Confraria da Música reúne figuras tarimbadas da cena baiana e agita as noites de terça-feira de Salvador
Por Bruno Albertim, do Recife
Como diria Caetano, um notório conterrâneo da trupe, é “incrível a força que as coisas parecem ter quando elas precisam acontecer”. Compositores gravados por algumas das mais festejadas estrelas da música baiana, cantores tarimbados na noite, Alex, Eva, Alvinho e Rafa costumavam fazer o que fazem amigos de longa data que têm os microfones de Salvador em comum. Ao sair dos palcos, tinham por hábito se encontrar em algum ponto da cidade de São Salvador da Bahia de Todos os Santos para trocar novidades, ativar memórias e renovar a amizade. Acabavam, claro, compondo.
Assim nasceu a Confraria da Música, o nome oficial do quarteto formado por Alex Góes, Alvinho Pinho, Rafa Chaves e Evinha Cavalcanti que vem reinventando a noite baiana. Mais precisamente, as noites das terças, nas quais, há seis anos, eles colocam seu incontrolável liquidificador sonoro para girar num bar da Pituba. “Nós somos amigos há muitos anos, e todos vivemos da música, todos trabalhamos na noite. Quando vimos, estávamos fazendo música juntos e queríamos algo que não tivesse amarra, queríamos armar uma grande farra mesmo”, conta, de Salvador, Eva.
VÍDEO: Assista ao clipe da canção “Juntos”, composta pela Confraria
Apesar da amizade, não foi simples unir personalidades musicais tão fortes. Alex Góes é conhecido por um pop rock refinado em 18 anos de carreira - e compositor que abastece vozes como as de Preta Gil, Ivete Sangalo, Durval Lelis e Banda Eva; Alvaro Pinho ou Alvinho, como é conhecido, é um verbete da música afro-baiana, com composições que têm alimentado as carreiras de Ivete, Daniela Mercury, Netinho, Carlinhos Brown, Margareth Menezes e até da colombiana Shakira.
Musa pop-rock, Eva também tem uma boa lista entre as vozes que já a gravaram – Ivete, claro, sempre no meio. Compositor de larga data, Rafa Chaves é hoje a voz na veterana banda Chiclete com Banana. “Não sabíamos se conseguiríamos cantar em duetos ou em coro, temos personalidades já consagradas”, diz Eva que, felizmente, perdeu quaisquer dúvidas.
A brincadeira ficou séria. A musicalidade fluida, pop, com flertes com o reggae e um regionalismo muito sutil com zabumbas e triângulos os transformou num grupo. Nem banda, nem espetáculo. “Somos apenas um coletivo musical”, ela diz. “O que fazemos é música brasileira.”
Quando um dos quatro precisa se ausentar, o coletivo conta ainda com outros confrades: Aline Barreto, Chandy Dias, Tiago Velani. “No fim, somos uma confraria de sete”, brinca a cantora. Os fãs também são famosos. Não raro, gente como Margareth Menezes, Netinho, Tomate, MárcioVictor (Psirico), Alinne Rosa e Tiago Abravanel aparece para dar canjas no show da trupe.
Nas redes sociais, eles estão bombando com um DVD de um show completo e clipes de algumas canções que compuseram juntos, como... “Juntos”. “Foi nossa primeira produção coletiva”, lembra Eva. O quase-reggae, claro, fala do velho e bom prazer da amizade.