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Play de Ouro, uma certificação de desempenho musical para a era digital
Publicado em 05/01/2023

Números de audições e downloads de artistas independentes ganham atestado equivalente ao histórico Disco de Ouro; entenda

De São Paulo

Na era do streaming, já era hora de surgir uma certificação nacional "nativa" para as plataformas — e mais: uma certificação que contempla especificamente o universo independente. A Associação Brasileira de Música Independente (ABMI) está lançando o Play de Ouro, dedicado a mensurar o desempenho de faixas, álbuns e vídeos no universo digital. A apresentação oficial será na próxima edição do Rio Music Market, conferência virtual sobre o mercado de música que ocorrerá de 31 de janeiro a 2 de fevereiro, com evento presencial final em São Paulo, em 3 de fevereiro. 

Na ocasião, serão entregues os primeiros Plays de Ouro do mercado brasileiro. Inclusive, e para democratizar o acesso aos certificados, a categoria inicial é a Prata. Inexistente em certificações similares do país, ela já existia lá fora. Depois da Prata, as outras modalidades de Plays são Ouro, Platina, Safira e Diamante.

"Não havia nada voltado para os independentes no país. O histórico Disco de Ouro (surgido na época da então Associação Brasileira dos Produtores de Discos e abraçada pela sua substituta, a Pro-Música) é mais voltado para o mercado mainstream, das majors. Criamos categorias que não existem no Disco de Ouro para fazer a adaptação ao nosso mercado. A categoria Prata é um exemplo. O single, para ganhar o Disco de Ouro, tem que ter no mínimo 8 milhões de audições. O nosso Play de Prata exige 4 milhões", conta Carlos Mills, presidente da ABMI.

As cifras que permitem a emissão de cada um dos certificados são estas:

"Demos pesos diferentes a esses formatos: download, stream de áudio e stream de vídeo. Fizemos uma ponderação, alinhada com o que fazem outras certificações internacionais, depois de um detalhado estudo que fizemos. Porque não é o mesmo, em termos de retorno comercial, ter um número equivalente de downloads, streams de áudio e streams de vídeo", diz Mills.

Vale lembrar que, nos áureos tempos do Disco de Ouro, quando a certificação era eminentemente para produtos físicos, o disputadíssimo certificado só era obtido após a venda de 100 mil cópias de um disco. Para conseguir o Disco de Platina, eram necessárias 250 mil cópias vendidas. E o raro Disco de Diamante requeria um milhão de unidades vendidas.

A ideia foi gestada a partir do ano passado. Demanda antiga de associados da ABMI, ela ganhou um gás com a chegada de Bruno Martins, diretor-executivo da distribuidora independente Shake Music:

"No início do ano passado, eu estava em busca de entender como funcionavam as certificações, porque estava abrindo a Shake Music, braço da já existente Milk Music. A gente entende que artistas gostam de receber reconhecimento. Fui correr atrás disso, não sabia nada sobre o assunto, e me deparei com a ABMI, que não tinha certificações de produto, mas era uma associação que me parecia ideal para me acolher. Me associei a eles e, já na primeira reunião de assembleia, eu trouxe o assunto: por que não temos uma certificação? Já era um tema que vinha sendo discutido por eles, mas não havia um projeto já desenhado. Então, levamos para a frente. O Mills e todos acolheram o projeto, que se tornou um trabalho a muitas mãos, com reuniões semanais e a participação de diversas pessoas e muitas boas ideias."

A certificação é só para associados da ABMI, e a razão, segundo Mills, é simples: 

"É um projeto que precisa de muito recurso, estrutura administrativa robusta, controle minucioso... Seria impossível atender a todo o mercado independente gratuitamente. Mas digo que, só neste pré-lançamento, já temos mais de 200 produtos solicitando certificação, entre singles e álbuns. Houve um represamento disso ao longo do tempo, não havia como escoar. Agora temos quantidade relativamente grande de pedidos. A boa notícia é que se associar à ABMI é muito fácil, é pouco burocrático. E quem tiver interesse em se associar para solicitar o certificado pode acessar um link fácil de preencher", convida Mills.

Modelo de um quadro que certifica a conquista de um Play de Ouro. Divulgação

Como comenta Martins, uma empresa com expertise internacional foi contratada para aferir os dados aportados pelos associados na hora do pedido de certificação. O dossiê com os dados de audições/plays/downloads é elaborado pelo interessado e deve conter exclusivamente dados e cifras que estejam disponíveis na internet — mesmo que em portais de acesso restrito por login e senha. A empresa verificadora checa os números — e valem plataformas de streaming do mundo todo — e chancela ou não a certificação. 

"É um projeto para nos posicionar como independentes e homenagear e reconhecer o desempenho de artistas que, muitas vezes, têm tanto sucesso quanto um do mainstream, mesmo que o público, pela ausência de certificações para essa categoria, ignore isso", completa Martins.

Um documento da ABMI explica as regras bem simples — como, por exemplo, a classificação de single (uma a três músicas) e álbuns (quatro em diante) — e os dados que os candidatos à certificação devem informar. 

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