Com disco e espetáculo “Sensibilidade”, ela resgata ritmos do RS e é indicada ao Prêmio Açorianos em três categorias
Por Fabiane Pereira, do Rio
Se há um estado brasileiro que se orgulha particularmente de sua cultura é o Rio Grande do Sul. E a renovação da música gaúcha tem em Tatiéli Bueno um dos seus expoentes. Indicada em três categorias (melhor álbum e melhor intérprete regional, além de artista revelação nacional) na última edição do Prêmio Açorianos, uma das principais láureas sul-rio-grandenses, ela colhe os frutos de um ano bom, com o lançamento do álbum “Sensibilidade” e duas turnês simultâneas: a do disco de inéditas e também a de um projeto dedicado às canções celebrizadas pela argentina Mercedes Sosa. Há duas semanas semanas, sua apresentação foi um dos momentos mais esperados da Festa Nacional da Música, que reuniu mais de dez mil pessoas em Porto Alegre. Orgulhosa das origens dentro dos CTGs (os centros de tradições gaúchas), Tatiéli não deixa de olhar para outras paisagens.
“Do começo nos festivais tradicionalistas fui aprimorando minha voz e ganhando visibilidade, até que surgiu a oportunidade de me lançar profissionalmente. Não parei mais. A cada momento fui tendo mais a certeza de que estar no palco e expressar meus desejos e minha personalidade através da voz são o que realmente quero fazer por toda a vida”, diz a jovem de 29 anos formada em Relações Públicas e que se mostra muito ligada ao mercado e ao mundo dos direitos autorais, característica comum entre artistas de sua geração.
Tatiéli Bueno fala sobre o projeto “Sensibilidade”
“Apesar de o mercado estar tão imerso no mundo digital, a produção de um álbum físico é um símbolo de valorização de diversas artes: gráfica, sonora, visual. Infelizmente, a dificuldade de inserir os CDs no mercado é grande, falta escala, e os preços são altos. Por isso, a gigantesca propagação das nossas músicas pela internet traz muitas oportunidades de distribuição. Daí a importância de ter uma associação como a UBC, que controla os usos e defende meus direitos como artista. Tudo, hoje, é disseminado em fração de segundos. Por isso, ter uma entidade que possa estar a par dos rendimentos dos artistas faz com o que o trabalho cresça e se solidifique”, diz a cantora, que se diz fascinada por ritmos para além das nossas fronteiras. “Adoro a música latino-americana, o clima argentino, que também faz parte da composição da nossa música regional. Essa mistura dá um resultado muito especial.” Os hermanos que a aguardem.