"Carrossel" é uma coletânea de contos e poesias que refletem as inquietudes do escritor e compositor
Do Rio
Foto de Miguel Sá
Um dos mais respeitados letristas e compositores da MPB, com criações para artistas do naipe de Roberto Carlos, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Herbert Vianna, Ivete Sangalo e Chitãozinho & Xororó, Paulo Sergio Valle mergulha mais uma vez na sua faceta literária. Depois de dois anos reunindo e lapidando histórias, ele lança seu oitavo livro, "Carrossel", uma coletânea de contos — com alguns poemas — que dão uma boa ideia das inquietudes de um artista plural. Ponto de partida, o conto-título é, como ele diz, uma metáfora da vida e da passagem do tempo.
"Era para ser um romance, é um conto bem grande. Depois vi que, se me estendesse muito, ia prejudicar a história. Então, resolvi acrescentar outros contos, todos eles livremente inspirados em histórias reais, de gente que conheço. Mudei os nomes e acrescentei um toque de ficção, como sempre faço", diz o compositor e escritor, que é diretor-presidente da UBC.
De acordo com Paulo Sergio, o longo processo de gestão da obra, publicada pela Litteris Editora, lhe permitiu chegar à forma exata em que queria contar essas histórias.
"O único capítulo que tem poesia, e que é pequeno, diz respeito a um cara que eu conheci no metrô do Rio, indo para o Centro. Ele ia me contando histórias da vida dele, de lugares em que esteve. Era aposentado e estava fazendo aquele trajeto para se lembrar do tempo em que ia todos os dias trabalhar no Centro. Transformei em poesia as histórias dele: seis ou oito", descreve o autor, um especialista na arte de usar passagens do cotidiano como gancho para suas histórias recheadas de lirismo e bom humor — e que, entre seus livros publicados, tem dois romances.
Para marcar a diferença entre o Paulo Sergio compositor e o escritor, ele só faz referência à música em um dos contos. "Andança" é a história de uma moça apaixonada pela célebre canção de Danilo Caymmi, Edmundo Souto e Paulinho Tapajós:
"Talvez seja mesmo o único ponto de contato com a música. Até porque o processo de escrita é completamente diferente. Enquanto uma canção você precisa entregar em, no máximo, uns dez dias, porque o intérprete está esperando por ela, o livro tem o seu próprio tempo. Este eu acho que foi o meu recorde, dois anos para concluí-lo. Você vai lapidando, tira uma coisa, acrescenta outra, uma construção muito gostosa."
A noite de autógrafos será já nesta segunda-feira (26), das 19h às 22h, na Livraria da Travessa, no Shopping Leblon, no Rio de Janeiro. Um empolgado Paulo Sergio convida os amigos — e os amantes da boa literatura — para irem até lá:
"A literatura me seduz muito, tanto quanto a música, sem dúvida. O objetivo é muito diferente, os tempos são diferentes, a mecânica. Mas é igualmente compensadora. Para mim, escrever um livro é tão importante quanto fazer música", conclui.
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