'Frontman' da Orquestra Contemporânea de Olinda e da Academia da Berlinda, músico pernambucano lança sua segunda empreitada autoral
Por Bruno Albertim, do Recife
Foto de Pedro Odilon Farias
Nascido em Arcoverde, sertão de Pernambuco, em 1980, ele tomou seu nome artístico do tio, que foi cangaceiro do bando de Lampião. Vinte e quatro anos depois, José Henrique Neto se lançava
como Tiné. Um lançamento marcante: com participações especiais de gente como Maciel Salú, Siba, Alessandra Leão, Isaar e Karina Buhr, o álbum “Segura o Cordão”, produzido por Caçapa com apoio do programa de incentivo à cultura de Pernambuco (Funcultura), trazia uma ampla
releitura da música tradicional de seu sertão de origem. Depois, Tiné passaria a ser mais conhecido como o frontman da Orquestra Contemporânea de Olinda (OCO), a big band “original olinda style” que, em três discos de carreira, coleciona indicações ao Prêmio da Música Brasileira e ao Grammy Latino e marca presença em grandes álbuns de artistas mundo afora.
Agora, Tiné caminha de novo sozinho.
VÍDEO: Tiné fala sobre o projeto para os leitores do site da UBC
Sim, o artista continua como cantor, instrumentista e compositor da OCO – o coletivo de mais de 10 músicos, todos, igualmente, com carreiras solo paralelas. Mas já está disponível para download “Tiné Equilibrista”, o segundo disco solo de sua biografia, produzido de forma totalmente independente, cujas dez faixas dialogam, tematicamente, com o título.
“Após doze anos dedicado ao trabalho com as minhas bandas, senti vontade de um novo trabalho no qual pudesse imprimir minhas ideias mais particulares”, diz ele, também vocalista da Academia da Berlinda, uma banda que conjuga música latina a crônicas bem-humoradas para azeitar bailes de salão. “O conceito da obra é o equilíbrio e está presente em tudo que envolve seu concebimento, a começar pelo título. O Equilíbrio necessário. Necessário ao artista, ao homem, à natureza, ao universo. O conceito passeia na temática das composições, na forma de fazer arte, de criá-la e materializá-la. O urbano e o rural, os venenos no corpo e na alma e, é claro, o equilíbrio no amor.”
Produzido por Lucas Maia, entre novembro de 2015 e setembro de 2016, o álbum se dividiu entre procedimentos caseiros e apoio de equipes e estúdios profissionais. Musicalmente, também se estrutura no equilíbrio entre a música eletrônica e sonoridades mais orgânicas. As bases eletrônicas pontuam violões e guitarras em sambas, reggaes, boleros, rocks, bregas paraenses e ritmos tão híbridos que nem poderiam ser classificados. “A partir das bases, ia colocando os instrumentos”, ele comenta.
A lista de participações, confirmando a tal “brodagem” catalizadora da música pernambucana contemporânea, é bem extensa: Maciel Salú, Juliano Holanda, Gilú Amaral, Hugo Gila, Rapha B, Alexandre Urêa, Gabriel Melo, Weré Lima, Tiago Hoover, Sérgio Lima, Henrique Albino, Alex Santana, Junior Soac, Felipe Freitas, Hugo Linns e Lucas Ferraz. De novo, Tiné está "solo". Mas nunca sozinho. O álbum pode ser ouvido na íntegra na página do projeto.