Compositor de sucessos como “Milla” e “Praieiro” escreveu thriller de ficção, que mistura ação, crítica social e drama psicológico
De São Paulo
Foto: Caio Lírio
Reconhecido em todo o Brasil por composições que marcaram gerações — como “Mila”, “Praieiro”, “De Bandeja” e muitas outras —, o compositor, músico e cantor baiano Manno Góes agora se lança a uma nova aventura: a literatura de ficção. Ele lança nesta terça-feira (2), às 18h, na Casa Rosa, em Salvador, seu primeiro romance, “A Fraternidade”, publicado pela P55 Edição.
Embora já tenha estreado no universo literário em 2014, com o livro de contos “Acarajé Bour Mercier”, esta é a primeira vez que Manno, fundador da banda Jammil e Uma Noites e atual membro da diretoria da UBC, mergulha no gênero romanesco. Em sua nova obra, ele combina acontecimentos reais, fatos históricos e elementos de cultura pop em uma trama cinematográfica.
“A ideia desse livro foi nascendo devagar. Sempre gostei de contar histórias. A literatura me deu esse espaço maior, com mais fôlego para desenvolver personagens, emoções e cenários. Então, foi uma vontade que foi amadurecendo até virar realidade”, diz Manno ao site da UBC.
No centro da narrativa está Jango Echeverria, também chamado de Jack Kevorkian, o Doutor — um assassino profissional perseguido pela mesma organização letal da qual fez parte: a Fraternidade. Estruturado em quatro partes (“Pai”, “Filho”, “Espírito Santo” e “Amém”), o livro percorre diferentes continentes e aborda dilemas éticos, conflitos familiares e episódios de violência, temperados com humor ácido e crítica social.
“É uma história repleta de reviravoltas, com personagens humanos e ambíguos. A cada capítulo trago um pouco do meu universo: referências ao cinema, à composição musical, homenagens à cultura pop e experiências de lugares que conheci e que fazem parte da minha vida”, explica.
Com 54 anos de idade e mais de 30 dedicados à música, Manno conta que há muito cultiva a ideia de escrever literatura de ficção.
“Os livros e filmes eram meus companheiros de estrada. Apesar do glamour do palco, um cenário invisível na vida de um artista é a solidão dos quartos de hotéis. Eu chamava de “solidão cheia de gente” essa ambiência em que uma multidão te ama não pelo que você é, mas pelo que ela projeta em você por meio de uma apresentação em um palco. Então, como forma de ocupar meu tempo, lia, assistia filmes (eu levava o aparelho de dvd e os filmes, em uma época pré-streaming) e escrevia. A ideia desse livro foi nascendo devagar. Sempre gostei de contar histórias. A literatura me deu esse espaço maior, com mais fôlego para desenvolver personagens, emoções e cenários. Então, foi uma vontade que foi amadurecendo até virar realidade.”
A capa do romance
A própria natureza do artista que cai na estrada, abraça novos lugares constantemente e, assim, se abre a novos universos o ajudou a ambientar o livro, com locações em diferentes continentes.
“Foi intensa (a pesquisa histórica). Sempre gostei de história, então esse processo foi quase tão prazeroso quanto escrever. Mergulhar em documentos, notícias, relatos de época me ajudou a criar um cenário mais verdadeiro. Deu trabalho, mas foi um trabalho que me enriqueceu como pessoa. E o fato de me utilizar de cenários que visitei facilitou o processo de pesquisas. De todas as ambientações do livro, apenas Berlim e o Texas são lugares que não conheço, de fato.”
Para o ano que vem, ele promete um novo romance com uma ambientação bem conhecida: sua Salvador natal, mas em outro momento, o século XIX.
“Também virá outro mais autobiográfico, contando a história da axé music por meio da visão de um compositor do gênero. Ambos estão quase prontos e devem ser lançados até o ano que vem. Tenho outros em construção. Mas agora que o primeiro nasceu, não me prenderei mais à timidez ou adequações de fase de vida para lançar os próximos. Então, acredito que esse não será o único. Enquanto isso, apenas agradecer a quem me acompanha. Especialmente ao meu editor, André Portugal, que apoiou a ideia e me incentivou a publicar esse livro. A música me deu muita coisa, e agora a literatura me abre outra porta.”