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Zeca Baleiro e a aposta no álbum 'de histórias'
Publicado em 30/05/2018

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Na era dos singles, o cantor e compositor maranhense renova sua crença na narrativa dos discos e reúne em "Arquivo_Raridades" boas peças que nunca haviam sido apresentadas juntas

De São Paulo 

O que fazer com aquelas suas criações dispersas, que foram sendo lançadas soltas, ou para projetos específicos, e que acabaram ficando pelo caminho? Talvez muita gente responda que as deixaria repousando no passado. Para a nossa alegria, Zeca Baleiro não é uma dessas pessoas. Ao lançar seu “Arquivo_Raridades”, seu 17º álbum de estúdio — incluindo-se os dois infantis —, ele aposta mais uma vez nesse espírito de resgate de materiais aparentemente desconexos, presente já nos anteriores “Lado Z” (2007), “Lado Z Volume 2” (2012), “Arquivo_Duetos 1” e Arquivo_Duetos 2 (ambos de 2017). 

De desconexos, aliás, os conteúdos — sejam seus, sejam de outros compositores — não têm nada. Na era dos singles e da audição rápida em plataformas de streaming, Zeca continua a apostar no conceito de álbum. E se empenha em ter sempre uma história para contar ao longo do fio que costura as canções.

VEJA MAIS: Zeca Baleiro manda um recado aos leitores do site da UBC

“Tenho 52 anos, vivi tempos de apogeu do vinil e do CD e, por isso, tenho um certo apego à narrativa de um disco, à tentativa de contar uma história, por mais subjetiva que seja. Isso não impede que eu lance singles, lancei três este ano já. Mas a agilidade do digital permite que se explore os vários formatos. E, além de tudo, eu precisava pôr essas músicas no mundo logo, para esvaziar a cachola e criar novas”, ele diz ao site da UBC.

Dele é “A Estrada me Chama”, composta para a série “O Dia Em Que Nos Tornamos Terroristas”, rodada no seu Maranhão natal. Também compôs “Tarde de Abril”, e a ideia era que ela ganhasse o mundo pela voz de outro cantor. ““Há mais de dez anos, li uma matéria sobre um projeto em que Roberto Carlos gravaria apenas compositores nunca gravados por ele, das ‘novas gerações’. É um sonho de consumo dos compositores da minha geração ter uma música gravada pelo Rei. Imediatamente compus a canção, gravei ao vivo no estúdio, acompanhado apenas de Adriano Magoo ao piano. Enviei a canção através de uma amiga do empresário de Roberto. Nunca tive retorno se o cara ouviu. Mas a gravação me agradou tanto que resolvi colocá-la neste disco”, conta. 

Baleiro admite que não sabe se o Rei chegou a ouvir a canção, agora que ela vai traçando seus próprios caminhos. “Mas o Fagner ouviu e me disse 'se o rei não gravar, o príncipe grava'”, ri o maranhense. 

“Armadilha”, composição de Nelson Coelho de Castro e Denise Ribeiro registrada na série “Animal”, do GNT; “O Chamado”, de Marina Lima; “Chuva Fina”, um tributo a Michael Sullivan; e “Baloque”, versão rocka feita por Baleiro da canção de Chico Buarque são outras das obras que ele reuniu em “Arquivo_Raridades”.

Tamanha foi a pesquisa que uma coisa vai puxando outra, que vai desenrolando uma ideia, trazendo uma inspiração... “E a verdade é que já tenho bastante coisa engatilhada para outros projetos. Tenho projetos de um CD de sambas, outro de baladas, outro de bregas... A 'inspiração' das canções vem muito da observação do mundo ao redor. E, como o mundo anda muito estranho, não está fácil fazer canções”, ele se diverte. “Mas a gente vai driblando isso, cantando o amor e a esperança num mundo melhor, que é o que nos alimenta.”


 

 



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