Caminho trilhado pelo pagodeiro desde 2002 o fez ganhar o carinho do público e o respeito do mercado
Por Kamille Viola e Gilberto Porcidonio, do Rio
Foto de Sandro Mendonça
Thiaguinho está completando duas décadas de uma carreira cuja minuciosa construção é admirável. Cantor, compositor, apresentador e bem-sucedido empresário de 39 anos, ele encadeia sucessos, construiu um patrimônio financeiro notável em negócios ligados à música, conquistou o respeito do mercado e chegou ao topo. Sempre sem ter tirado os pés do chão.
“Cada momento destes 20 anos foi importante para construir quem eu sou e me trazer aonde estou. Agradeço muito por todos os momentos que vivi, mas claro que tenho que destacar a minha estada no 'Fama', a passagem pelo Exalta, a minha carreira solo e o Tardezinha”, enumera ele em entrevista à UBC, citando a tríade do seu sucesso.
Como lembra o paulista de Presidente Prudente, nascido Thiago André Barbosa, tudo começou no reality musical "Fama", da TV Globo, em 2002. O destaque já foi grande e o preparou para o estouro, a partir de 2003, à frente do Exaltasamba. Ali, permaneceu até 2012, ano em que lançou o seu primeiro álbum solo, “Ousadia & Alegria”, disco de platina, e que terminou indicado ao Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Samba/Pagode.
Com a carreira solo consolidada, veio o projeto Tardezinha, uma série de shows com roda de samba de tom informal e grande proximidade com o público, que viajou o país. O case de sucesso, que catapultou o artista para o empreendedorismo, nasceu em 2015 em sociedade com o amigo e ator Rafael Zulu. O crescimento foi tanto nos anos que se seguiram que a edição final foi especial, em pleno Maracanã, no Rio de Janeiro, para um público estimado em 40 mil pessoas. Um golaço que também acabou virando série em quatro episódios da Globoplay.
“O Thiago André de 20 anos atrás nunca imaginaria que a gente estaria aqui, duas décadas depois, celebrando toda uma carreira. Cada conquista foi uma surpresa, porque o meu desejo lá no começo era só viver de música, eu não esperava tanto. O Thiaguinho de hoje diria para o Thiago do passado: 'Siga o seu sonho e não desista!'”, reforça o artista.
Até agora, as comemorações de seus 20 anos de carreira já contam com um "Som Brasil" especial da Globo, o disco novo e uma exposição que estreou em sua cidade natal. E outras novidades vêm por aí:
"Em breve a gente vai poder falar, mas eu quero que a mostra vá para todo o Brasil, para retribuir o amor e o carinho que os fãs me dão. Estamos preparando várias novidades incríveis para comemorar, e é uma alegria enorme colocar o álbum 'Meu Nome é Thiago André (Ao Vivo)' na rua.”
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Além de celebrar suas conquistas pessoais, ele também busca dar sua contribuição à sociedade. Como o racismo é um problema estrutural do nosso país, cada pessoa negra que conquista um espaço de destaque acaba virando símbolo de representatividade e inspiração para várias outras pessoas negras. Thiaguinho afirma que, hoje, sabe da responsabilidade que tem como artista. Por isso, iniciou, com Rafael Zulu, a campanha "E Aí, Até Quando?" (#eaiatequando) em suas redes sociais.
"Por meio desse questionamento, tentamos fazer com que nossos seguidores entendam que, apesar de muitos de nós sentirmos de perto o racismo todos os dias, isso não é normal. O racismo não pode se camuflar nas dores da nossa rotina. Precisamos questionar essas mazelas”, pontua o astro.
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Durante a gravação do "Som Brasil", da Globo, com o jornalista Pedro Bial. Foto: Globo/Mauricio Fidalgo
O Thiago deles
O jeito de gerir a vida e a carreira são muito bem notados por quem acompanha os passos de Thiaguinho. O produtor Fran Landhim, que dirigiu o projeto ao vivo “Meu Nome é Thiago André” junto de Douglas Aguillar, conta que o primeiro contato profissional que teve com Thiaguinho foi em 2016. No ano passado, eles se reencontraram na gravação do DVD "Clube do Araújo", do goiano Felipe Araújo, no qual o pagodeiro fez uma participação.
Landhim afirma que havia uma admiração mútua até que, este ano, veio o convite do artista para que ele dirigisse o show de seus 20 anos de carreira. E logo surgiu o conceito: a apresentação seria uma cerimônia de gala, como a entrega do Oscar. Mas os premiados foram eles, Landhim garante.
"A gente já paquerava muito o trabalho dele, porque sempre pareceu ser muito profissional, sempre hors-concours. Como o cara é gente boa, profissional, chega sempre preparado, então foi sempre um objetivo trabalhar com ele", frisa o produtor e diretor.
Landhim também não mede os elogios para falar de Thiaguinho no trato pessoal.
"Ele é puro amor, exala amor, felicidade e vibrações boas. É um cara muito generoso também. A gente percebeu bastante isso e o quão aberto às boas ideias ele está. Ele e a irmã (Ellen Caroline Barbosa) têm essa energia. Ele chega a qualquer lugar, cumprimenta todo mundo olho no olho, sem nenhum tipo de estrelismo, o cara é mesmo muito gente boa", derrete-se.
Outro que destaca o trato pessoal sempre gentilíssimo do artista é o também associado Ferrugem, cantor e compositor carioca. A segurança de Thiaguinho em todos os projetos e suas boas energias acabam contagiando todo mundo, deixando inclusive seus parceiros mais tranquilos. Por isso, Ferrugem não duvidou na hora de escolher quem subiria com ele ao palco do Espaço Favela do Rock in Rio deste ano, semana que vem:
"O Thiaguinho foi minha primeira opção, porque estamos muito juntos, em sintonia, em parceria de amizade. É um cara que tem se tornado um supermentor para mim, conselheiro. Tinha que ser ele para estrear."
Diretor-executivo da União Brasileira de Compositores (UBC) e executivo com longa experiência no mercado discográfico, Marcelo Castello Branco também se rende aos encantos do astro e pontua que Thiaguinho logo cedo se revelou um talento com características ilimitadas, destacando que ele é um intérprete seguro e particular, um autor de sensibilidade popular apurada e também um “homem-show” generoso e inclusivo:
“Além disso, ele cresceu muito com um ímpeto empreendedor, com alianças estratégicas seguras e bem construídas. É um artista de seu tempo, que bebeu na autogestão com reverência sincera ao passado, mas se transformando numa nova referência a ser observada e cultivada. Além de multitalentoso, ele é dono de um simpatia e empatia irresistíveis. Isso faz bem para uma música brasileira de hoje e sempre e, além disso, ele sabe filtrar o mercado sem se render a ele. O Thiaguinho é o dono e autor de seu próprio caminho”, resume.
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