Já com revista digital, podcast e jam session, a associação também lança selo comemorativo e playlists para celebrar as oito décadas de luta pelos direitos autorais
Do Rio
Se você acompanha a UBC nas redes sociais, já deve ter percebido as diversas iniciativas que estão acontecendo. No ano em que completa seu 80º aniversário, a associação lança uma série de projetos comemorativos, que vão de podcasts com profissionais do mercado musical a rebranding da marca. O objetivo é mesclar tradição e inovação, celebrando o longo caminho trilhado pelos fundadores e titulares junto às novas possibilidades de um mundo cada vez mais moderno e inclusivo.
Com uma rica agenda comemorativa, a UBC reabriu as portas da Casa UBC em maio para receber diversos artistas da cena musical independente. O evento, que acontece bimestralmente, se tornou um ponto de encontro para a criação de oportunidades e parcerias a curto, médio e longo prazo. Por lá, já passaram artistas como Jonathan Ferr, Victor Mus, Catha, Varandão, Cold Jas, Jota.pê, Isabel Filardis, duo Troá, entre vários outros.
No online, os projetos também não param. Em parceria com o produtor musical e criador de conteúdo Clemente Magalhães, o Canal Corredor 5 vem lançando entrevistas exclusivas semanalmente com profissionais do mercado musical. O objetivo é mostrar a trajetória dos entrevistados, trazendo diferentes histórias e olhares. Serão publicadas, ao todo, 80 entrevistas, mas já é possível conferir os bate-papos com Paula Fernandes, Manu Gavassi, Jovem Dionísio e dezenas de outros.
Tecnologicamente, houve a adaptação da Revista UBC para o formato digital. Além do trabalho de ajustar os conteúdos de texto, imagem e som para a versão digital, entrou em cena o redesenho completo da publicação, feito pela agência Crama Design Estratégico, do Rio. A empresa, parceira de longa data da UBC, também é responsável pelo rebranding da marca e pela construção do novo manifesto da associação, lançado em junho deste ano.
VEJA MAIS: O novo manifesto da UBC
Agora, a UBC lança seu selo comemorativo aos 80 anos, também elaborado pela Crama Design, e adaptado para a identidade visual das playlists UBC no Spotify. Sob curadoria do compositor e produtor Ronaldo Dubas e de Léo Pereda, as playlists são construídas para relembrar grandes sucessos dos titulares ao longo das oito décadas da associação.
Playlists especiais por Ronaldo Bastos e Léo Pereda
Por Ronaldo Dubas, compositor, produtor e curador das playlists da UBC
São poucos os países que têm sua própria música como a mais ouvida dentro de suas fronteiras. Especialmente hoje, em tempos tão amplamente globalizados. Canções em inglês dominam as ondas do rádio, as recomendações das plataformas de streaming e os veículos audiovisuais em boa parte do mundo. No Brasil, essa presença também é forte e às vezes até faz pensar que somos 'colonizados demais'. Afinal, nós não damos esse mesmo espaço a músicas da América Latina ou do continente africano, que tanto mais teriam a ver conosco. Mesmo assim, neste quase-continente predominantemente lusófono chamado Brasil há uma particularidade que nos diferencia da maioria dos países não-anglo-saxões: aqui a música popular produzida no país reina absoluta. A música brasileira é a mais ouvida, a mais executada, a mais amada. E não é por acaso.
Alguns estrangeiros associam esse fato àquele folclore de que nós brasileiros admiramos sobremaneira tudo que é produzido aqui. Essa percepção talvez faça sentido em relação a alguns dos nossos traços culturais mais característicos. Mas, quando falamos de música, a questão se torna mais profunda e, ao mesmo tempo, simples: a música brasileira é a manifestação cultural que melhor nos representa. E a canção popular é o melhor exemplo disso. É algo natural em nós, flui.
Desde os primórdios da música gravada no Brasil, nosso cancioneiro popular mostrou sua força criativa e todo o potencial que se confirmaria nas décadas seguintes, chegando até nossos dias. Notáveis compositores, intérpretes, músicos, arranjadores, diretores artísticos, produtores mostraram o caminho das pedras, emocionaram esse público que canta afinado e bate palma no ritmo certo, modernizaram o Brasil, resistiram a tempos difíceis, ousaram, revolucionaram, conquistaram o mundo. Somos o país da canção popular mais bonita, dos deuses da música, das cantoras, do suingue, dos bruxos e das bruxas, de tanta coisa que soa e faz bem. Não é por acaso que a música brasileira é também a arte pela qual somos mais admirados e respeitados mundo afora.
Muito de toda essa riqueza melódica, harmônica, poética, rítmica, dessa nossa malícia e da nossa originalidade estará representada, nas suas mais variadas vertentes e épocas, na nova série de playlists, que começamos a publicar no perfil da UBC no Spotify no início de maio e que faz parte de uma sequência de ações comemorativas pelos 80 anos da União Brasileira de Compositores. A série não pretende ser um 'mapa do tesouro', mas há nela muitas pistas de tudo que brilha na nossa linha do tempo. Músicas e artistas que devem ser sempre lembrados, (re)descobertos, apresentados às novas gerações. Assim como na série anterior, dedicada a cada um dos números da Revista UBC e aos homenageados do Prêmio UBC, eu e o Leo Pereda mergulhamos profundamente no repertório e nos artistas representados pela sociedade de autores mais importante do Brasil para apresentar em playlists periódicas canções e temas instrumentais que traduzem nosso amor pela música brasileira e nosso desejo de que ela continue sempre se espalhando por aí. É só seguir, dar play, mandar para os amigos. É de graça, mas os detentores de direitos serão contemplados. Nesse momento, em que o respeito ao criador e ao cidadão está tão em baixa, é importante dividir o que ainda nos faz sentir orgulho de ter nascido nessa terra. Viva o Brasil que cria, toca, canta e dança! Viva a UBC!
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