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Raio-x do mercado independente brasileiro
Publicado em 09/12/2020

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ABMI divulga resultados da mais ampla pesquisa sobre o segmento e comprova sua força: 53% dos mais tocados no Spotify são indies; UBC é a sociedade de gestão coletiva mais bem avaliada

Do Rio 

A Associação Brasileira da Música Independente (ABMI) divulga nesta quarta-feira (8) os resultados completos de uma ampla pesquisa levada a cabo ao longo de meses este ano e que mapeou o mercado independente de música no país. Sessenta empresas participaram, sendo a grande maioria gravadoras/selos (Biscoito Fino, Curumin Records, Kondzilla, Midsummer Records, Selo SESC, Volare, YB, entre muitos outros) e distribuidoras (Hitbel, Nikita, Tratore e várias mais). 

Num ano tão atípico, os dados utilizados foram os de 2019, a fim de medir com maior precisão tendências de mais longo prazo. E uma análise das 200 canções brasileiras mais tocadas diariamente no Spotify mostrou, por exemplo, que 53,52% delas são indies, o que traduz a força desse segmento. 

A aposta do segmento independente pelo digital é bem clara: 50% do faturamento dessas empresas vem do streaming e de outras modalidades de distribuição digital – número que vem crescendo ano a ano; 15% vêm de suportes físicos (CDs, LPs, DVDs); 10% vêm de shows; 9%, de execução pública; e os 16% restantes têm fontes variadas, como sincronização, negócios relacionados a estúdio e merchandising, por exemplo. 

Entre as empresas participantes, 68% são gravadoras, 20% são distribuidoras, e os 12% restantes desempenham outras atividades, como editora ou produtora musical/de eventos e shows/fonográfica.

A esmagadora maioria, como esperado, está sediada no Sudeste (82%), com pequenas participações do Centro-Oeste (5%) – onde o gênero sertanejo conta com uma ampla infraestrutura ao seu redor –, do Sul (2%) e do Nordeste (1%). Dez por cento das empresas não têm uma sede física definida. 

Aliás, a ausência de estruturas formais de trabalho afeta em cheio a maioria das empresas. Pouco mais da metade (53%não tem nenhum empregado contratado formalmente em regime CLT; 41% têm de um a 15 empregados em regime CLT; e só 3% têm mais de 30 funcionários nesse sistema. Mais: 42% das empresas têm apenas um proprietário, muitas delas operando sob o regime fiscal de microempreendedor individual. 

Isso se reflete na ainda deficiente diversidade de perfis de atuação – uma característica que se repete em outros setores e segmentos do mercado musical brasileiro. Só 16% das empresas têm uma distribuição igualitária de cargos entre homens e mulheres; 7% têm apenas mulheres; 12% tem maioria feminina; e, na outra ponta, 44% têm apenas homens, e 21%, uma maioria masculina.

Outra característica da dificuldade que enfrenta o mercado independente para se estabelecer e operar por longo prazo é o tempo de existência das empresas. A maioria (31%têm até cinco anos de existência. Na outra ponta, só 3,3% delas têm mais de 40 anos de atividade.

A despeito disso, 90% dos artistas renovam os contratos com essas empresas, o que traduz uma relação de proximidade e apoio difícil de se repetir no mainstream. Em geral, os selos desse segmento desenvolvem as estratégias de marketing em parceria com os artistas, o que facilita essa proximidade. 

>> UBC, a mais lembrada e elogiada

Um dado da pesquisa é motivo de particular orgulho para a UBC, sociedade de gestão coletiva escolhida por nada menos que metade das empresas participantes do estudo (exatos 50%) e a mais bem avaliada. “A UBC tem a gestão mais profissional, precisa e organizada. Ela me trouxe mais tranquilidade e segurança em comparação às demais sociedades”, disse o representante de uma gravadora citado pela pesquisa. Outro representante foi na mesma linha: “UBC: melhor, mais moderna tecnologicamente, funciona muito bem.”

“Realmente, todas as avaliações dos associados da UBC foram muito positivas. Tanto do ponto de vista quantitativo quanto qualitativo, a UBC foi bem avaliada. Pessoalmente, considero os serviços prestados pela UBC excelentes. São profissionais muito bem preparados que, liderados por um executivo ético e experiente como Marcelo Castello Branco, alcançam uma ótima performance”, descreve Carlos Mills, presidente da ABMI, que comenta os resultados da pesquisa: 

  • Alta participação dos independentes nas listas de mais executadas do Spotify: “Existem várias razões para o crescimento da fatia dos independentes no mercado digital, entre elas o fato de que as plataformas permitem uma aferição muito mais detalhada das informações. Antigamente era uma tarefa muito difícil, se não impossível, determinar dentro dos canais de distribuição quais títulos tinham sido produzidos por gravadoras majors e quais eram independentes. De uma certa forma, a aferição no antigo mundo analógico era distorcida. Além disso, o notável aumento da produção independente, facilitado pelo barateamento dos meios de produção, dos canais de distribuição e dos meios de divulgação, também contribui para uma participação maior dos independentes no mercado.”

  • 50% de receitas do segmento independente são oriundos do meio digital: “O cenário da música independente no Brasil é bastante heterogêneo e diversificado. Na nossa pesquisa, entrevistamos empresas com foco na música gravada, mas que também produzem audiovisual, vendem shows, são donas de estúdio e atuam em publicidade. Neste universo mais amplo, o faturamento com vendas digitais ficou em 50%. Acredito que, se a gente fechar o foco do faturamento apenas de comercialização de fonogramas, os números estarão em linha com os da IFPI, em torno de 75% digital ou até mais que isso. Este talvez seja um enfoque válido para a pesquisa do ano que vem.”

  • Outros dados que chamaram a atenção: “Sem dúvidas, o nível de otimismo dos empreendedores com o futuro do mercado – 89%, de otimismo – surpreendeu. Apesar de a pesquisa ter como foco o ano de 2019, iniciamos as entrevistas virtuais em abril e fomos até julho. Portanto, durante o pico a pandemia. Acredito que os selos independentes estão confiantes na sustentabilidade do modelo de negócios baseado nas assinaturas de streaming.” 

Como conclusão geral, Mills diz esperar que o estudo “possa ser útil aos agentes do nosso setor, que os ajudem a entender melhor o que está acontecendo, quais as tendências. De posse de informação relevante, é possível tomar as melhores decisões, baseados em indicadores concretos. Esperamos também que esta pesquisa possa alcançar nossos gestores públicos, demonstrando a importância da dimensão econômica do setor cultural para o desenvolvimento do país. Não podemos mais ignorar a relevância da economia criativa, inclusive no que diz respeito ao potencial de exportação, sob o risco de perdermos o bonde da história.”

Serviços de streaming

Um dado chamativo da pesquisa, e não diretamente relacionado ao segmento independente, diz respeito ao competitivo panorama do streaming no país. No ano passado, mesmo com a entrada da gigante Amazon Music no Brasil, a francesa Deezer, histórica segunda colocada no ranking de assinaturas entre as plataformas musicais, manteve sua posição. Porém, no primeiro semestre de 2020, o forte investimento em expansão da gigante americana provocou uma dança de cadeiras na lista dos principais serviços. O sueco Spotify mantém, isolado, a liderança, com 61,6% de todas as assinaturas de streaming musical no país; a Amazon Music passou ao segundo lugar, com 12,1%, e a Deezer foi para o terceiro, com 9%. Em seguida vêm Apple Music (6,2%), YouTube Music (5,8%), outras somadas (2,7%) e Tidal (2,6%). 

LEIA MAIS: A pesquisa completa

LEIA MAIS: De quem dependem os independentes: as relações entre artistas indies e as equipes que os apoiam no dia a dia 


 

 



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