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Maria Cecília e Rodolfo: 15 anos de mercado sertanejo em transformação
Publicado em 28/04/2023

Dupla grava DVD de celebração de aniversário, e repertório reflete as fusões e a mudança estética que eles ajudaram a construir

Por Laura Miranda, de Campo Grande

Fotos de Rubens Cerqueira

Em 2008, quando lançou o single “Você de Volta”, a dupla Maria Cecília e Rodolfo dava seus primeiros passos no então fortíssimo sertanejo universitário de Campo Grande. As letras sobre festas, estilo de vida urbano e hedonista, amores e desamores — comuns ainda hoje — já estavam lá. Mas as bases sonoras da cena ainda tinham uma vinculação forte com as raízes rurais. Nesta quarta-feira (26), eles gravaram na Galeria de Artes Caravaggio, em Belo Horizonte, o DVD comemorativo dos seus 15 anos de carreira. E o que entregaram não foi só uma volta nostálgica àquele momento. A enorme transformação sonora do sertanejo, que se acelerou e fundiu a gêneros variadíssimos como forró e funk, convertendo-se no eixo central do mainstream brasileiro, se viu refletida no show.

Nesta década e meia, o único casal entre os grandes nomes do sertanejo não só testemunhou a incrível mudança estética e mercadológica do sertanejo. Também ajudou a construí-la.

Entre as 15 faixas que gravaram esta semana — incluídas releituras de sucessos e novas composições —, uma teve destaque particular. “Meus Meninos”, criada para os filhos deles, Pedro e Martín, foi um dos momentos mais emocionantes da noite exclusiva para convidados. Que foi produzida com capricho, com direito a palco móvel de 360 graus e as iniciais dos nomes de ambos em destaque na decoração.

Duplas e artistas com os quais eles têm forte vinculação artística e afetiva, como João Bosco e Vinícius, Guilherme e Benuto, Lauana Prado, Israel e Rodolffo e Day e Lara, participaram. O DVD resgata ainda a parceria de sucesso entre os artistas e o produtor musical Ivan Miyazato, um dos responsáveis pela identidade musical tão singular que carregam, como nos álbuns “Ao Vivo em Goiânia”, “Ao Vivo em São Paulo” e “Com Você”. A direção executiva do projeto é dos empresários Rafael Kinock e Luiz Montoya. 

“Todo DVD é um filho. É parte da nossa história contada através das músicas. A escolha de repertório é um desafio, porque existe uma qualidade de bons compositores muito grande no mercado. A vontade mesmo é gravar 30, 40 músicas”, disse Rodolfo, aludindo à conhecida abertura que a dupla tem para novos talentos da criação.

Hoje, o fato de ainda serem um dos poucos projetos formados por homem e mulher os diferencia. E o sucesso colhido acabou atraindo respeito. Mas o início não foi fácil.

“Percorremos um caminho mais difícil, até porque é complicado iniciar na contramão do mercado, como aconteceu conosco”, afirmou Maria Cecília. “Entendemos que o que prevalece é a verdade, e a buscamos ao longo destes 15 anos. Alma, verdade e amor.”

Momento da gravação do DVD, com os parceiros e amigos Israel e Rodolffo

Dos bancos da universidade onde se conheceram em Campo Grande, os dois tiveram uma expressiva ascensão na cena sertaneja. Do primeiro álbum ao vivo, o hit “Você de Volta” já ocupou o topo das paradas. E se seguiram outros sucessos, como “Coisas Esotéricas”, “A Fila Andou”, “Tchau Tchau”, “Quem Ama Cuida” e “Os Dias Vão”. Desde então, eles somam números e marcas que impressionam: 10 milhões de discos vendidos, álbuns de platina e de ouro, mais de 5 milhões de seguidores nas redes sociais, meio milhão de ouvintes mensais no Spotify, quase 200 milhões de visualizações dos seus vídeos no YouTube.

“O mercado sertanejo merecidamente se fundiu a vários gêneros e, com ele, vieram novos artistas, de excelente qualidade. Prova disso também está no nosso DVD: artistas que estouraram no mesmo período que a gente, artistas que vieram depois. Nos sentimos bem gratos e felizes por viver da música e, acima de tudo, para a música”, descreveu Rodolfo.

Maria Cecília fez coro com ele:

“O mercado sertanejo sempre foi merecedor de tudo o que está colhendo hoje. Sem dúvidas, o gênero se tornou popular graças ao trabalho daqueles que vieram antes de nós, da luta de tantos talentos que persistiram para que tivéssemos essa abertura. Não digo que melhorou, porque qualidade nunca faltou, nem em termos de música, nem de produtores, nem de artistas. Mas se popularizou, e isso é maravilhoso.”

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