Os tempos nebulosos e pragmáticos dos dias atuais não intimidam a poesia musical do compositor, cantor e instrumentista Leandro Le Daros. Isso é o que se percebe nas músicas do seu segundo cd, intitulado ¿Artimanhas¿, em processo de lançamento neste último trimestre do ano.
O artista volta à cena musical depois de trabalhar a divulgação do seu primeiro cd ¿Choques elétricos¿ (2005), com músicas como Céu e terra e Choques elétricos revelando o artista ao público e à indústria fonográfica. Com uma agenda de diversas apresentações confirmadas, Le Daros vem renovado e com muita disposição para cantar e dividir com a platéia, os sentimentos bem ritmados de músico predicado e poeta com bom bocado de irreverência.
Trabalhando uma bem temperada mistura de ritmos como mpb, funk, soul e rock, Le Daros dá acabamento ao disco com um clima de Nova MPB, reforçado no conteúdo eclético e quase atrevido com que energiza as letras de suas canções.
As treze faixas do cd contêm forte dose emocional, apresentada no jeito apurado dos arranjos definidos para cada instrumento. A cadência firme dos elementos eletrônicos permeia e mantém o andamento do disco, interrompida aqui e ali por momentos acústicos, quando a mistura de poesia e música se faz bem presente na obra.
Instrumentista versátil e experimentado em estúdios de gravação, Le Daros enriquece o trabalho realizando participações variadas ao violão, guitarra, bateria, caixa de fósforos e tamborim. O resultado é uma agradável sonoridade, bem acomodada aos arranjos instrumentais, recomendando aumentar o volume sem prejuízo de audição.
A alegria da música pop de Le Daros transparece no set list do disco, mesmo quando interpreta momentos mais românticos, como em Apenas um sonho e De tudo que há, ou mais críticos como em Os dinossauros estão entre nós. A faixa Tempestade vem com uma proposta metafísica e vocalizações caprichadas. A Pingüim de geladeira mostra uma bem-humorada salada literal. Luz amarela tem ritmo marcado e contagiante. Em De tudo que há, um fraseado de arco em contrabaixo acústico dá o toque no clima melancólico. A canção A verdade é o dia de hoje traz um refrão pop com lições de vida. Na faixa título do disco Artimanhas, o trompete de Betinho Scopel dá o tom para acomodar a poesia provocante do compositor, personagem eternamente apaixonado.
Le Daros divide os arranjos com Éder Bergozza, parceiro musical também para programação eletrônica e teclados. Fábio Alves comanda o balanço com baixos acústico, elétrico e fretless. As guitarras estão distribuídas entre Lázaro Nascimento e Kiko Fávero. Maurício Meinert gravou a bateria de três faixas. Roberto Scopel traz o trompete e o flugelhorn. Vaney Berttoto embala a percussão. Os vocais de apoio ficam com Roberto Niederauer, Siane Salvador, Maikol Nora e Rafa Gubert.
O disco tem design gráfico de Marcos Malacarne, mas a concepção do ícone ¿chave-usb¿ (espécie de elemento de transferência de dados), é do próprio compositor. A foto da capa é de Júlio Soares/Objetiva. O projeto ¿Artimanhas¿ foi financiado pelo sistema Fundoprocultura de Caxias do Sul.
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