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Vocalista e guitarrista do Djangos, Marco Homobono lança trabalho solo
Publicado em 05/05/2017

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Cria da cena alternativa carioca dos anos 1990, o músico se reinventa artisticamente e aposta em um simbólico EP batizado com sua data de nascimento

Por Kamille Viola, do Rio

Nos anos 90, o Rio de Janeiro tinha uma efervescente cena musical independente, de onde viriam a despontar para o público nomes como Planet Hemp e O Rappa. Um dos expoentes daquela turma, o vocalista, guitarrista e letrista Marco Homobono, da banda Kamundjangos (hoje Djangos), viu a onda passar, virar marola, e, apesar das dificuldades, seguiu. Por diversas vezes, chegou a se questionar sobre continuar fazendo música. Até que dois acontecimentos duros viraram seu mundo de cabeça para baixo. Renascido, decidiu botar a mão na massa outra vez e agora lança agora seu primeiro trabalho solo, o EP “21 de março de 1973”, batizado com sua data de nascimento, o que não deixa de ser um tanto simbólico.

O grupo de Homobono, àquela altura chamado Los Djangos, chegou a ter um disco lançado por uma grande gravadora, a WEA, “Raiva Contra o Oba Oba” (1997), produzido por João Barone e Tom Capone. Em 2001, no entanto, acabaram dispensados. "Meus amigos músicos quase todos sofrem de uma nostalgia em relação àquele tempo. Tínhamos muito mais lugares e, evidentemente, muito mais público. Mas, em se tratando de produzir música e querer executar isso ao vivo, há vários obstáculos a serem enfrentados, hoje e sempre. Quantos eram ativos nos anos 90 e que hoje ousam fazer isso? A vida prática serviu de peneira para muitos artistas, que tiveram que largar a música e foram fazer outras coisas. De maneira geral, a música sofre com a desvalorização da cultura que as políticas públicas e uma certa mentalidade tacanha insistem em apregoar", lamenta ele, nascido Marco Antonio Mourão Emiliano de Sousa — o sobrenome artístico é homenagem a Antonino Homobono, desenhista que conheceu pela finada revista “Mad”.

Antes de lançar o EP, que tem seis faixas, Marco chegou a divulgar três músicas sob o pseudônimo Minha Pequena Soundsystem. Uma fase difícil em sua vida levou o artista a decidir assinar apenas Homobono. "Dois mil e quinze foi um ano crucial para mim. Enfrentei a morte da minha mãe e uma separação, e isso me tirou totalmente da minha zona de conforto. Creio até ter sofrido uma depressão. O lado bom disso foi que, ao passar por esse processo, caiu uma espécie de véu que esteve à minha frente o tempo todo. Aí, eu me redescobri como pessoa, como músico e artista, experimentando uma autoestima que eu nunca tive. Isso me fez descartar a coisa de estar inserido numa banda, apesar de eu adorar ser integrante de uma", revela. "Então, desisti de me lançar como integrante da Minha Pequena Soundsystem e assumi meu nome, no caso, meu pseudônimo, Homobono. Mais do que nunca, eu estava colocando minha cara a tapa."

As aventuras solo começaram com o que ele chama de brincadeiras caseiras em 2007, quando o Djangos iniciava a gravação de seu segundo disco, “Mundodifusão” (lançado em 2010). Ou seja: foram dez anos até ele finalmente botar o trabalho na rua. "Desde essa época, eu já vinha compondo coisas que não cabiam na minha banda original e que me divertiam muito. Esse processo de gravar em casa me proporcionou momentos lúdicos muito intensos, e aquilo foi tomando forma, e eu fui ganhando mais confiança, cada vez mais, e aprendendo um mínimo sobre pré-produção. Isso me permitiu gravar minhas bases todas em casa e levar as tracks para o estúdio dos amigos e poder mixar com mais recursos e técnicas", lembra ele, que produziu o disco e contou com Jomar Schrank na produção e mixagem de algumas faixas e Fábio Brasil, baterista do Detonautas, na mixagem de outras e masterização do EP.

Fã da Legião Urbana, do punk ("o 'do it yourself' foi um dos maiores acontecimentos desse planeta", diz), de bandas como The Clash e Mano Negra, de rap e de global ghettotech, ele buscou no trabalho caminhos que não explorava com a banda. "Acho que o meu projeto solo é muito mais eletrônico — ao vivo eu toco sem bateria, só beats —, e as letras e temas podem ser totalmente livres, biográficas, sei lá. Os Djangos têm uma veia mais agressiva, com mais distorção e peso, com letras mais globais. Mas essa é uma percepção muito subjetiva e sujeita a recortes pessoais", analisa Homobono, que revela o desejo de gravar um terceiro disco com o grupo. "Algo 'back to the roots', com muito ska e metais. Mas é apenas uma ideia. Temos que ver a verba e a disponibilidade de todos, né?", deixa no ar.

 


 

 



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