Ana Cañas participa da gravação do programa Faro, em São Paulo, e sinaliza mais um passo tímido no retorno à 'normalidade'
De São Paulo
Ana Cañas: pocket show ao vivo duas semanas depois de voltar ao palco do Bourbon Street com público limitado. Foto: Marcus Steinmeyer
Se, nos palcos, a retomada do contato de sempre entre artistas e público ainda não será para já, em outros contextos a "normalidade" vai voltando aos poucos. Um show de Ana Cañas, no próximo dia 5 de agosto, às 22h, nos estúdios da Nova Brasil FM, em São Paulo, marcará a retomada dos programas ao vivo da maior rede de emissoras de rádio dedicada à música brasileira. Será durante o programa Faro, da jornalista Fabiane Pereira.
Ana, que, em tempos pandêmicos, ainda não conseguiu entrar em turnê para apresentar seu mais recente disco – um tributo a Belchior –, poderá sentir o gosto de uma apresentação ao vivo, ainda que marcada pela distância. Um passo a mais que se soma à emoção dela, há duas semanas, durante um show com público limitado no Bourbon Street, em São Paulo, primeiro do tipo que realizou em muitos meses.
“A essência do rádio é o ao vivo. Estou feliz em voltar a apresentar, após um ano e meio, um programa ao vivo, com uma artista que eu admiro muitíssimo. O rádio é um dos principais veículos de comunicação do país, ele chega a lugares aos quais, muitas vezes, nem a internet nem a TV chegam. É fundamental que o rádio abrace a nova produção musical contemporânea e ajude o mercado a se recuperar da paralisia”, define Fabiane Pereira.
Programas como o dela, que recebem nos estúdios artistas para entrevistas e pocket shows, vêm sendo gravados via videoconferência, o que torna tudo um pouco mais frio. A melhora paulatina no cenário da pandemia no país torna possível a retomada. “O Faro será o primeiro programa da rádio a receber um convidado musical ao vivo depois de quase 18 meses de restrições severas relacionadas a circulação. Nossa intenção é ampliar, aos poucos, essa rotina e a entrega de conteúdo nas plataformas digitais”, reforça Danilo Fuin, diretor-executivo da marca Nova Brasil.
Para que o encontro presencial seja possível, a rádio argumenta que seguirá as diretrizes da Secretaria de Saúde de São Paulo. Ou seja, distância entre apresentadora e estrela, uso de máscara e gel todo o tempo. Só assim será possível que o programa chegue a mais de 400 cidades e possa ser ouvido pelo público de todo o país através da internet.
Como mostramos no início desta semana aqui no site, o cenário de shows, enquanto isso, permanece indefinido. Casas como o Cine Theatro Brasil Vallourec, em Belo Horizonte, já vêm promovendo apresentações marcadas por grandes restrições, o que inclui limitação de público a 50% da capacidade, distanciamento social, uso de álcool em gel, controle de filas para validação de ingressos e uso de máscara obrigatório.
Já o mítico Circo Voador, no Rio de Janeiro, por exemplo, permanece fechado desde março de 2020. Para Alexandre Rossi, programador da casa, há uma possibilidade de que os shows retornem no segundo semestre, mas sem garantias. "Temos shows marcados entre outubro e abril de 2022, mas tudo 'a lápis'; a gente sabe que isso só vai acontecer quando for 100% seguro e se as diretrizes oficiais chegarem a tempo de nos programarmos para isso. Por um lado, temos esperança que boa parte dos adultos esteja duplamente vacinada até outubro; por outro, não sabemos se uma variante (do vírus) pode atrasar este planejamento."
Portanto, a retomada das gravações no rádio e as experiências com público limitado são mais do que passos tímidos – por ora, são quase tudo o que os artistas têm.
LEIA MAIS: Estudo na Espanha mostra caminho para a retomada dos shows
LEIA MAIS: Fabiane Pereira apresenta um projeto para re(unir) Brasil e Portugal