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Samuel Rosa: “'Garota Nacional' é a 'Garota de Ipanema' do Skank”
Publicado em 07/12/2016

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Líder da banda mineira fala ao site da UBC sobre carreira, mercado e os 20 anos do álbum “Samba Poconé”

Por Fabiane Pereira, do Rio

Não é à toa que os integrantes do Skank falam do álbum “Samba Poconé”, exatos 20 anos depois de seu lançamento, com tanto carinho. Quando o conceberam, já tinham lançado o segundo disco, “Calango” (1994), que teve sete de suas 11 faixas tocadas nos dials brasileiros e vendeu, na ocasião, 1,2 milhão de cópias. Mas foi no terceiro disco que a banda ganhou nova dimensão, tornando-se conhecida fora das nossas fronteiras. O responsável principal por isso foi o hit “Garota Nacional”. Com “Samba Poconé” o álbum mais vendido da história da banda mineira, o Skank inscreveu de vez seu nome entre os grandes fenômenos da música popular brasileira.

“O Skank tem vários discos importantes em sua trajetória que são lembrados pelos fãs. Mas o 'Samba Poconé' não só é o que mais vendeu, com mais de 2 milhões de cópias, como também mostra a evolução da banda. Saímos do reggae eletrônico e flertamos com outros gêneros”, descreve Samuel Rosa, vocalista e um dos principais compositores do quarteto. “Esse disco também tem a participação do Manu Chao, tem a música 'É Uma Partida de Futebol', que foi tema da Copa do Mundo de 1998, marca minha primeira parceria com o Nando Reis e é o disco de 'Garota Nacional'. É o nosso hit internacional. É a nossa 'Garota de Ipanema'.”.

Fosse lançado hoje, Samuel arrisca uma ascensão ainda maior para o hit: “Tocou muito na Espanha, por exemplo, ficou em primeiro lugar nas paradas de lá. Ou seja, se fosse hoje, o Cristiano Ronaldo com certeza dançaria essa música após marcar um gol”, brinca.

De fato, os cerca de cinco minutos da canção representaram um grande momento de exposição da música brasileira lá fora, levando o Skank a excursionar por 14 países durante dois anos de turnê. Mas não para por aí a importância do álbum, repleto de cores fortes, referências ao pop romântico, como “Tão Seu”, e questionamentos sociais, como nas músicas gravadas com Manu Chao  – “Los Pretos”, sobre racismo, “Sem Terra”, sobre a questão agrária. Foi tão intenso o impacto à época que a gravadora Sony fez um box internacional comemorativo de 100 anos do selo Columbia, e os únicos brasileiros que entraram na seleção foram o Skank, com o “Beat it laun, daun daun/Beat it, loom, dap'n daun” de “Garota Nacional”. Ao lado deles, Frank Sinatra, Michael Jackson, Bruce Springsteen e Bob Dylan, só para citar alguns.


Capa do álbum "Samba Poconé"

“As inspirações ao longo de 25 anos vão mudando. As ideias e os valores, também. Sorte nossa conseguir até hoje manter a cabeça alinhada. A vida muda a gente, mas o Skank nunca teve uma cartilha, tudo é possibilidade e pode resultar em música. Vai de acordo com nossa percepção. Se acharmos conveniente falar das manifestações de 2013, nós a retrataremos num disco, como aconteceu com 'Velocia', lançado em 2014. Se quisermos falar de amor, tantas vezes lembrado em nossas letras, falamos. Enfim, o Skank não se apropria de um tema só, tudo pode ser relevante e se tornar letra”, diz Samuel Rosa.

O band leader completou, em 2016, 50 anos de vida e continua sendo um dos principais nomes do pop rock nacional. “Não dava para eu continuar sendo o mesmo. Tinha 24/25 anos quando a banda começou. Hoje tudo é muito diferente: eu, meus companheiros de banda e o mercado. Em resumo, somos caras mais experientes, e o Skank é uma banda calejada, com muitos anos de estrada e de estúdio. Com o passar do tempo, a gente vai perdendo aquela vitalidade da juventude mas, em compensação, ganha muito em termos racionais. E é aí que entra a sabedoria da natureza: usamos menos força para usar mais a cabeça. Nossa intuição é mais aguçada hoje em dia”, ele descreve.

Haroldo Ferretti, Lelo Zaneti, Henrique Portugal e o próprio Samuel fazem parte da primeira e única formação da banda. A constância e a consistência, mais que o número de hits, lhes dão relevância. E garantem tantas décadas sempre na estrada, em turnês seguidas, “remédio para qualquer mal” nas palavras de Samuel: “Gosto muito de estar na estrada. Gosto de fazer show. Eu me divirto muito. Isso para a gente é precioso, e tudo que é precioso precisa ser bem cuidado”, conclui, antevendo outros muitos anos de coesão e diversão para o quarteto mineiro.


 

 



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