Instagram Feed

ubcmusica

No

cias

Notícias

Gerações se unem em festa para Alceu no Prêmio UBC 2022
Publicado em 08/11/2022

Ney Matogrosso, Silva, Marina Sena, Duda Beat, Saulo, Bala Desejo, Juliana Linhares, Almério e Martins participaram da homenagem

Por Akemy Morimoto, do Rio 

Fotos de Miguel Sá 

Alceu cercado de alguns dos artistas que cantaram versões de hits seus, terça-feira (8), na Casa UBC, no Rio

Depois de um hiato de dois anos devido à pandemia, a Casa UBC, no Rio, voltou a ser o palco presencial do Prêmio do Compositor Brasileiro, também conhecido como Prêmio UBC. Na noite de terça-feira (8), todas as homenagens foram para o mestre Alceu Valença, que recebeu amigos e viu como alguns de seus hits ganharam releituras nas vozes de astros do calibre de Ney Matogrosso, Silva, Marina Sena, Duda Beat e Saulo. A direção artística da festa foi de Zé Ricardo, curador do Palco Sunset e do Espaço Favela do Rock in Rio.

Nem a noite chuvosa na capital fluminense foi capaz de esfriar o clima festivo. Ainda na entrada, a recepção calorosa proporcionada pelos funcionários da UBC (voluntários na organização da festa) — além de uma banda de marchinhas que tocava canções de Alceu entre um boneco de Olinda com representação do homenageado e outros elementos carnavalescos — já animava o público. Dentro da Casa, a ambientação ficou por conta da decoração da diretora de arte e cenógrafa Suzana Lacevitz, que convidava o público presente a mergulhar em uma instalação de fitas de cetim, lâmpadas e outras referências ligadas ao universo estético de Alceu.  

Entre os muitos nomes do mercado, estiveram presentes Fernando Lobo, diretor de supervisão e produção musical da Globo; Aloysio Reis, presidente da Sony Music Publishing Brasil; Marcel Klemm, diretor geral da editora Warner Chappell; Marcelo Falcão, presidente da Universal Music Publishing Brasil e também diretor da UBC; Isabel Amorim, superintendente do Ecad, bem como os compositores e diretores da UBC Paulo Sérgio Valle (diretor presidente), Antonio Cicero, Geraldo Vianna, Manno Goes e Paula Lima. Logo de cara, eles puderam se emocionar com a exibição de um cordel em vídeo sobre a vída e a obra de Alceu. Composto por Mari Bigio e editado por Flávia Marcatti, o trabalho, aliás, deixou o homenageado com os olhos marejados.

VEJA MAIS: O cordel na íntegra 

Apresentada por Juliana Linhares, que também cantou a canção “Na Primeira Manhã”, a festa foi um equilíbrio entre diversão e emoção. Alceu faz parte da vida da artista potiguar há tanto tempo que ela teve dificuldade de definir quando se tornou uma fã assídua do pernambucano: 

“Talvez eu só tenha entendido que o Alceu era uma referência na minha vida com uns 17 anos. Antes disso ele era a música ‘de casa’. A gente ouvia demais Alceu. Eu o amava, mas não entendi que era uma referência para mim. Isso aconteceu quando comecei a entender a música de uma outra maneira.”

Juliana Linhares

A também pernambucana Duda Beat fez uma impecável apresentação de “La Belle de Jour”. Ao final, olhando para Alceu, se derreteu: 

“Eu sou muito sua fã! É uma honra cantar aqui na sua frente. Você abriu portas para mim e para tantos outros compositores pernambucanos. Eu fico muito emocionada de estar aqui hoje cantando essa música, que lembra a minha infância, com os meus pais, em Recife. Você é o nosso mestre. Obrigada, UBC!” 

Duda Beat

Em seguida, foi a vez de Ney Matogrosso subir ao palco para cantar “Cheiro de Saudade” e hipnotizar o público com mais uma de suas interpretações tão cheias de personalidade.

Ney Matogrosso

Já Silva escolheu a música “Táxi Lunar". Com toda a sua sutileza e delicadeza, o capixaba que afirma ter influência de Alceu em seu sangue foi certeiro — e teve como retorno a aclamação dos convidados presentes. 

“Eu nunca tinha cantado essa música. Mas é aquela coisa que já está na nossa cabeça, né? É um clássico. Amei ensaiar e decorar. Esse flerte de xote com reggae, essa brincadeira que fiz aqui ficou muito bonita, combinou com a minha voz... Parece que faz tudo valer a pena, a carreira, a ideia de ser músico, a ideia de cantar...”, contou o artista. 

Silva

Logo depois, subiu ao palco o único dueto da noite, realizado por Almério e Martins. A dupla cantou a música “Solidão”, uma escolha que rendeu aplausos dos presentes em cena aberta. 

“Sou fã de Alceu porque ele é um gênio. Só tenho gratidão por esse mestre”, afirmou Martins, emocionado. 

Almério, pernambucano de Altinho, cidade às margens do Rio Una — mesmo curso de água que corta São Bento do Una, terra natal de Alceu — contou um segredo no palco, ao final da performance, arrancando risos e ainda mais aplausos: 

“Eu engoli a água do Rio Una todinha pra cantar pro senhor.” 

Almério e Martins

A seguir, foi o momento de Marina Sena cantar “Como Dois Animais”. Antes de apresentação, a artista já havia revelado que ensaiou a performance no quarto do hotel e ficou nervosa em pensar que Alceu estaria assistindo. No palco, porém, a mineira não deixou o nervosismo transparecer e brilhou. 

“Alceu com certeza está entre as pessoas que fizeram mais hits no Brasil... Acho que norteia todo mundo. Ele ensinou como ser popular e, ao mesmo tempo, ter muito conteúdo”, declarou Marina. 

Marina Sena

A banda Bala Desejo, então, se encarregou de embalar a noite com o hit “Morena Tropicana”. O quarteto formado por Zé Ibarra, Júlia Mestre, Dora Morelenbaum e Lucas Nunes colocou o público para cantar em coro o famoso refrão. 

“A galera às vezes quer pegar um lado B, mas o hit é o hit. É aquela melodia que nos habita desde antes de a gente se descobrir. Então, é muito bonito entoar”, resumiu Ibarra. 

Bala Desejo

O último a se apresentar foi Saulo, que cantou “Coração Bobo”. Ele subiu ao palco fazendo sinais de que o coração estava batendo forte, assim como diz a letra da música. 

“Fiquei nervoso. A essas coisas muito grandes eu não vou me acostumar nunca. Tanta gente, tantos artistas incríveis. Me sinto privilegiado. Depois vou falar pra minha mãe que homenageei Alceu”, riu o artista baiano. 

Alceu e Saulo, abraçados, num momento do show

O momento de maior emoção do evento, claro, ficou por último. Os diretores da UBC Paula Lima e Manno Góes entregaram o troféu do Prêmio do Compositor Brasileiro para Alceu Valença, que lembrou no seu discurso a importância dos direitos dos compositores.  

“Estamos todos juntos na UBC. Precisamos sempre ver os direitos que nós, artistas, compositores, temos. Todos unidos, porque a causa é nossa. Viva todos aqueles que fazem parte da UBC, os dirigentes e também nós, que somos associados”, concluiu o homenageado. 

Depois, seguindo a tradição das outras edições da festa, o pernambucano cantou o hino imortal “Anunciação” ao lado de todos os artistas que o homenagearam. Quem não havia se emocionado, naquele momento, não conseguiu se conter. Ney Matogrosso, Silva, Marina Sena, Duda Beat, Saulo, Bala Desejo, Juliana Linhares, Almério e Martins cantaram em coro, regidos por Alceu, num momento único e irrepetível.

Alceu entre os diretores da UBC Manno Goes e Paula Lima e o gerente Márcio Ferreira, com o prêmio em mãos

Autor de 311 canções registradas na UBC, Alceu Valença fez do seu cancioneiro uma verdadeira enciclopédia de sonoridades, expressões artísticas e estéticas da música nordestina, especialmente a pernambucana. Sua obra não apenas reuniu, mas apresentou a boa parte do Brasil elementos de frevo, maracatu, baião, cocos e repentes. Alceu construiu um estilo ao mesmo tempo simples e sofisticado, levando para o mundo a diversidade da cultura brasileira.  

No ano em que a UBC completa oito décadas de existência, sempre mesclando tradição e modernidade, a festa de entrega do prêmio foi o clímax das celebrações.

“O Prêmio UBC representa o reconhecimento do trabalho do autor, da relevância de seu papel na construção do mercado da música. Esta autoridade é muitas vezes esquecida ou negligenciada. Continuamos, no entorno digital, lutando para que os créditos dos compositores sejam divulgados nas plataformas. O autor é o princípio de tudo.  Este Prêmio é para valorizar a obra do compositor brasileiro, e este ano temos a honra de homenagear Alceu Valença. Sua obra segue mais contemporânea do que nunca, mais futurista que nunca. E tem uma brejeirice brasileira que a faz única e singular“, afirmou o diretor-executivo da UBC, Marcelo Castello Branco. 

Em breve, todas as apresentações estarão disponíveis no canal da UBC no YouTube. Fique ligado nas nossas redes sociais. 

LEIA MAIS: Alceu Valença, menestrel de mundos


 

 



Voltar