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Oito perguntas para Ana Vilela
Publicado em 21/09/2017

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Fenômeno que surfa os bons ventos movidos a “likes” na internet, a autora do sucesso “Trem Bala”, elogiado por Bündchen e cantado por Luan Santana, tem muito mais a mostrar, apesar da pouca idade

De São Paulo

Ana Vilela é uma menina de 19 anos, cujos discurso articuladíssimo e caráter solar cativam instantaneamente. Seu primeiro e, por enquanto, único megassucesso, a canção “Trem Bala”, estourou nas redes sociais há alguns meses, com direito a elogios e compartilhamento pela übermodel Gisele Bündchen e dobradinha entre Ana e Luan Santana na TV (na foto ao lado). O clipe, que só veio depois, em julho, já bateu 14,6 milhões de visualizações.

Consciente da efemeridade dos bons ventos movidos a “likes”, a paranaense de Londrina mostra ter muito mais o que dizer. Em entrevista ao site da UBC, Ana, cujos versos para cima destoam destes tempos politicamente radicalizados que vivemos ao pregar coisas como “Segura teu filho no colo/ Sorria e abrace teus pais enquanto estão aqui/ Que a vida é trem-bala, parceiro/ E a gente é só passageiro prestes a partir”, elogia o meio digital, fala em planos de expansão da carreira e conta quais foram suas influências.

 

Nos últimos anos se acumulam muitos casos de novos artistas que exploram as potencialidades da era digital para se lançar. Contudo, recaem sobre alguns deles a pecha de “artista da internet”. Para você, esse rótulo é vantajoso ou engessador?

ANA VILELA: Acho que depende do jeito que você leva o rótulo, sabe? Eu não acho que seja uma coisa ruim, não, acredito que a maior parte do público hoje está na internet, e é lógico que existe um desafio em sair da internet e se tornar um artista das ruas, da TV, da galera. Mas acredito que não tem nenhum problema esse rótulo, e não é nada negativo poder usá-lo e carregá-lo.

 

Exibir-se ao tribunal da rede — que, sabemos, é cruel e produz efeito manada — é um limitador da criatividade? Em outras palavras, bombar nas redes pode se tornar um objetivo em si, impedindo ao artista expressar-se com liberdade?

Também acho que depende muito da pessoa e da cabeça de quem está lidando com tudo isso! É lógico que bombar na internet, principalmente do jeito que aconteceu comigo, do dia para a noite, é muito assustador para uma pessoa da minha idade, mas acredito que é só focar no trabalho e não se deslumbrar com tudo isso que as coisas funcionam normalmente. Eu, por exemplo, continuo compondo, escrevendo músicas novas, trabalhando em outros projetos... Mas acho que vai tudo da cabeça da pessoa, mesmo.

 

Há muitas queixas sobre a política dos centavos da era digital, com serviços de streaming acusados de remunerar mal ao artista. Como vê esse panorama? Crê que, apesar das falhas, mover-se por meios digitais é melhor do que no mercado tradicional?

Acho que a gente acaba precisando se adaptar, né? De alguma forma, antes até era possível a alguns ganhar muito dinheiro vendendo discos. Mas hoje há muitos meios mais, formas de divulgação e distribuição do nosso conteúdo! Então, creio que não seja algo tão ruim.
 

Tudo aconteceu bem rápido com você: a que acha que se deveu o estouro, o convite para aparecer na TV, o elogio de Gisele Bündchen, a aproximação a um astro como Luan Santana?

Acho que na verdade tudo aconteceu de uma maneira muito orgânica. Lógico que essas coisas contribuíram muito, mas “Trem Bala” apareceu apareceu de uma maneira que ninguém esperava, muito menos eu (risos). Então, tudo isso que citou foram empurrõezinhos que a música ganhou, e ganha até hoje, vez ou outra, com um artista ou outro postando, algum programa de TV que a gente faz ou algum evento que acontece com a música. Mas creio mesmo que seja um trabalho muito orgânico.

 

 

Que tipo de som a influenciou? O que escutava quando mais nova?

É até difícil dizer, são tantos (risos). Sempre gostei bastante de Legião Urbana, Cazuza, Elis Regina, entre outros que acho serem inspirações das antigas até hoje. Da galera da nova cena, escuto muito Tiago Iorc, AnaVitória, Maria Gadú... Quando pequena, minha tia cantou muito para mim “Leãozinho”, do Caetano, e isso me fez pegar um gostinho por MPB.

 

Se não fosse esse estouro e essa promessa de uma boa carreira pela frente, haveria um plano B?

Sempre teve um plano B. Porque meu sonho sempre foi a música, mas nunca pôde ser uma realidade, por conta da minha condição financeira. Sempre morei com os meus avós, que são aposentados, enfim... E eu tinha planos de cursar Letras, tanto que, no dia em que fiz a primeira fase do vestibular, descobri que a música estourou, e aí aí já não conseguia acompanhar mais e me dedicar aos estudos 100%... Mas esse era o plano B: fazer faculdade de Letras.

 

Há planos de lançamentos “tradicionais”, ou seja, na forma de álbuns etc? Já há coisas novas no radar? 

Sim! Não posso dizer muito ainda, mas tem muita coisa linda vindo por aí! Ssetembro e outubro prometem.

 

A dinâmica de produção e distribuição de músicas na era digital também eliminou a necessidade de sair da própria cidade, a partir da qual se pode facilmente alcançar o mundo. Você pretende continuar em Londrina?

Eu não teria que sair da minha cidade por conta de tudo que aconteceu e está acontecendo! Acaba se tornando uma questão de sair porque se quer, mesmo. Hoje em dia eu passo muito mais tempo indo para casa do que estando em casa, sabe? Sei que, se eu morasse no Rio ou em São Paulo, isso diminuiria drasticamente. Então analisamos as possibilidades, mas por enquanto estou em Londrina.


 

 



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