Os dois cantores e compositores se unem a outros artistas no Migrafest, que ocupará o Teatro Municipal de São Paulo nesta terça (13)
De São Paulo
Fotos de Silvia Zamboni (Zeca Baleiro) e Ana Lefaux (Chico César)
No próximo dia 20 de junho será celebrado em todo o planeta o Dia Mundial do Refugiado. E um novo festival, o Migrafest, antecipa a data em uma semana, ocupando o palco do Teatro Municipal de São Paulo nesta terça-feira (13). Chico César e Zeca Baleiro são os dois astros da música brasileira que lideram o line-up, ao lado de Oula Al-Saghir, cantora e atriz palestina radicada no Brasil desde 2015; Mah Mooni, cantora clássica e filósofa iraniana; e Leonardo Matumona, da República Democrática do Congo (com colaborações com Nando Reis, Céu, Maria Rita e Pupilo no currículo).
A produção é do Instituto Adus, que atende e acolhe refugiados, oferecendo aulas de português, cursos de qualificação profissional e inserção no mercado de trabalho a cerca de 350 pessoas por mês. São mais de 70 as nacionalidades dos atendidos, com especial destaque para Venezuela, Síria, Congo, Palestina, Angola e Colômbia. E Baleiro foi convidado pela entidade a coordenar a parte artística do festival.
“Convidei o parceiro Chico César, que é, como eu, um grande curioso pela música de outras culturas, e ele aceitou prontamente”, descreveu o cantor e compositor maranhense à UBC.
Além dos headliners brasileiros e estrangeiros, Zeca Baleiro terá junto de si no palco algumas presenças especiais:
“É a banda que tem me acompanhado já há alguns anos: Tuco Marcondes (guitarra), Fernando Nunes (baixo), Kuki Stolarski (bateria) e Pedro Cunha (teclados).”
Este compartilhamento artístico de Zeca Baleiro e Chico César, ambos artistas nordestinos (Chico é paraibano), radicados em São Paulo e criadores de um cancioneiro muito pessoal, original, é só mais um encontro de duas trajetórias que vêm se cruzando há algum tempo.
“O encontro com Chico no palco antecipa em parte o projeto de um disco conjunto, que estamos gravando desde 2020 e será lançado em janeiro de 2024”, afirma Zeca Baleiro.
Encontros, pontes e aproximações são coisas caras ao maranhense. Ano passado, como noticiamos aqui no site, ele integrou um debate no Consulado-Geral de Portugal em São Paulo com os cantores e compositores portugueses Sérgio Godinho e Filipe Raposo sobre como estreitar o “mar” que nos separa da Terrinha. A participação como coordenador do Migrafest, portanto, só reforça seu espírito de comunhão.
O fundador e diretor do Instituto Adus, Marcelo Haydu, exaltou a arte como elemento de promoção da troca entre diferentes. Ao site dicadeteatro.com.br, ele disse:
“Todos os dias, milhares de pessoas são forçadas a deixar seus países de origem e partir em busca de novos lugares para reconstruírem suas vidas. Por isso, o Migrafest chega como um movimento que visa a promover a troca e a aproximação entre refugiados e brasileiros, para dar visibilidade à causa e angariar recursos que possam ser revertidos na valorização e na inserção social deste público.”
O festival Migrafest começa às 19h desta terça-feira, e os ingressos (de R$ 12 a R$ 84) podem ser comprados diretamente no site do Teatro Municipal de São Paulo.
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