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Como será o musical sobre Djavan, já em produção
Publicado em 02/04/2025

Momentos emocionantes e pouco conhecidos da trajetória do cantor e compositor alagoano estarão em obra que estreia em junho no Rio

Por Eduardo Fradkin, do Rio

Djavan. Foto: divulgação/Gabriela Schmidt

Djavan corre os olhos pelo texto que narra sua emocionante viagem a Angola, acompanhado de Chico Buarque, numa busca por suas raízes africanas. Está aprovado. Em outra página, são relembrados os melancólicos dias passados no banco de uma praça em Ipanema, no Rio de Janeiro, sem que ninguém soubesse quem ele era, antes de a fama chegar. Episódio aprovado também.

Assim vem nascendo o roteiro de "Djavan, o Musical - Vidas Pra Contar", da produtora Turbilhão de Ideias. Idealizado pelo produtor Gustavo Nunes e redigido por Patrícia Andrade e Rodrigo França, o espetáculo de dois atos já está com o primeiro concluído e chancelado pelo artista biografado. As audições para o elenco começaram na terceira semana de março.

"O musical nasceu da ideia de fazer uma homenagem ao Djavan, que é um dos melhores cantores e compositores que nós temos, uma figura sem igual na MPB. A trajetória dele é pouco conhecida, porque ele é um cara muito reservado. Depois de termos nos aproximado dele para a produção do espetáculo, vimos que isso não é lenda. É realidade. Ele não gosta de expor a vida pessoal. Mas é claro que o público quer conhecer a mente criativa por trás da obra. A gente, então, resolveu convidá-lo para criar um musical biográfico, oficial e original. Ele deu várias entrevistas pra gente", conta Gustavo.

O produtor e seus roteiristas fizeram quatro longas entrevistas com Djavan, desde dezembro de 2024. O enredo vai abarcar desde a juventude do artista até o momento em que ele completa 40 anos de carreira. Um único ator interpretará o protagonista em todas as suas fases. No elenco, também haverá personagens importantes da música popular, como Gal Costa, Alcione e Maria Bethânia, além de Chico Buarque.

"As paixões de Djavan na infância eram a música e o futebol. Ele quase foi jogador profissional. Ele jogava no CSA (Centro Sportivo Alagoano) e teve que optar entre a carreira de jogador e a de músico. A mãe o incentivou a ir para a música", comenta Gustavo.

Levando-se em conta que o CSA joga, atualmente, na terceira divisão do futebol brasileiro, e que Djavan ocupa um lugar no primeiro escalão da música, é difícil questionar a sua escolha profissional. 

TRÊS CENÁRIOS FUNDAMENTAIS

Segundo Rodrigo França, a história será ambientada em três lugares: Alagoas, onde Djavan nasceu; Pernambuco, onde foi morar por algum tempo na juventude; e Rio de Janeiro, para onde se mudou posteriormente. Entre as curiosidades que serão retratadas no palco está a primeira banda de Djavan, formada nos anos 1960 e batizada de LSD (sigla para Luz, Som, Dimensão, algo que foi necessário explicar, em certas ocasiões, a policiais que, gentilmente, o interpelaram). O nome era condizente com o repertório: covers dos Beatles.

"Na fase adulta, já casado, com uma filha (nascida) e um filho na barriga da mulher, ele veio sozinho para o Rio de Janeiro tentar a vida. Quem vê o artista bem-sucedido das últimas décadas pouco sabe da fragilidade humana e das dificuldades pelas quais passou. Ele ficou pelo menos um mês frequentando a Praça General Osório, em busca de que algo acontecesse. Ele chorava todos os dias, por conta da incerteza e da saudade. Mas, ao mesmo tempo, tinha a confiança de que a sua vida seria a música. Na praça, não tocava violão. Ele ficava sentado num banco e pensava na vida", descreve Rodrigo.

CONEXÃO ANCESTRAL

Para Gustavo, um dos clímaces será a cena que ilustrará a viagem feita com Chico Buarque.

"Os dois chegam de barco à Ilha de Luanda, e Djavan ouve o som local, ao ser recepcionado por músicos, e se reconhece ali. Esse som estava entranhado nele a vida inteira, e ele não reconhecia. Ele contou isso pra gente e disse que foi emocionante. É uma cena apoteótica. A música dele sempre foi tida como difícil. O ritmo dele não é qualquer um que consegue acompanhar, tanto que a sua banda é escolhida a dedo. Essa sonoridade ele reconheceu quando chegou à África. É uma cena que parece ficção, mas aconteceu de verdade", observa o produtor.

O diretor Rodrigo completa:

"Na música dele, a tônica não está no primeiro tempo do compasso. Ele tem uma forma muito particular de compor, de cantar e de tocar violão. Quando chega a Angola, percebe que, ancestralmente, está tudo lá. É como se ele reproduzisse instintivamente uma cultura com a qual nunca tinha tido contato.”

O artista ao lado do produtor Gustavo Nunes. Foto: arquivo pessoal

Com um bocado de experiência na produção de musicais, entre os quais se contam "Cássia Eller" e "Vital - O Musical dos Paralamas", Gustavo aponta a principal dificuldade enfrentada na nova empreitada:

"O maior desafio foi deixar repertório de fora, porque é tudo maravilhoso. Eu nunca fiz um musical com tanta dificuldade de excluir músicas. A gente poderia colocar 60 canções, facilmente. Mas não dá, pois ficaria gigantesco". Entre as escolhidas, Rodrigo França comenta cinco delas (veja abaixo).

A estreia de  "Djavan, o Musical - Vidas Pra Contar" será no dia 5 de junho, no Teatro Multiplan, que fica no shopping VillageMall, no Rio de Janeiro. Depois, a produção desembarcará em São Paulo, no Teatro Frei Caneca. Em seguida, viajará para Maceió, Brasília e Fortaleza. 

5 DAS MÚSICAS DO ESPETÁCULO COMENTADAS

  • “Luz” - “Essa faixa está na cena que fala sobre o destino do Djavan.”
  • “Lambada da Serpente” - “Mostra o quanto ele foi criado para ser cantor. A sua mãe, dona Virgínia, pedia que ele cantasse em casa para seus vizinhos.”
  • “Esquinas” - “Quando ele recebe o seu primeiro ‘não’ ao chegar ao Rio de Janeiro.”
  • “Fato Consumado” - “Quando ganha o Festival Abertura, em São Paulo.”
  • “Eu Te Devoro” - “Momento em que conhece a sua esposa, Rafaella.”

 

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