“Eu olho pra trás e tenho muito orgulho de tudo o que eu fiz. Mas, acima de tudo, eu olho para a frente, sempre. A minha grande conquista foi não ter aberto mão da liberdade de ser quem eu sou. Não ter me submetido nunca e fazer sempre o que eu acredito. Eu prefiro sempre a inquietação. Eu podia muito bem fazer um álbum com releituras diferentes dos meus sucessos, mas prefiro pensá-los e colocá-los em um novo show, com uma nova roupagem e acompanhados de novas canções”, define. “Sinto a necessidade de falar mais do lado humano do ser. Quero que as pessoas reflitam sobre o momento que estamos vivendo”, resume.


 

 



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