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Mulheres são maioria em só 17% dos grandes festivais
Publicado em 12/02/2020

Levantamento da UBC analisa programação de 17 dos principais eventos nacionais do gênero e os divide em três categorias: Elas Dominam, Igualdade (ou Quase) É Isso Aí e Clube do Bolinha

Por Duda Monnerat, do Rio

A disparidade entre homens e mulheres nos line-ups dos maiores festivais do Brasil ainda é grande. Uma análise da programação de 17 dos grandes eventos do gênero constatou que a grande maioria tem preponderância masculina, enquanto que só quatro – ou 17,6% – tiveram mais de 50% de atrações femininas em 2019.

Nos eventos mais procurados pelo público, o Rock in Rio (700 mil pessoas em todos os dias de shows) e o Lollapalooza (246 mil), foi notória a subrepresentação feminina quando se analisa unicamente o palco principal, de maior visibilidade. No evento carioca, só 25% das atrações do Palco Mundo eram mulheres; já na versão paulistana do megafestival dos EUA, não mais do que 8% dos artistas que tocaram no Palco Budweiser eram do sexo feminino.

Na outra ponta, há o caso do Coala Festival, cuja programação foi 73% feminina. Durante dois dias inteiramente dedicados à nova música brasileira no Memorial da América Latina, em São Paulo, onze atrações revezaram-se no palco. Oito delas (73%) eram mulheres. Josyara, Dona Onete, Duda Beat, Elba Ramalho, Mariana Aydar marcaram presença no primeiro dia. No segundo, a sambista Geovana participou do show de Curumin, e Maria Gadú subiu ao palco com Chico César.

Mesma pegada teve o MIMO, também em São Paulo, com 60% de mulheres (Feminine Hi-Fi, Marta Pereira da Costa e Xênia França entre elas) liderando os shows. Idealizado pela produtora Lu Araújo, o evento é uma espécie de símbolo de um desejo de coprotagonismo feminino que se reproduz em outros festivais. “Sempre afirmo que o MIMO é um festival feminino, de liderança e alma feminina. É democrático, inclusivo, inovador, multicultural e de vanguarda”, ela afirmou.

Além dos festivais já mencionados, analisamos também os line-ups de Popload Festival, Queremos, NAVE - ‘OFestival das Anavitória’, MECAInhotim, Festival de Inverno de Garanhuns, CoMa, Se Rasgum, Abril Pro Rock, VillaMix, Psicodália, Coolritiba, Sarará e Planeta Atlântida. Todos foram divididos em três categorias: Elas DominamClube do BolinhaIgualdade (ou Quase) É Isso Aí.

ELAS DOMINAM

Além de Coala e MIMO, outro festival, o Popload, trouxe à sua sétima edição um timaço de mulheres. Como no caso do MIMO, 60% das atrações eram do sexo feminino, como Luedji Luna, Cansei de Ser Sexy, a rapper britânica Little Simz, o trio americano Khruangbin, a cantora sueca Tove Lo e a norte-americana Patti Smith, que veio acompanhada de sua banda. E acaba aí o time dos eventos com maioria para elas.

CLUBE DO BOLINHA

Rock in Rio (Palco Mundo), Lollapalooza (Palco Budweiser, só com Marisa Monte entre os 11 shows principais) e o festival João Rock 2019 são os representantes máximos do clube. O primeiro, por seu peso potencial de difusão da diversidade que não é aproveitado; o segundo, pelos 8% de mulheres no line-up; o terceiro, por só 4% de mulheres, como uma única cantora entre as 23 atrações. 

Os três não estão sós. O evento itinerante VillaMix teve 18 edições em 2019. Só seis, ou um terço, tiveram mulheres tocando. É isso mesmo. Os shows em Belo Horizontes (MG) e Vitória (ES) contaram com Ivete Sangalo. Em Uberlândia (MG), a DJ Larissa Lahw participou do evento. A dupla Simone e Simaria esteve nas passagens por Manaus (AM) e Goiânia (GO), na qual  Anitta também integrou as atrações. A cantora Lauana Prado representou as mulheres no evento de Fortaleza (CE). De resto, 100% homens no line-up.

Coolritiba ocorreu por dois dias, em Curitiba, com 19 atrações musicais. A terceira edição do festival teve as apresentações de Letrux, Flora Matos, Tiê, Mulamba e a banda Far From Alaska, que foi o grande show do Palco Arnica, somando 26% de participantes femininas.

O festival Sarará aconteceu na Esplanada do Mineirão, em Belo Horizonte, com mais de 12 shows em dois palcos. Dentre as atrações, 17% eram mulheres como Duda Beat Convida Pabllo Vittar, Letrux Convida Marina Lima e IZA, featda banda Lagum.

A 24ª edição do Planeta Atlântida, em Xangri-lá, litoral do Rio Grande do Sul, contou com mais de 40 atração nos dois dias de festival. No Palco Planeta, o principal, as cantoras Anitta e Pitty se apresentaram. No Palco Atlântida, a banda Melim e a DJ Lari Hi foram as únicas atrações com mulheres a se apresentar, totalizando 10%.

Se Rasgum, em Belém, contabilizou 31 shows nos três dias de festival. Teve 12 atrações femininas, ou 39%, com Gal Costa, Luê, Suzana Flag, Mulamba e Bando Mastodontes entre elas. 

No Baile Perfumado, no Recife (PE), ocorreu a 27ª edição do festival Abril Pro Rock, com 21 shows em três noites. Uma curiosa configuração isolou as mulheres ao segundo dia do festival, com homens ocupando todo o resto. 

IGUALDADE (OU QUASE) É ISSO AÍ

A programação do festival Queremos, na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, teve 50% do line-up feminino, com Luedji Luna, Jade Beraldo, Gal Costa, Carne Doce, Duda Beat e a cantora norte-americana Allie X entre as estrelas.

NAVE - ‘O Festival das Anavitória’, em São Paulo, teve como atração principal o duo anfitrião. Reuniu sete artistas da nova geração da MPB e da música pop, incluindo a Banda Melim; 46% eram mulheres. 

Com três dias de shows, o MECAInhotim, também levou 46% de artistas mulheres ao maior museu a céu aberto da América Latina, perto de Belo Horizonte. No CoMa (Convenção de Música e Arte), em Brasília (DF), as mulheres solo (Maria Gadú, Liniker, Letícia Fialho, Natalia Carreira) ou em bandas como Tuyo e Francisco, El Hombre, foram 45% do total. 

Um pouco menos, 43%, foi a representatividade feminina no gigantesco Festival de Inverno de Garanhuns, em Pernambuco, com 37 headliners em dez dias. Elba Ramalho, Zélia Duncan, Céu, Roberta Miranda, Fafá de Belém, Mariana Aydar, Alcione e Maria Rita, entre muitas outras, dividiram o espaço com os homens e mandaram seu recado.

Nos próximos dias, aqui no site e nos demais canais informativos da UBC, confira os dados de mais uma edição do nosso levantamento anual Por Elas Que Fazem a Música, recheado de números sobre a participação da mulher nos diferentes elos da cadeia musical e recomendações para melhorar a igualdade de gênero.


 

 



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