Cofundador da RPM, ele deixa um legado de mais de 160 composições, entre elas megahits do rock nacional
De São Paulo
O tecladista e compositor Luiz Schiavon. Foto: reprodução/redes sociais
A música brasileira perdeu nesta quinta-feira o tecladista e compositor Luiz Schiavon, aos 64 anos. Autor ou coautor de mais de 160 obras registradas no banco de dados da UBC, ele foi um prolífico artista do rock e do pop, conhecido nacionalmente como cofundador do grupo RPM. Há quatro anos, Schiavon foi diagnosticado com uma doença autoimune e sofreu várias internações por conta dela. A última delas foi esta semana. Ele teve complicações durante uma cirurgia no Hospital São Luiz, em Osasco (SP), e não resistiu nesta madrugada.
Na semana passada, o artista, que seguia mais do que ativo na carreira, lançou com companheiros da atual formação do RPM um novo single, “Promessas”, composição dele e de Fernando Deluqui. Um comunicado difundido pela família mencionou o legado musical deixado por Schiavon.
"Esperamos que lembrem-se dele com a maestria e a energia da sua música, um legado que ele nos deixou de presente e que continuará vivo em nossos corações. Despeçam-se, ouvindo seus acordes, fazendo homenagens nas redes sociais, revistas e jornais, ou simplesmente lembrando dele com carinho, o mesmo carinho que ele sempre teve com todos aqueles que conviveram com ele", diz um trecho.
Coautor, ao lado de Paulo Ricardo, de “Olhar 43”, “Loura Geladas”, “Rádio Pirata” e “Revoluções Por Minuto”, entre inúmeros outros hits da RPM, Luiz Schiavon é considerado um dos mentores sonoros da estética que levou a banda a se tornar uma das mais bem-sucedidas do BRock dos anos 1980. Somente desde a fundação, há exatos 40 anos, até a primeira dissolução, em 1987, foram dois álbuns - “Revoluções Por Minuto” e “Rádio Pirata Ao Vivo” - lançados e mais de 5 milhões de cópias vendidas, tornando a RPM a banda de maior vendagem no país até então.
Ao longo dos anos, com diferentes formações, a banda se reagrupou, lançou novos discos e, na mais recente reorganização, em 2011, Schiavon voltou a integrá-la. Antes, e ao longo de décadas, ele investiu fortemente na composição de trilhas sonoras — tendo criado música original para produções como as telenovelas “O Rei do Gado”, “Terra Nostra”, “Cabocla” e “Esperança”, entre outras. Na década de 2000, foi ainda diretor musical do programa Domingão do Faustão, da TV Globo.
Há três dias, a banda havia publicado um vídeo de um show em Muzambinho (MG). No texto do post, os integrantes diziam torcer para que Luiz Schiavon se recuperasse plenamente e voltasse aos trabalhos "o mais breve possível". A volta dele aos palcos havia sido relativamente recente, em novembro de 2022, já que esteve afastado por um ano e meio depois do diagnóstico da sua doença, cujo nome nunca foi revelado. Na ocasião, o integrante da formação original do RPM foi às lágrimas e agradeceu o carinho do público.
E esse carinho era mesmo constante. Nas palavras da família no comunicado em que se anuncia a partida do músico, "Luiz era, na sua figura pública, maestro, compositor, fundador e tecladista do RPM, mas, acima de tudo isso, um bom filho, sobrinho, marido, pai e amigo." A cerimônia de despedida, nesta quinta-feira, será reservada apenas a pessoas próximas.
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