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Clubhouse, uma rede social por voz que faz cada vez mais barulho
Publicado em 26/02/2021

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Salas de temas variados – muitas dedicadas ao mercado musical – permitem a profissionais fazer networking e obter informações valiosas, além de divulgar seu próprio trabalho; desvantagem principal é ainda operar só no sistema iOS (Apple)

Do Rio 

Uma rede social baseada na voz. Dito assim, de bate-pronto, poderia soar como algo especialmente desenhado para o mercado musical, mas não é bem assim. A simples divulgação de músicas não é o forte do Clubhouse, cujo principal pulo do gato são as conversas de alta qualidade que profissionais de diversas áreas – como o todo-poderoso dono da Tesla, Elon Musk – vêm tendo, o que permite fazer um bom networking.

Agora, antes de mais nada é preciso saber que há limitações no Clubhouse: a primeira, e mais importante: só funciona no sistema iOS, do iPhone, o que exclui, de saída, a maioria dos usuários de smartphones no mundo. A segunda é que a palavra club do título não é gratuita: trata-se, efetivamente, de um clube ao qual só se tem acesso através de convite. Ou seja, só pode participar das discussões quem tiver sido admitido por outro “sócio”. 

Nada que desanime Thiago Hideki, A&R na ONErpm. “Acho que há uma questão estrutural aí, de desenvolvimento. Um aplicativo para iOS e outro para Android são, na verdade, dois. Podem não estar preparados, com equipes para ambos. Já o fato de ser por convite, acho que é estratégia para gerar buzz. O Facebook, lá atrás, já a usou, o que ajudou a bombá-lo”, analisa. 

Luiza Antoniolli, coordenadora de mídias sociais da Macfor, AdTech focada em consultoria de marketing, faz coro: “Os criadores do Clubhouse estão limitando os acessos para gerar dados e relatórios. Isso irá prepará-los para os próximos usuários que entrarão. Não adianta criar uma rede social que vai gerar milhões de acessos em poucos dias e não estar preparado para isso.”

Ambos concordam que o ponto mais importante oferecido pelo Clubhouse é a capacidade de fazer networking e expandir suas relações profissionais muito além do que poderia fazer alguém que não tivesse a chance de encontrar numa sala um grande profissional do seu setor.

“Um dia você entra, e tem uma sala com o (músico e cantor) Matuê, uma sala com o Rodrigo Lemos, que já empresariou o 1Kilo, trabalha com a Blitz... Também estão lá gente ligada ao pop, como Jota Quest, Lagum... Há muitos artistas e profissionais da música lá. A primeira coisa que pode acontecer é fazer contatos e adquirir conhecimento. Isso, por si só, vai te ajudar a bombar. São pessoas que podem te gerar novas oportunidades de negócios”, diz Hideki.

Marina Mattoso, diretora-executiva da agência de comunicação Jangada, com vários clientes na música, faz uma analogia com o mundo real: “(No Clubhouse), parece que eu estou nos corredores do UBC Sem Dúvida ou de outro evento da indústria musical, conhecendo profissionais do mercado apenas pelo fato de termos um conhecido em comum que me chamou pra roda de conversa”, ela define. 

O próprio momento que o mundo vive, aliás, também explica o hype gerado em torno do Clubhouse. Com grande parte do planeta confinada ou trabalhando de casa, os eventos de que fala Marina foram transferidos para nossos computadores e celulares. “Muitas vezes, nem nos arrumamos para trabalhar. Passamos o dia descabelados e com aquela camiseta velha. O formato voz contribuiu para que muitas pessoas se sentissem mais à vontade”, brinca Hideki.

Para Antoniolli, o sucesso do Clubhouse vai de mãos dadas com o boom de outro formato de voz que se expande aceleradamente: os podcasts. “O número de acessos a podcasts vem crescendo muito nos últimos anos. É prático para os usuários entrar nas salas e escutar o conteúdo. Nós conseguimos trabalhar enquanto estamos “navegando” nessa rede social. Conseguimos fazer parte de algo sem ter que ficar dando likes. A era da imagem continua, mas acredito que muita gente abandona a criação de conteúdo diário por não estar nos padrões aceitáveis de cada plataforma. Isso cansa! Acredito que estamos (também) na era da voz e precisamos aproveitar essa onda”, pondera.

Mattoso vê na limitação ao iOS uma fraqueza atual da rede. “Não vislumbro, por ora, artistas do mid e do mainstream usando exclusivamente a plataforma em lançamentos”, ela afirma. Mas os pequenos já estão se movendo. “Tenho visto salas em que os independentes estão promovendo seus lançamentos, falando do seus trabalhos. 'Tenho uma música guardada e quero mostrar aqui para todos, se alguém gostar, podemos gravar juntos'. São grandes e múltiplas oportunidades”, prevê Hideki.

O caráter de clubinho exclusivo também tem suas vantagens e permite uma boa circulação entre diferentes salas, ajudando os profissionais de qualquer área a expandir seu universo rapidamente. “Para o artista se comunicar com seu público final, acredito no uso da plataforma para comentar lançamentos musicais, mas também pilares da sua persona que não necessariamente sejam musicais. Por exemplo, um artista que fala sobre saúde mental em sua obra poderia perfeitamente usar o Clubhouse para criar uma sala de conversa relacionada ao tema, com outros especialistas no assunto”, raciocina Mattoso.

Antoniolli sugere a quem já se aventura por lá seguir o máximo de pessoas do seu interesse e entrar em muitas salas. “Isso aquece o algoritmo do ClubHouse. Criem salas e não se importem com o número de espectadores, lembrem-se de que o importante aqui é disseminar o conteúdo! A era da voz chegou, e você precisa começar antes de todos os seus concorrentes para nadar nesse mar azul, que chamamos de oceano orgânico. Escreva uma biografia relevante para que as pessoas saibam exatamente qual é o conteúdo que você irá abordar. Trabalhe em tópicos e lembre-se de que a sua bio é um resumo do que você é e do seu objetivo nessa rede.”

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