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100 anos de Noel Rosa, 100 anos de samba
Publicado em 10/12/2010

Imagem da notícia Noel Rosa foi um dos responsáveis por tornar a moderna música popular brasileira no ícone máximo de representação da identidade nacional. No centenário de nascimento do compositor, relembramos a obra de Noel e sua enorme contribuição para a evolução formal do samba.

Noel completaria 100 anos de idade no dia 11 de dezembro de 2010 se estivesse vivo. Morreu aos 26 por causa de uma tuberculose. Infelizmente os vestígios materiais de sua obra não foram preservados, mas ela permanece forte na cultura brasileira.

Nasceu em 1910 na rua Teodoro Silva, em Vila Isabel, bairro da zona norte carioca que o marcou pelo resto da vida. Algumas histórias contam que seu parto foi difícil e o uso do fórceps resultou no afundamento da mandíbula que marcou sua imagem. Estudou no tradicional colégio São Bento, mas sua iniciação musical se deu em casa onde aprendeu a tocar bandolim com a mãe, passando em seguida para o violão. Outro fato marcante em sua vida, foi ter presenciado o suicídio da avó. Noel chegou a cursar faculdade de medicina, mas desistiu logo no primeiro ano para se dedicar exclusivamente à música.

Começou tocando com os seus amigos no bando de Tangarás, mas foi só no carnaval de 1931 que obteve seu primeiro grande sucesso com a música: "Com que roupa?". A partir daí veio uma sucessão de canções que imediatamente se tornaram muito populares. Era o samba carioca ganhando forma. Noel Rosa foi um dos pioneiros, não só de um gênero musical, mas de toda uma maneira de se compor canções ao condensar o clima, o espírito boêmio e uma subjetividade quase folclórica em suas músicas. A identificação do público diante de sua obra era imediata ao se verem retratados nos mesmos dilemas e aspirações, e o mais importante: ao verem sua própria linguagem retratada. As palavras de Noel eram simples e objetivas. Foi um grande poeta do cotidiano.

Em sua coluna na revista "Música e Letra", uma publicação da UBC em 1956, Lamartine Babo declarou: "De fato, Noel Rosa é desse tipo de autores que aparecem raramente no cenário da música popular. Ele aliava à sua bossa musical, uma cultura sólida."

Em 1934, compôs "Rapaz Folgado", como resposta a "Lenço no Pescoço" do sambista Wilson Batista. Em seguida, fez "Feitiço da Vila" e Wilson respondeu com "Frankenstein da Vila". A disputa entre os dois que rendeu alguns dos maiores sambas de nossa história foi motivada por causa de uma namorada que deixou Noel para ficar com Wilson. Ainda neste ano, Noel se casou com Lindaura e morreu de tuberculose em 1937, sem deixar filhos. Viveu intensamente entre as mulheres, os amigos e os bares, mesmo quando estava casado. Não tinha amarras, nem se impôs restrições. Viveu em função da música. Compôs mais de 300 de obras que até hoje são gravadas por grandes nomes e redescobertas por jovens artistas. Vida longa à obra de Noel! Ela está eternizada no imaginário de toda a nação.

Curiosidade:

Aos 19 anos de idade, em 1929, Noel Rosa se juntou aos amigos João de Barro, Almirante, Alvinho e Henrique Brito para criar canções de inspiração nordestina e formar o "Bando de Tangarás". O grupo se tornou bastante popular e chegou a ser filmado pelo italiano Paulo Benedetti, diretor radicado no Brasil que fazia as primeiras experimentações com o áudio no cinema e colecionava filmagens com artistas da música popular e do rádio, algo bem próximo dos videoclipes que conhecemos hoje.

Em 1994, o diretor paulista Alexandre Dias da Silva encontrou os negativos originais do filme em uma feira de rua! O vendedor não fazia ideia de seu valor histórico e Alexandre utilizou o único registro filmado que temos de Noel Rosa para fazer um curta-metragem: "O Cantor de Samba".

Link para o único registro em vídeo de Noel:

 

 



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