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UBC inclui ‘idioma indígena do Brasil’ entre opções do cadastro de obras
Publicado em 09/08/2024

Contribuição da nossa sociedade pela visibilidade das culturas originárias é anunciada no Dia Internacional dos Povos Indígenas

Do Rio

Kaê Guajajara aos pés de uma magnífica sumaúma: 'saberes indígenas serão reconhecidos'. Foto: Lisi Potyguara

Esta sexta-feira (9) é o Dia Internacional dos Povos Indígenas, e a UBC dá seu grão de contribuição pela visibilidade das sociedades originárias do Brasil estreando uma nova categoria no cadastro de obras. Solucionadas as dificuldades técnicas, agora já é possível selecionar “idioma indígena do Brasil” na hora de fazer o cadastro, uma antiga demanda de artistas que cantam em outras línguas brasileiras que não o português.

“Imagine um brasileiro: sua língua nativa é o português do Brasil, mas ele não consegue criar registros de composições em seu próprio país pois o sistema só aceita inglês ou chinês, por serem os dois idiomas mais falados no mundo. Esse estranhamento acontecia quando nós, povos originários desta terra, íamos registrar obras em idiomas Zeeg'ete, Puri ou Kuikuro, composições em idiomas de artistas já lançados pelo selo Azuruhu. A inclusão do campo de "idioma indígena do Brasil" para composições musicais é um exemplo sobre como os sistemas nacionais e internacionais, em diversos segmentos, podem e devem se atualizar para respeitar e valorizar a memória das raízes e origens”, sintetiza a cantora, compositora, escritora e ativista maranhense Kaê Guajajara.

Nesta sexta-feira, Guajajara está lançando “Sumaúma”, um single em que canta trechos em idioma Zeeg’ete (que se traduz como “fala boa”), a língua dos guajajara. Foi o primeiro que ela pôde cadastrar no sistema, orgulhosamente, na categoria “idioma indígena do Brasil”.

Foi do selo dela, aliás, o Azuruhu, a iniciativa de fazer a solicitação à UBC.

““Kaê comentou comigo sobre a inexistência da opção no cadastro quando começamos a trabalhar juntas. Ela queria registrar suas músicas no idioma indígena (Zeeg’ete) e acabava indicando que eram em português. O mesmo ocorria com Kandu Puri (idioma Puri) e Nativos MCs (idioma Kuikuro), artistas do selo Azuruhu, fundado por Kaê”, conta Esther Querat, produtora executiva da artista. “Com isso me comprometi a apoiá-los nessa causa, juntando coro nas petições de adequação do campo de idiomas, pedidos que eles já vinham fazendo. Sem a categoria na hora de realizar o cadastro, não há um mapeamento de músicas de compositores em idiomas indígenas do Brasil.”

De fato, como lembra Kaê, a ausência de dados torna difícil a tarefa de calcular, ainda que por cima, a quantidade de artistas musicais que, hoje em dia, criam e gravam suas composições em idiomas brasileiros originários.

“As métricas poderão ser obtidas a partir de adequações em sistemas existentes (como faz agora a UBC). Mas ainda é necessário que as distribuidoras digitais de música incluam o campo de música indígena, ou música de indígena do Brasil. Este tema é essencial, e até mesmo a ONU lançou a Década Internacional das Línguas Indígenas (2022/2032) com o intuito de refletir sobre as ameaças contra esses idiomas, tendo como objetivo propor ações em nível nacional e internacional para promovê-los e fortalecê-los”, diz a cantora e compositora.

Para ela, são necessários ainda muitos passos para mudar a ótica eurocêntrica da produção cultural nacional.

“A partir da educação no Brasil, fundada a partir de fins coloniais e que, por isso, dá prioridade a tudo que é eurocêntrico, os povos indígenas estão num imaginário coletivo de ‘passado’, como se estivessem extintos. Vejo que agora há uma chance de reeducação sobre a verdadeira história do Brasil, contada e cantada pelos povos originários em primeira pessoa. Assim como Ailton Krenak é o primeiro indígena a ocupar a Academia Brasileira de Letras, muitos outros saberes indígenas serão reconhecidos e valorizados nessa jornada de ‘ideias para adiar o fim do mundo’”, descreve Kaê, contundente.

Diretor de Operações da UBC, Fabio Geovane faz coro com ela:

“Cada ator do mercado deve dar sua contribuição para visibilizar e valorizar nossa cultura ancestral. A UBC recebeu a demanda de titulares, identificou a inexistência de idioma indígena no cadastro e realizou as adequações tecnológicas, tanto nos seus sistemas como nos do Ecad, para tornar possível esse direito de quem cria em línguas que não o português. É uma questão de justiça e a reparação de um erro no sistema anterior.”

 

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