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Marco Aurélio Ferreira: na contramão ou na vanguarda do sertanejo?
Publicado em 03/02/2022

Enquanto o gênero mergulha nas misturas, compositor aposta forte na volta às raízes

Do Rio 

Ele é um dos compositores de "Camaro Amarelo", sucesso cantado por Munhoz & Mariano; "Amar Não é Pecado", hit de Luan Santana; "Chocolate Quente", canção interpretada por Michel Teló; e "Jogado na Rua", que ganhou a voz de Wesley Safadão. Tem várias de suas criações gravadas por artistas do naipe de Zezé di Camargo & Luciano, Maiara & Maraísa e Maria Cecília & Rodolfo. Tem uma dupla própria com Victor Gregório, um dos seus grandes parceiros na composição. Marco Aurélio Ferreira, conhecido artisticamente como Marco Aurélio, simplesmente não se cansa de criar. 

Inquieto, chega a compor 20 canções novas por mês — "já foram mais, hoje seguro (o ímpeto criativo) para não perder composição, tema e melodia" — e vem apostando em rancheiras, modas de viola e outros gêneros que não estão necessariamente no radar do sertanejo mainstream, focado nas fusões, sobretudo com ritmos nordestinos como o forró. Contramão ou pioneiro na busca por uma volta à raiz?

"Procuro fazer uma coisa fora do esquadro, muito diferente do que mais vem sendo tocado e repetido. O que eu quero é poder criar livremente, sem seguir a lógica fácil da repetição da fórmula do hit", resume em entrevista à UBC esse compositor sul-matogrossense para quem os fãs da música caipira pedem um reencontro com a sonoridade dos anos 80 e 90, décadas nas quais se cozinhou o estouro nacional do sertanejo, convertido no gênero mais popular do Brasil. "Acho ótimo misturar o sertanejo com forró, com arrocha, com qualquer estilo. Só não pode ficar se repetindo sem inovar. Fica tudo muito chato. E acho que não tem longevidade."

VEJA MAIS: O clipe de "Seu Passado Sem Eu", da dupla Victor Gregório & Marco Aurélio

Uma prova desse ensaio de volta às origens da qual ele parece estar na vanguarda é o mais recente projeto solo de Zezé di Camargo, o álbum "Rústico". O grande single, "Vou Ter Que Tomar Uma", saiu da caneta de Marco Aurélio, ao lado do parceiro Victor Gregório e de Carlos Alberto Soares, o Danimar:

"A gente buscou o espírito da música sertaneja de antigamente. O processo de criação foi muito fluido. O Dani, o Victor e eu trocamos demais, a gente tem ideia, e cada um vai contribuindo um pouco, acrescentando algo... Dani é um ótimo compositor e trabalha com o Zezé há vários anos. No final, a gente gravou um pré-arranjo e mandou pro Zezé, que respondeu com um áudio muito legal agradecendo. É um cara muito humilde, diferenciado. É sensacional trabalhar com ele."

OUÇA MAIS: "Vou Ter Que Tomar Uma" (ao vivo), na voz de Zezé di Camargo

Se agora está numa posição confortável, com trânsito entre alguns dos grandes do sertanejo, as coisas nem sempre foram fáceis para Marco Aurélio. "Encontrei muitas portas fechadas ao longo da minha carreira, inclusive a falta de apoio da família. 'Isso não é pra você, vai fazer outra coisa, vai ser juiz, vai ser médico...' Mas era o que eu curtia, tinha na mente e queria. Eu quis muito, me imaginei naquilo, e aconteceu, graças a Deus."

O foco absoluto no objetivo — tornar-se um compositor profissional e viver da sua música — foi, para ele, a chave da realização. "Aprendi que o universo quântico, da teoria quântica, explica nosso processo mental: eu quis muito e influí no universo. Quis ser compositor e pus toda a minha energia nisso. Trabalhei, quebrei a cara, voltei a tentar. Várias vezes. O universo conspirou a favor e deu o resultado que eu queria. Chamo isso de Deus, a grande força. Eu costumo usar uma frase do Vicente Dias, que tem músicas compostas para Amado Batista, José Rico, vários: quem compõe é Deus, a gente só escreve. E digo isso por essa força que me ajudou e também pelas coisas que me inspiram: o dia a dia, a natureza. Uma árvore, uma gota de chuva, uma decepção amorosa. Tudo."

Antenado nos movimentos mais populares da música nacional, Marco também compõe gospels, mas só teve "um ou dois" deles gravados.

"O gospel é um grande segmento. Como compositor, procuro fazer de tudo. Tenho afinidade com o sertanejo, mas componho música em geral. Um bom rock, um bom pagode, um bom sertanejo ou um bom gospel são a mesma coisa: música boa. É isso que a gente deve perseguir. Com inovação, originalidade e sensibilidade para entender o mercado e o público", ensina.

Para este ano, além das composições para outros intérpretes, ele pretende lançar coisas novas ao lado do parceiro Victor Gregório na sua dupla. O foco? Provavelmente, um estilo totalmente fora da caixinha. "As melhores misturas de sertanejo, pra mim, foram com o pagode. Funciona muito. É muito povão, galera, fala com a massa. São dois ritmos que falam com a massa. Agora, com a música do Nordeste, tá bem legal, só um pouco maçante. Precisa dar uma diversificada."

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