Zé Geraldo celebra seus sucessos com show em São Paulo e DVD em parceria com o violeiro Francis Rosa
De São Paulo
Mineiro de Rodeiro, na Zona da Mata, o cantor, compositor e instrumentista Zé Geraldo é uma ponte entre dois mundos. Tido como um dos pais do chamado rock rural brasileiro, ele tem também forte expressão no mundo sertanejo e da música de raiz do interior brasileiro. Suas cerca de duas centenas de composições bebem ao mesmo tempo na fonte nobre de artistas como Bob Dylan ou Jimi Hendrix e nas modas de viola, e de ambos universos extrai canções que têm como marca o poder da palavra.
Completando 40 anos de carreira profissional (agora em 2019), ZéGê, como também é conhecido, acaba de lançar mais um projeto, em parceria com o jovem violeiro Francis Rosa (com ele na foto), que derivou no lançamento de um DVD. Em “Cantos & Versos”, ambos evocam o melhor do mundo do compositor mineiro, cujos sucessos “Cidadão, “Como Diria Dylan” e “Senhorita”, entre tantos outros, são conhecidos por diferentes gerações.
Esta sexta-feira (14), o artista celebra seus recém-completados 74 anos com o show “Sarau de Aniversário”, no espaço multicultural Estrella Galicia Estação Rio Verde, no bairro paulistano de Pinheiros, a partir das 20h30. Entre os convidados, nomes como Duofel, Chico Teixeira, Renato Godá e Toninho Porto.
Num bate-papo com a UBC, Zé Geraldo fala sobre o projeto “Cantos & Versos” e sobre sua produção atual.
Como surgiu o “Cantos & Versos”? No show, há só releituras de clássicos seus ou também coisas inéditas?
Fiquei sabendo que lá pelas bandas de Joanópolis (MG) havia uns jovens cantando minhas músicas. Fui ver, e acabamos ficando amigos, houve uma interação natural entre nós... Fizemos alguns shows juntos, e, daí, nasceu a ideia do DVD. O repertório tem releituras de músicas minhas e outras do violeiro Francis Rosa.
Essa “migração” para o universo da viola, neste projeto, não é nem de longe uma migração, mas só uma manifestação mais de um universo que você conhece bem. Houve algum tipo de preconceito, tanto do pessoal do rock quanto do sertanejo, por você militar em ambos mundos?
Quis gravar minhas composições com arranjos voltados para o universo da viola justamente porque sou interiorano e tenho um pé no mato, outro no rock, coincidentemente o mesmo (estilo) do Rosinha. Não houve preconceito nenhum... os instrumentos não brigam (risos). Isso é coisa dos homens!
São quase 40 anos de uma bem-sucedida carreira...
Desde os 8 anos eu já cantava em bandas de bailes. Fiz dois anos de festivais (na década de 1960), mas então eu tinha outra atividade. Foi a partir de 1979, quando fui lançado pela CBS, que começou minha carreira profissional. Portanto, sim, ano que vem serão 40 anos.
Neste tempo, tem uma ideia de quantas canções escreveu/gravou e quantas criações suas outros artistas gravaram?
Já fiz umas 200 canções, a maioria gravada por mim.
Hoje você tem estado mais associado ao universo “rural”, por assim dizer, com participações em rodeios e eventos no interior do país, do que ao rock duro. Foi uma escolha deliberada?
Tenho andado por onde me levam, seja teatros, rodeios, festas de cidades etc. Um ano ou outro tem acontecido de ser mais em rodeios, mas é só por coincidência.
No entanto, também houve recentemente o projeto “Hey, Zé!”, inspirado em “Hey Joe”, do Jimi Hendrix. No que exatamente a obra de artistas como o guitarrista americano contribui para a sua criação artística?
Quando comecei a aprender violão, fui apresentado a Jimi Hendrix cantando “Hey Joe”. Foi avassalador, nunca mais esqueci. Por isso, recentemente, resolvi fazer uma versão da música, alterando um pouco o tema. Na letra original o cara mata a mulher. Na minha versão, ele ainda não matou, e eu tento tirar essa ideia da cabeça dele. “Hey Joe” virou “Hey, Zé!”.
O que tem criado de novo? Há algum plano de lançar um disco de inéditas proximamente?
Eu e o Francis Rosa estamos compondo canções para um CD de inéditas, com o título “O Poeta e o Violeiro”. Pretendemos lançar no primeiro semestre.