![Imagem da notícia]()
RIO DE JANEIRO - Fumando um cigarro em seu apartamento no Leblon ¿ inteiramente pintado por ele com tintas de várias cores ¿ Oswaldo Montenegro tem a postura tão tranquila que parece até não ter uma viagem programada para dali a algumas horas, nem um ano cheio de shows, filmes e peças para divulgar. Completando 30 anos de carreira, o cantor e compositor marca a data com o show de lançamento do DVD Quebra-cabeça elétrico, sexta-feira e no sábado, no Canecão, além aguardar a estreia em um programa de TV e um longa-metragem escrito e dirigido por ele. Um dos destaques do DVD é a flautista Madalena Sales, que acompanha Montenegro há 35 anos, e a quem ele não poupa elogios, até brincando que é ela quem deveria ser entrevistada. Madalena dá um toque erudito ao show, que também tem um lado pesado influenciado por um dos lugares onde viveu.
¿ Acho que a minha música é o resultado de São João del-Rei, em Minas Gerais, com Brasília, os dois lugares onde morei mais tempo ¿ compara Montenegro. ¿ Minas era o aconchego, a música barroca das igrejas, a seresta, os amigos dos meus pais tocando na nossa casa, uma música ligada ao afeto. Brasília é o contato com o rock e a música nordestina, com a aridez, tanto no sentido poético quanto físico mesmo. Essas duas vertentes estão muito presentes no show do Canecão.
O repertório também é resultado das influências e vivências musicais do cantor.
¿ O show é praticamente dividido. Tem a parte que eu canto os companheiros de geração que acabaram virando amigos e parceiros, como o Zé Ramalho, Belchior, Alceu Valença. Essa primeira parte tem uma banda mais pesada. A segunda parte traz músicas que compus há muito tempo e das quais não enjoei ainda ¿ brinca, antes de citar Bandolins, Lua e flor, A lista, , Intuição, Estrada nova e Léo e Bia.
A última canção, que deu nome a uma peça sua, de 1983, está presente na nova empreitada do cantor: ele acaba de finalizar Léo e Bia, seu primeiro longa-metragem.
¿ A diferença de linguagem do teatro e cinema é total. No cinema o ator não mostra, ele sente e a câmera vê. Me cerquei de uma equipe muito profissional e sou muito grato a eles.
Léo e Bia fala de sete jovens de Brasília que tentam viver de teatro. A história se passa em 1973, no auge da ditadura militar.
¿ É uma história quase autobiográfica. De certa maneira eu vivi isso ¿ destaca Montenegro, que fez um paralelo entre a rigidez com que a mãe da personagem Bia cria a filha e a ditadura. ¿ Escolhi Françoise Fourton para o papel da mãe, por ser uma atriz capaz de mergulhar nesse universo e ao mesmo tempo ser tão sedutora como as ditaduras se mostram.
O filme ainda não tem data de estreia. Enquanto negocia a distribuição e procura parceiros para o lançamento, Montenegro pretende participar de vários festivais este ano.
Série estreia no segundo semestre
O namoro de Montenegro com o audiovisual estende-se pela série Filhos do Brasil, que ele prepara para o Canal Brasil. A gênese da futura atração televisiva é o premiado musical homônimo, que o cantor concebeu, roteirizou e dirigiu.
¿ Formei a Companhia Mulungo há um ano, e já no primeiro musical que montamos tudo caminhou muito rápido ¿ comemora. ¿ Por causa dele tivemos a imediata contratação para a série do Canal Brasil. Atualmente passo os dias escrevendo esses programas.
A série Filhos do Brasil, que já está sendo gravada e tem previsão de estreia para o segundo semestre, faz uma releitura poética do país.
¿ O programa aborda, com músicas, textos e danças, diversos aspectos do Brasil, às vezes com humor, às vezes com emoção ¿ adianta Montenegro. ¿ Além da Companhia Mulungo, tenho a saborosa intervenção de Jorge Mautner, falando pequenos textos durante os episódios.
Diante de tamanha produção, Oswaldo Montenegro minimiza a capacidade de gerenciar os compromissos com a música, o teatro e o cinema:
¿ Não suporto a vida fora da art