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'Quero passar mensagem, não apenas cantar'
Publicado em 05/10/2017

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Kell Smith, que estourou há alguns meses com hit de empoderamento feminino, celebra a proliferação de mulheres compositoras na música brasileira e a parceria com Rick Bonadio

De São Paulo

Ela chegou com “o pé na porta” — e um ótimo som para mostrar —, colocando um single do seu EP de estreia entre as mais tocadas e compartilhadas da rede no último mês de março, por ocasião do Dia Internacional da Mulher. Com sua mistura de MPB, hip hop e pop, Kell Smith é uma bem-vinda novidade da cena musical nacional, e seu hit “Respeita as Mina”, quase cinco milhões de visualizações do clipe oficial só no YouTube, é uma mensagem forte de empoderamento feminino envelopado numa voz potente e numa batida que captura. Aos 25 anos, a mineira radicada em São Paulo é uma forte aposta do megaprodutor Rick Bonadio por reunir forma, conteúdo e atitude.

“Kell conseguiu o celular do Helio Leite, meu diretor de marketing, e mandou uma música. Ele me mostrou, e marcamos uma reunião”, ele relembra o processo simples e direto de aproximação. “Pessoalmente, vimos que era uma artista de muito talento e personalidade. Ela ainda estava começando, isso faz dois anos, e seu som estava ainda indefinido. Ela tinha muita MPB na sua música, mas também uma influência forte do hip hop e do pop. Com o tempo, trabalhando juntos, as composições foram ganhando cada vez mais força, e o estilo MPB pop com influência do hip hop ficou bem claro.”

O fortalecimento de mensagens como a de Kell o produtor atribui ao bom momento que a música brasileira vive. “Estamos passando por um momento de amadurecimento em nossa sociedade. O empoderamento feminino, o respeito às minorias e a quebra de preconceitos são temas férteis para os artistas da música. Estou sempre ligado no que acontece na vida das pessoas e tenho incentivado isso nos artistas que produzo. Não acredito nas letras vazias. Não é fácil encontrar o equilíbrio entre conteúdo e sucesso, mas é necessário alguém se esforçar por isso”, ele afirma.

Kell consegue. E, nesta entrevista com o site da UBC, fala sobre seu papel como compositora e mulher na música brasileira. 


 

Um levantamento mostra que 25% de tudo o que os estadunidenses ouvem hoje são hip hop, desbancando o rock. No Brasil, há indícios de que esse movimento também está acontecendo. Como foi a sua aproximação ao estilo?

Conheci realmente o hip hop há pouco tempo. Quando mais nova, um primo apaixonado pelo movimento me apresentou. Mas, para ser sincera, eu tinha um preconceito ridículo porque as letras eram bem REAIS. De uma realidade que eu pouco conhecia. Graças a Deus, tive a oportunidade de realmente entender e mudar minha opinião! Foi morando em Presidente Prudente (SP) que eu conheci a cultura e o movimento a fundo e passei a reconhecer o bem que faz à sociedade. Além disso, conheci também que delícia musical o hip hop é. Nessa época, eu cantava em bares e decidi inserir alguns raps no meu repertório. E assim começou o meu envolvimento com o estilo. Pouco depois, me arrisquei a compor e misturá-lo ao meu som. O rap me faz sentir sendo entendida. E, como compositora, isso é incrível, porque quero passar mensagem, e não apenas cantar.

Como é ser uma mulher nesse movimento?

É um argumento de resistência.

Pródiga em cantoras, nossa música ainda tem poucas compositoras, se pensarmos no universo total de mulheres envolvidas com o mercado....

Nós não estamos paradas — e não há como nos parar. As mulheres estão chegando e ficando. Em todas as áreas. E, hoje, o que devemos falar é sobre como nos unir e lutar para que não nos contentemos com pouco, porque temos total capacidade de estar em igualdade em qualquer área.

Você compõe há muitos anos? Como foi seu envolvimento inicial com a música?

Eu componho há quase dois anos. Tudo começou aos 12, quando meu pai me deu o LP “Falso Brilhante – Elis Regina”. Ali, a música me encontrou — mas, então, como uma ouvinte apaixonada. Eu cantava na igreja, mas jamais pensava em fazer isso da vida, porque a música era coletiva e servia apenas para me aproximar de Deus. Até que, há 3 anos, resolvi mudar a minha vida completamente e começar a cantar em bares. Foi minha primeira tentativa de total entrega à música, parecia loucura... Mas meus incentivadores eram confiáveis: meu pai e meu melhor amigo (risos). Após um ano de barzinho, mandei minha primeira composição para o Hélio, que trabalha com o Rick, e foi o meu primeiro “sim”!

A letra da música "Era Uma Vez" é a mais visualizada do mês no site Vagalume.

 


 

 



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